No fim de uma tarde tranquila e no meio de um balouçar ritmado que Pacífico Sul imprime ao Thor VI, um guincho agudo do carreto do Uli acordou-nos da pasmaceira em que estavamos. Algo de anormal se passava e era um peixe arreliado com a amostra que o meu parceiro tinha posto no fim da linha. Toda a genteb aos saltos o Uli com a sua agilidade consegue chegar ao carreto, mas sem óculos (e sem eles não vê literalmente nada), tenta travar o carreto e entretanto eu vejo a cerca de 50 metros do barco um espadarte (blue merlin) que nos brindou - a mim porque o desesperado do Uli nem o peixe viu - com 3 enormes saltos. Um espectáculo espantoso, uma cena inolvidável de um animal a lutar pela vida. Coitado mal sabia ele que daqui nenhum mal lhe aconteceria, porque depois desta agitação toda o Uli encontrou os óculos, o espadarte soltou-se e desapareceu e a linha que nem sequer partiu, ficou solta para desespero do Uli cujo principal desejo era ter uma foto com um peixe para mostrar aos filhos. Mais uma que não entendo porque me disse que nas Las Perlas tinha apanhado um atum bonito grande mas afinal, nessa altura, ou não havia foto ou não havia peixe. Depois disto a calma voltou, o balouço estabilizou e o Thor VI lá continua rumo às Marquesas com 131 milhas feitas nas ultimas 24 horas ( o que dá uma velocidade média de cerca de 5,5 nós) e com cerca de 138 milhas para fazer o que nos dará para "aterrar" em Hiva Oa amanhã pela manhã na hora local (menos 9,5 horas que em Lisboa/UTC), ou a meio da manhã pela hora de Galápagos (menos 6 horas) ou ao fim da tarde pela hora de Lisboa/UTC. Perceberam? Pois, é complicado mas tudo indica que chegamos amanhã, finalmente. Até lá beijinhos e abraços dos mares do Sul. Thor VI over and out
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