segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Brs 05

Fomos passar o fim de semana fora do barco e fora de Salvador. Fomos para o Morro de São Paul localizado num arquipélago, é uma pequena vila com praias paradisíacas cheias de coqueiros,  águas puras e cristalinas e povoado por pessoas simpáticas e hospitaleiras. Aqui só se pode chegar de barco – cerca de 3 horas de catamaran desde Salvador -  ou avião – táxi aéreo - já que não há carros mas há “ táxi” que são carrinhos de mão que os elementos da “Associação dos Transportadores do Morro de São Paulo” usam para transportar as nossas bagagens do cais de chegada dos barcos até às diferentes pousadas.  No Morro tudo pode ser alcançado à pé e com pouco tempo de caminhada, onde “quase” não há poluição, nem o barulho de buzinas (mas há alguns aparelhos de som dispensáveis) e sem o stress das grandes cidades. É uma  vila pequena e aconchegante com um charme único sendo um lugar quase perfeito para relaxar, descansar e renovar as energias mas, ao mesmo tempo cheia  de vida, colorida e vibrante.  A rua Caminho da Praia -  como o seu nome indica, é a rua que leva às principais praias - e a praça Aureliano Lima compõem a parte principal da vila sendo aqui o ponto de encontro à noite, onde todo mundo vai "para ver e ser visto”. Nesta rua, os bares, restaurantes e lojinhas são porta sim porta sim e à noite ainda têm a companhia de coloridas barracas de “caipifruta”, sendo impressionante a imaginação desta gente para fazer as mais diversas bebidas com frutas tropicais.
Chegámos na 6ª feiras instalámo-nos numa pousada-fazenda fora do bulicio do centro da vila. No Sábado  fizemos uma volta à ilha de Tinharé que incluiu uma paragem na piscina natural de Garapuá (cerca de 30º no ar e 28º no mar, um paraíso), um almoço na praia de Cueira – no Guido´s cuja especialidade é um petisco de lagosta – a visita da ilha de Boipeba e ao Convento de Santo Antonio na ilha de Cairu a segunda cidade mais antiga do Brasil depois de Porto Seguro. Cairu é o único município-arquipélago brasileiro (formado por 26 ilhas), foi criado em 1608 com o nome de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairu. Um local cheio de história e cultura portuguesa. No Domingo regressámos a Salvador ao fim da tarde com as baterias carregadas e cheio de esperança na resolução os problemas pendentes. Neste momento somos o único barco da frota WARC aqui em Salvador , o Destiny saiu hoje de manhã, e o Recife espera-nos.  Espero que o texto esteja de acordo com o acordo. Oi galera se cuida viu.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Brs 04

O homem põe e o azar, a incompetência ou a "malandragem" dispõe. É o que me está a acontecer, pois as peças para o Thor e que deveriam ter chegado ontem - e garantiram-me isso ainda hoje de manhã - afinal estão em Miami por causa de uma confusão qualquer de papeis ou lá o que foi ! E isto tirou-me do sério mas ao fim e ao cabo eu estou nas mãos deles, logo não há nada a fazer a não ser esperar por Domingo, dia do próximo avião. Assim sendo a nossa saída está, agora prevista, para 3ª feira 01Mar o que vai dar para abusar da hospitalidade dos meus amigos e, se as coisas não correrem bem ainda vou acabar por passar o Carnaval no mar! E esta hem?. Foi um azar isto ter-me acontecido aqui no Brasil que deve ser dos piores locais para resolver este tipo de problemas mas é tudo feito e dito com tanta simpatia! Entretanto está perfeitamente esclarecido o que me aconteceu e quem é o responsável mas vou dar mais algum tempo até perceber como as coisas se vão resolver e ver até que ponto vai o sentido de responsabilidade profissional e de carácter das pessoas envolvidas. Tenho sido o mais cooperante e compreensivo que é possível mas ... talvez esteja a perder tempo, vamos ver. Beijinhos e abraços.

Dayli Log - Brs 03

Foi um fim de semana diferente graças à hospitalidade e simpatia da Berta e do Tozé. Começou com uma "cerimónia militar" (e esta hem?) comemorativa do 223º aniversário do Hospital Geral de Salvador a convite do seu Director Ten. Cor. Med. Ricardo Villanova Freire que tínhamos conhecido no Comando do Porto de Salvador onde tinha acabado de tirar a licença de "arrais amador". Depois no Sábado e antes de uma prainha (com 30º no ar e 28º na água, queriam o quê?) uma visita logística ao mercado de Itapauã uma antiga e simples vila de pescadores que se tornou conhecida com a chegada do Vinicius de Moraes e que hoje é um povoado subúrbio de Salvador. O mercado é fantástico com as cores e os odores das frutas tropicais. Uma beleza para a vista! Depois a oportunidade de fazer amigos novos bem simpáticos e hospitaleiros que, para além de me tornaram o fim de semana bem simpático, deu para me dar a conhecer novas visões politicas, económicas e sociais deste país. Muito interessante. Entretanto a febre do Carnaval começa a subir os preparativos e treinos estão em fase avançada e dá para perceber a fantástica festa que aí vem e o tremendo negócio que o Carnaval representa. É impressionante a capacidade do brasileiro para fazer "mais um dinheirinho". 
Entretanto conheci mais um amigo novo, João Jorge Peralta, português natural de Vagosque vive em São Paulo há mais de 50 anos e que é também navegador - o barco dele está aqui na marina no pontão em frente - e que simpaticamente me tem alertado para algumas coisas bonitas e relacionadas com a cultura e história portuguesa. Escreve ele sobre a Igreja de São Francisco:
A Igreja de São Francisco e o anexo Convento de São Francisco, no Centro Histórico de Salvador, é um dos grandes momentos da arquitectura religiosa do Brasil e de todo o mundo. É um dos muitos monumentos históricos da nossa riquíssima herança colonial, obras grandiosas construídas de norte a sul de nosso grande país. Em Salvador reza a tradição que existem 365 igrejas, uma para cada dia do ano. Não é folclore. Conversando com uma monitora de turismo, aluna do último ano do Curso Superior de Turismo de uma faculdade soteropolitana, ela me disse que foi feito recentemente um inventário de todas as Igrejas (católicas, portanto excluídas as protestantes). Existem na cidade 372 templos, incluídas capelas (templos menores, não paróquias). Fantástico! Interessante, muito interessante: o fato revela não apenas o espírito religioso do povo e de suas autoridades, mas também preocupações e vivências comunitárias. Os templos eram lugares de culto, mas eram também locais de encontro e de convivência social, local de festas da comunidade, onde todos os domingo as pessoas da comunidade se reuniam. O nosso passado colonial, a nossa história colonial, tão rica e produtiva, ainda um dia será descoberta por todos os brasileiros, que sentirão grande orgulho de nosso passado e de nossa herança histórica. Mais bela do que a de todos e qualquer um dos países do mundo. Excepto Portugal, claro! Mais informações no link:
E sobre a Casa do Forte Garcia D`Ávila : A Casa do Forte Garcia D'Ávila, ou Castelo de Garcia D'Ávila,  fica no município de Mata de São João, a 85 km de Salvador. Trata-se de importante conjunto arquitetónico, cuja construção começou em 1552 e terminou 72 anos depois. O antigo castelo está em ruinas, a belíssima capela está restaurada. Toda a área tem grande importância para nossa história, e é um dos lugares emblemáticos da Bahia. Garcia D'Ávila veio para o Brasil em 1549 com o fundador de Salvador e  primeiro Governador do Brasil, Tomé de Souza, de quem seria filho natural, e é uma das grandes figura do século XVI. Casos como o do Castelo Garcia D'Ávila, as belíssimas igrejas, catedrais e basílicas, erigidas como locais de culto e de convivência social - esta uma função tão importante como aquela, os edifícios públicos - enfim toda a arquitectura colonial, de norte a sul, tudo isso comprova sobejamente que, ao contrário do que muitos intelectuais brasileiros (intelectuais?) dizem por aqui, os portugueses não vieram para explorar, mas para construir um grande país, e foram bem sucedidos. Um dia o Brasil todo vai descobrir esta verdade, e então ocupará de fato o lugar que lhe foi destinado pela história, e que lhe compete no conserto nas nações.
Beleza. Cuidem-se 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Brs 02

Continuamos em Salvador da Bahia, mas neste último fim de semana fizemos um bocadinho de turismo, deixámos o barco e fomos para o interior, para a zona do recôncavo. O recôncavo baiano é a região geográfica localizada em torno da Baía de Todos-os-Santos, abrangendo não só o litoral mas também toda a região do interior circundante à Baía incluindo a Região Metropolitana de Salvador.
A região é considerada muito rica em petróleo e na agricultura a cana-de-açúcar, mandioca e algumas culturas de frutas tropicais são propícias ao plantio. Esta região foi o berço do samba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda, uma mistura de dança, poesia, música e festa ligado ao culto aos orixás, sendo considerado “Obra Prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade” pela UNESCO bastante divulgado pela família Velloso (originalmente, com dois "l"), de Santo Amaro da Purificação e composta por cantores e escritores, entre eles os irmãos Caetano Veloso e Maria Betânia. O recôncavo baiano é uma região brasileira de enorme influência africana para onde foram trazidos milhares de escravos para trabalharem na produção de cana de açúcar. Um estudo genético confirmou que a maior contribuição genética é a africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). Para além de Salvador, as outras cidades mais importantes são Santo António de Jesus, Candeias, São Francisco do Conde, Madre de Deus, Santo Amaro, Cachoeira, São Félix e Cruz das Almas, tendo nós pernoitado em Cachoeira. Esta está situada nas margens do Rio Paraguaçu, tendo uma população estimada em 31.071 habitantes e com uma área territorial de 398 km².
Cachoeira é uma das cidades baianas que mais preservou a sua identidade cultural e histórica com o passar dos anos, tendo a imponência do seu casario barroco, das igrejas e museus, levado a cidade a alcançar o status de "Cidade Monumento Nacional" e "Cidade Heróica" pela participação decisiva nas lutas pela independência do Brasil. Sendo inicialmente uma região habitada por índios, foi pela iniciativa de duas famílias portuguesas, os Dias Adorno e os Rodrigues Martins, que levou a sua elevação a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário em 1674. Devido à sua localização estratégica, no entroncamento de importantes rotas que se dirigiam ao sertão, ao recôncavo, às minas gerais ou a Salvador, então capital da colónia, começou a prosperar e, em 1698, tornou-se Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira do Paraguaçu, cujo nome advém da sua localização próxima às quedas de água do Rio Paraguaçu. O desenvolvimento do cultivo de cana-de-açúcar, da mineração de ouro no Rio das Contas e a intensificação do tráfico pelas estradas reais e da navegação do Rio Paraguaçu colaboraram para o rápido desenvolvimento económico da região a partir do século XVIII. Já em inícios de 1800 detém grande influência política e participa activamente nas guerras pela Independência da Bahia, em 1821.
Cachoeira é considerada Monumento Nacional pelo Instituto do Património Histórico Artístico e Nacional sendo também a 2ª capital da Bahia, por lei. Todos os anos, no dia 25 de Junho, o governo estadual é transferido para a cidade, num reconhecimento histórico, pelos feitos da cidade ao Brasil.  O apogeu da cidade foi durante os séculos XVIII e XIX, quando seu porto era utilizado para escoamento de grande parte da produção agrícola do recôncavo baiano, principalmente açúcar e fumo, produtos até hoje contemplados no município, em virtude do clima e solo propícios da região. Porém, a economia da cidade entrou em declínio, mas no final do século XX e início do século XXI, com o regresso de empresas para a região, a comunidade local está em recuperação. A significativa presença de africanos e afro descendentes em interacção com europeus de variadas nacionalidades em Cachoeira durante o período da escravidão, é um dos factores que originou a riqueza e diversidade da cultura popular em Cachoeira, encontrando-se presente no sincretismo religioso com forte presença da cultura afro-brasileira e das manifestações do catolicismo.
A cidade hoje é um baluarte cultural dentro do estado da Bahia, demonstrado nos seus inúmeros museus e movimentos populares. Nela é possível ver a riqueza dos detalhes das construções como o prédios da Santa Casa (1734), a Capela de Santa Bárbara, o Chafariz Imperial (1827), a Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1724), a Matriz Nossa Senhora do Rosário e o sobrado da Irmandade da Boa Morte (grupo remanescente de escravos, composto só de mulheres negras, primeiro terreiro de candomblé do país). No século XIX Cachoeira teve projecção na história política nacional pois dali ecoaram os primeiros gritos contra a opressão portuguesa, visando a criação de um movimento organizado em prol da independência do Brasil. Foi a Câmara Municipal de Cachoeira que, em 1822 proclamou D. Pedro “Príncipe Regente do Brasil”.
De acordo com o historiador Luís Henrique Dias Tavares, no livro “Independência do Brasil na Bahia”, em 22 de Junho de 1822, uma canhoneira portuguesa que protegia o rio Paraguaçu abriu fogo contra o reduto independentista baiano, deixando vários mortos. “Logo após os primeiros tiros da canhoneira começou a luta para silenciar a embarcação de guerra, aprisionar o seu comandante e marujos e desarmar e prender os soldados e os portugueses que haviam feito disparos. Assim começou a guerra pela Independência do Brasil na Bahia”, descreve. Além da importância histórico-política a cidade também é palco de uma das principais manifestações do sincretismo religioso do país e onde surgiu o primeiro terreiro de candomblé.
E foi a um ritual de candomblé que tivemos oportunidade de assistir no Sábado à noite. Candomblé é o designativo para diversos cultos, intitulados "nações" em que há o cultivo dos orixás. Sendo de origem totémica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado "povo do santo", mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. A religião que tem por base a anima (alma) da natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos de África juntamente com seus Orixás/Inquices/Voduns, a sua cultura, e o seu idioma, entre 1549 e 1888. Diz Clarival do Prado Valladares em seu artigo «A Iconologia Africana no Brasil», na Revista Brasileira de Cultura que o «surgimento dos candomblés com posse de terra na periferia das cidades e com a agremiação de crentes e prática de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crónicas a partir do século XVIII». O autor considera difícil para «qualquer historiador descobrir documentos do período anterior directamente relacionados à prática permitida, ou subreptícia, de rituais africanos». O documento mais remoto, segundo ele, seria de autoria de D. Frei António de Guadalupe, Bispo visitador de Minas Gerais em 1726, divulgado nos «Mandamentos ou Capítulos da visita».
O candomblé embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, prosperou durante quatro séculos, e expandiu-se consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos e em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião. Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas - até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras - participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente sendo agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.
Foi uma experiência bem interessante relembrando-me um pouco alguns rituais a que assisti em África já lá vão uns anos. Enfim foram dois dias bem diferentes desta normalidade que é estar aqui na marina em Salvador esperando a chegada das peças necessárias à recuperação do barco. O que aconteceu, porque aconteceu e de quem é a responsabilidade está cada vez mais confuso, mas nós iremos esclarecer tudo muito direitinho porque a náutica de recreio ou "os gajos dos barcos" não pode continuar a ser enganada a torto e a direito. O que se passou comigo é grave mas a seu tempo eu conto. Até lá cuidem-se.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Daylin Log - Brs 01

Uma semana de Salvador! A capital do estado da Baía é uma enorme cidade (3,5 milhões de habitantes) com um calor tropical quase insuportável (e hoje de manhã choveu torrencialmente), com um trânsito pouco menos que caótico, mas umas gentes fantásticas pela simpatia. Principalmente quando se tem problemas esta gente é fantástico de simpatia e de apoio, mas não resolve nada. Salvador é conhecida como a capital da alegria onde se comemora tudo o ano todo, mas onde as grandes atracções são o Carnaval - entrou para o Guiness como a maior festa da rua - e o São João que coincidindo com o período das chuvas no Nordeste marca o final dos tempos de seca e o início da fartura das plantações que começam a dar frutos. Mas o mais importante é que no país do futebol quase tudo acaba em samba e samba, frevo, batucada e axé são apenas alguns dos ritmos gingas e danças que enriquecem as festividades desta região. Ontem à noite fomos - eu o Graham e o Bob do Eowyn - jantar a um restaurante com um show folclórico pois eu tinha ganho um "voucher" como prémio (finalmente deram um prémio útil !). Se a comida não foi nada de especial, já o espectáculo de danças tradicionais brasileiras ao longo da história, foi verdadeiramente bom pelo ritmo, pela coreografia, pela cor e pelo fantástico batuque que faz acelerar as batidas do coração. Foi uma noite bem agradável. Quanto ao resto o Thor continua manco mas vai ter um enrolador novo (o anterior estava bastante danificado e de muito difícil e cara recuperação) que já foi encomendado a Miami porque por aqui não há quase nada de coisa nenhuma ... mas há alegria e simpatia. Beleza. Se cuida viu

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dayli Log - E o Thor VI ...











... Ganhou !! Ganhou o grupo B e a Geral (!) na etapa da travessia do Atlântico Sul. Mais informação em     http://www.worldcruising.com/WORLDARC2010   Jóia. Se cuida viu.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Avarias


Meus amigos as coisas estão mais complicadas Depois de tudo desmontado e analisado concluímos que o que partiu não foi o cabo, mas sim o terminal/olhal que fixa o estai real ao topo do mastro e que partiu a meio. E, o mais grave é apresenta sinais de corrosão na zona de fractura. Ora esta peça que deverá ser Selden foi substituída há pouco mais de um ano em conjunto com o aparelho. O que "parece" ter acontecido foi algum excesso aquando da prensagem para fixar o cabo ao interior deste olhal e que o tenha danificado. Há aqui na frota um engenheiro naval que se interessou por este caso e que me tem ajudado a perceber o que passou e que já viu várias situações destas e todas em resultado de uma prensagem deficiente ou feita por alguém pouco qualificado ou cuidadoso. Claro que vou levar os restos das peças para Lisboa porque alguém vai ter de explicar e responsabilizar-se por isto. Entretanto o enrolador tem alguns danos em resultado da torção que sofreu esperando eu que no início da próxima semana tenha mais detalhes de como posso resolver o problema. Os meus agradecimentos aos que prontamente colaboraram nesta troca de informações e que me ajudaram a compreender o que se passou. Cuidem-se que eu também.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Atl S Final

Com a chegada a Salvador foi concluída a travessia do Atlântico Sul que se caracterizou por uma passagem calma e serena com pouco vento, muito pouco vento que transformou esta maratona, a maior estadia no mar do WARC 2010/11, numa longa e lenta maratona. O Thor VI que se comporta muito bem com ventos fracos cumpriu este trajecto em 24 dias 03 horas e 09 minutos tendo o troço Hout Bay/Sta Helena com 1700 milhas sido feito em 11 dias 03 horas e 02 minutos e as 1900 milhas de Sta Helena/Salvador em 13 dias 00 horas e 07 minutos. Apesar da calma e serenidade da travessia nós tivemos uma avaria grave com a ruptura do estai real o que nos "obrigou" a uma utilização intensa - quase permanente- do parasailor que se mostrou como a vela ideal para estas condições, com ventos fracos e variáveis  muito de popa e sempre no ar sem exigir muito do piloto automático ou da tripulação, coisas que um assimétrico ou um spi radial não conseguem. Foi uma boa travessia e uma grande experiência, para nós. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Atl S 27

E pronto já está. Achámos Salvador! Quando o Sol nasceu estávamos a 50 milhas depois de uma noite calma. Eram cerca das 11:30 quando vislumbrámos os primeiros indícios das terras de Vera Cruz debaixo de um calor infernal. Cerca das 13:00 esses vestígios concretizaram-se e já distinguíamos os edifícios mais altos, estávamos a cerca de 20 milhas. Eram 16 horas e 12 minutos UTC/Lisboa ou 13:12 hora local quando o achamento se concretizou e o Thor VI cruzou a linha de chegada colocada em frente ao farol da barra concluindo esta maratona que foi a travessia do Atlântico Sul. Cerca de 30 minutos depois o Thor, que se portou lindamente, atracava no Centro Náutico da Baía recebido com as caipirinhas da praxe e que bem merecidas elas foram. Depois de um excelente bife como é da tradição, começámos os cuidados devidos ao Thor para que volte ao normal rapidamente. A genoa já está ali no pontão e amanhã vai ser desmontada para analisar melhor o que se passou. Pelo que já vi, o cabo rompeu limpo, sem torção nem nada. Não percebo como isto é possível mas há um elemento que me lembrou recentemente que é: o aparelho foi inspeccionado em Cape Town por representantes da Selden que não encontraram qualquer anomalia e propuseram afinar o aparelho que "estava" um pouco solto, no que eu concordei. Isto foi feito já nos primeiros dias de Janeiro e sem que eu estivesse presente. Verifiquei o trabalho posteriormente e o aparelho estava mais tenso e ... um mês depois (e 2000 milhas) o estai real partiu num aparelho com pouco mais de 1 ano e, é verdade, 30000 milhas !!! Isto pode dar alguma explicação? Se alguém me puder ajudar a perceber este imbróglio, antes de confrontar os "artistas" na África do Sul, agradeço mas peço que o façam por e-mail. E pronto agora vou descansar um bocadinho, apesar do calor sufocante e depois começar a pensar em aproveitar algumas das coisas boas que estas terras têm. Cuidem-se. De Salvador da Baía Thor VI over and out 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Atl S 26

Estamos a pouco mais de 100 milhas de Salvador num dia com algum vento, resultado de uma série de aguaceiros que nos têm acompanhado. Pelo menos hoje devemos fazer mais do que as míseras 130 milhas que fizemos ontem, com uma calma absoluta onde nem o parasailor se salva. Entretanto hoje de manhã voltámos a encontrar o Lady Liza e temos vindo numa "guerra" pegada, tendo ele, a meio do dia, desistido pois recolheu as velas e meteu motor depois de o meu parasailor lhe ter dado uma ratada memorável mas ele também não tem velas adequadas para esta mareação pois está de grande e genoa com pau, o que não chega para um parasailor. Umas horas depois voltou a pôr as velas e eu, como andava perto, estou novamente numa de perseguição que espero ter resultados até ao escurecer. Tem sido uma forma de passar o dia e de apurar a afinação do spi com a possibilidade de comparar andamentos. O ETA para Salvador está para as 13H30 locais ou 16H30 UTC/Lisboa. Á espera de vislumbrar as terras de Vera Cruz Thor VI over and out.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dayli Log - Atl S 25

Umas míseras 140 milhas foi o que se conseguiu nas últimas 24 horas. Mas pelo que os outros estão a "não" andar foi bastante bom. Esta madrugada passámos o Lady Liza e o parasailor mostrou, mais uma vez, a sua eficiência. Reparem neste conjunto de circunstâncias, o Thor tem uma avaria grave no aparelho com o mastro fragilizado e perdeu a genoa ficando só com uma vela de proa utilizável, o parasailor. Portanto não há nada para escolher ou se usa o parasailor ou fica-se parado e o mais fantástico é que o parasailor é a vela especialmente dedicada para estas mareações e neste momento creio que só eu o tenho utilizável, os outros estão danificados. Portanto, só posso usar aquela vela que é também a mais adequada e eficiente, ou seja de repente ficou tudo a meu favor. E esta hem!! Quanto ao resto continua muito calor, a água do mar anda nos 28º C e nós estamos a cerca de 250 milhas de Salvador. Amanhã há mais. Cuidem-se