quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos/Maurícias 03

Chuva, chuva e mais chuva, com vento acima dos 30 nós e um Indico grosso, muito grosso é a fotografia das últimas 36 horas. O barco, as almofadas, os colchões, a nossa roupa estão encharcadas, ou molhadas ou na melhor das hipóteses húmidas. Uma verdadeira lástima e nem sei quantos dias de Sol vão ser precisos para secar isto tudo. Entretanto já estamos mais ou menos apontados às Maurícias e nos 16º 30´ S pelo que vamos ainda escorregar um bocadinho mais até aos 17º S que foi o conselho do "bruxo" da meteorologia para fugir já nem sei de quê porque não podiamos apanhar pior tempo que este. E parece que isto se vai manter mais 2/3 dias. Com esta ventania toda o Thor parece voar por cima destas montanhas de água - como nunca tinha visto, ao vivo e a cores - e fez cerca de 170 milhas nas últimas 24 horas, à nossa custa que andamos para aqui aos tombos e quase nem comer conseguimos porque não há condições para nada.O Indico está a ser um osso duro de roer! Eu palpitava-me uma travessia difícil, mas não tanto. Haja paciência!! Cuidem-se.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos/Maurícias 02

A primeira noite foi uma noite e peras. Muito vento, muito mar, muitos saltos, alguma chuva e com isto tudo fizemos cerca de 175 milhas nas últimas 24 horas (07:30/07:30). Foi andar bem depressinha e durante a noite chegámos aos 9 nós empurrados por 40 nós de vento de um enorme aguaceiro. Depois desta adrenalina reduzi pano para podermos descansar porque o barco estava muito desconfortável, que o diga o João que como ainda não está completamente "marinizado" sofre mais com estes desconfortos. Eu, que já devo ter escamas e guelras, na opinião do meu querido "marujinho", resisto melhor a isto tudo . Mas tudo se passou bem e durante a manhã o tempo melhorou bastante, mas agravou-se durante a tarde quando voltou a chuva. O vento baixou e a nossa velocidade tem andado pelo 6,5/7 nós. E assim se está a passar o 2º dia desta maratona. Este tempo deverá durar mais 2 dias, melhorando depois logo que passemos esta área de instabilidade. Do meio do Indico beijinhos e abraços.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos/Maurícias 01

Eram 06:45 da manhã quando levantámos ferro e às 07:30 estávamos a sair da lagoa de Cocos Keeling Island. Finalmente digo eu que não tenho desta paragem muito boas recordações. Senão recordemos, foi o motor do fora de borda que me ia "lixando" (desculpem o termo mas ...") , foi a vigarice com a história do combustível, foi a chegada com uma chuva torrencial, um vento forte e um ferro a não querer agarrar, foi um reabastecimento de víveres complicado, uma meteorologia muito instável até por estar cerca da zona de convergência tropical e ontem Domingo para acabar saímos do barco de manhã com um dia de sol, para West Island onde havia um BBQ e um "wine and cheese festival". Correu tudo muito bem, boa comida, muito muito vinho e uma tarde inteira de chuva torrencial. Resultado disto tudo, quando regressámos de ferry havia uma bebedeira quase generalizada e com sorte ninguém se aleijou e quando chegámos à ilha os dinghys estavam completamente cheios de água. Foi giro!! Nós, depois de vazar o dinghy lá chegámos ao barco e tivemos a surpresa desagradável de ter o barco todo encharcado, particularmente a cabine da proa. Tinhamos deixado quase tudo aberto e o resultado foi uma desgraça. Foi deitar mãos à obra e tentar limpar o mais possível para arranjar sitio para descansar, principalmente o João. Estávamos nisto quando sentimos um embate. Algo tinha batido no Thor, saltámos lá para fora e o Thor estava encostado à proa do catamaran "Destiny". Tinhamos garrado ! Como ou porquê não sei, não ouvi nenhum ruido, nem senti nenhum balanço, simplesmente o barco deslizou cerca de 50 mts até se encostar ao outro. Não houve danos apenas o susto e a perplexidade da situação. Depois disto foi reposicionar o barco, comer uma bela sopa que o João tinha feito e tentar descansar porque queriamos sair bem cedo, finalmente. Hoje logo aos primeiros alvores ala que se faz tarde, estou farto de Cocos Keeling! Temos andado bem depressa sempre acima dos 7 nós empurrados por um vento entre os 20 e os 30 nós com um mar muito trapalhão e dificil e com aguaceiros uns
atrás dos outros. Não tem sido um dia fácil mas pelo menos já estamos a mais de 50 milhas de Cocos apontados a Sul como o nosso "weather man" aconselha para fugir a uma área de grande instabilidade que está na rota directa. E pronto, com o Thor aos saltos e aos tombos cá vamos a caminho das Maurícias.

domingo, 26 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos 05

Está quase no fim esta estadia aqui em Cocos Keeling. Ontem Sábado as previsões recebidas do nosso "weather man" lançaram a confusão na frota, o pobre do homem não tem acertado uma e agora veio com uma previsão com termos pouco técnicos que alarmou tudo e todos. Se fosse eu a pagar-lhe já estava despedido! O resultado foi que o Tucanon, o Drammer e o Eowyn largaram a toda a pressa - o Eowyn finalmente vai chegar antes do Thor às Maurícias - e mais três americanos saíram hoje de manhã. Pedi apoio às "minhas pessoas de confiança" em Lisboa e as coisas estão mais claras (obrigado Rija) e assim vamos sair hoje à noite junto com o Kallioppe. A partida formal que era para ser amanhã às 10 horas foi anulada e assim cada um sai quando quiser. Nós vamos sair com o Kallioppe, os outros vão sair amanhã e assim quando perdermos o Kallioppe seremos apanhados pela restante frota e andaremos mais ou menos acompanhados. Por causa da actividade na zona de convergência tropical - a responsável por isto tudo - vamos navegar com rumo mais a Sul do que o rumo directo para nos afastarmos desta instabilidade e depois lá pelos 15º/16º Sul rumaremos então directo a Port Louis. E pronto de Cocos Keeling e com o reabastecimento final em curso beijinhos e abraços. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos 04

Hoje fomos visitar a outra ponta da lagoa, a West Island, indo de dinghy (que continua a trabalhar bem) até à Home Island e depois de ferry (cerca de meia hora) até à outra ilha. Igual mas maior é o que há a dizer, até tem um aeroporto com voos 2 vezes por semana para a Austrália, 3 hotéis/motéis ou parecidos com isso com algum turismo interno dos maluquinhos do kit-surf e windsurf. Aqui ninguém faz nada porque o governo australiana paga para eles estarem aqui, portanto é essa ocupação. Nos diversos placards espalhados pela povoação são inumeras as ofertas de cursos de formação ou especialização só para ocupar o tempo e justificar mais algum subsídio. É assim a vida nestes paraísos do fim do mundo. Regressámos a meio da tarde e no trajecto de dinghy e já quase aqui a chegar veio uma carga de água das valentes e pronto ficou o duche da tarde tomado, Entretanto à noite nós, os Kallioppe e os Eowyns resolvemos fazer um BBQ aqui na praia. Como choveu quase todo o dia, a madeira está molhada e foi uma carga de trabalhos para conseguir fazer lume, mas como não somos de zessem desistir tanto andámos que lá conseguimos que as brasas se fizessem e a noite foi muito agradável que acabou, mais uma vez, corridos para os barcos por um aguaceiro. Amanhã
6ª Feira há o skippers briefing, no Sábado as formalidades de check out e o reabastecimento final, no Domingo uma festa de despedida local (para nos levarem mais uns $, julgo eu que estou pelos cabelos com australianos) e 2ª Feira aí vamos nós para umas longas 2300 milhas. Até lá beijinhos e abraços

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos 03

Amanheceu a chover e durante toda a manhã foi assim. Uma miséria ! Entretanto o barco foi reabastecido de diesel, por um pequeno bicasco que transporta um depósito de 1000 lts e que vai de barco em barco entregando combustível. Tudo muito bonito e bem feito mas ... a 3,12 dólares o litro (americanos ou australianos, tanto faz mas o câmbio é igual e é para quem quer) ou seja um pequeno assalto à mão desarmada. Eu comprei um chapéu australiano tipo "crocodile dundee" para o sol, mas levo também daqui uns barretes australianos para o Inverno !! Cuidem-se com australianos !!! Depois o tempo melhorou e durante a tarde resolvemos ir a Home Island, de dinghy - depois de um banho de wd40, de umas sopradelas e de uns abanões voltou a funcionar direitinho - juntamente com os Eowyns e com o vhf portátil porque sorte tem-se uma vez e não se pode abusar! Afinal na ilha há um ATM que funciona no Post Office - não lhe chamo "correios" porque me pareceu ser mais do que isso, até vende roupa - há um restaurante que estava fechado mas abriu para nos fazer 5 hamburguers (!) e um supermercado que tem quase tudo o que faz falta. Mas é uma pequena sociedade (120 pessoas) muçulmana muito tradicional que nos trataram com muita simpatia. Alguns, porque outros ignoraram-nos! Fizemos algumas compras de primeira necessidade e regressámos em bem tendo terminado a tarde banhando-nos na praia aqui em frente com uma água nos 30º. Foi um excelente fim de dia. Beijinhos e abraços

Dayli Log - Cocos 02

Cocos Keeling é um pequeno atol com cerca de 14 kms quadrados de área pertencendo desde Novembro de 1978 à Australia. É um grupo de 27 ilhas de coral que formam 2 atol. O atol do Norte é uma simples ilha desabitada o North Keeling Island National Park e o atol principal, em forma de ferradura circundando uma lagoa com 25 ilhas das quais só 2 são habitadas, a Home, com cerca de 600 habitantes e a West Island com 120 habitantes. Nestas 2 ilhas existem um conjunto de serviços mínimos e são como tal uma gota no Oceano a 500 milhas das ilhas de Sumatra e Java, a 1250 milhas a NW de Perth, a 450 milhas de Christmas Island e a mais de 2000 milhas das Maurícias, Ontem quando chegámos alguém me desejou "bem vindo ao paraíso" o que não me pareceu lá muito tendo em conta o vento e a chuva que se fazia sentir. Hoje pela manhã as coisa já tinham outro aspecto e na realidade estamos fundeados numa típica ilha de atol, ou seja uma água duma transparência e inexplicável com variados tons de verde de acordo com a profundidade e uma fauna muito "friendly", ou seja uns pequenos tubarões de ponta negra que muito curiosos por aqui andam, à volta do barco. Já vi disto em pleno Pacífico Sul - Tuamotos e por aí fora - e não esperava voltar a encontrar esta situação em pleno Indico. Enfim não é o paraíso mas parece!Durante a manhã foram as formalidades normais a que já estamos habituados e depois resolvemos ir, de dinghy, a Home Island que é a ilha habitada mais próxima e que está a cerca de 1,5 milhas. Fomos sozinhos, o que não foi boa ideia e quando estávamos quase a chegar o motor do dinghy parou e nunca mais arrancou, os remos partiram-se e a corrente estava forte. Mas algum tempo depois acabámos por ser recuperados por um barco de pescadores locais que viram os nossos sinais e nos foram ajudar a regressar ao barco já que a Home Island ... fica para outro dia. Enfim está tudo bem quando acaba bem, mas foi uma situação complicada face às correntes que se faziam sentir. Mais um episódio "bom" desta aventura. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dayli Log - Cocos 01

Eram 22 horas e 35 minutos quando o Thor VI cruzou a Finishing Line colocada no exterior da lagoa de Cocos Keeling. Depois foi uma aproximação muito cuidadosa e com ajuda de barcos já fundeados, até ao ancoradoro na Direction Island. Cerca da meia noite estava tudo acabado, depois de por três vezes o ferro não ter agarrado. E isto quer dizer que tive de recolher, por três vezes, vários metros de corrente à mão, o que como exercício de fim de noite não é lá muito agradável, mas foi o que se arranjou. Aliás foi um dia péssimo que amanheceu com um tremendo aguaceiro que encharcou tudo, mas a chuva continuou durante todo o dia e mesmo quando das manobras do ferro agora à noite, chovia. Junto com a chuva, vento bastante forte que se faz andar o Thor também irrita o Indico que fica duma forma que não se pode aturar. Mas já está. Esta primeira tirada Indico adentro está concluída agora vamos descansar e preparar o barco para a grande tirada desta fase. Daqui até às Mauricias serão 2.300 milhas, é obra. Beijinhos e abraços

JSB 02

Cocos Keeling Island. 7 dias de viagem e a sensação é a de um instante !!! Tem sido uma experiência fantástica, para mim, "marinheiro de água doce", se comparado com as 17.000 milhas que o Rui já fez antes da minha entrada. Claro que os primeiros dois dias foram de adaptação a um ritmo diferente e a um balancear que eu julgava conhecer. Digamos que estive dois dias para decidir se haveria de enjoar ou não até que me decidi pelo não e, a partir daí, tem corrido tudo às mil maravilhas. Monótono? Nem por isso. Mesmo o meu quarto de vigia nocturno, as 2 às 6 da manhã, observando velas, rumo, estrelas, nuvens, lua e aguaceiros tem dado também para observar a vida, o mundo, a família. tudo menos o Sócrates e os impostos e a crise. Da cozinha, acho melhor não falar, porque tem estado a meu cargo e, balança muito. Chegámos às Ilhas Cocos no meio de um aguaceiro fortíssimo, com ventos de 25 nós, com um ferro que teimava em não unhar, a ver imensos tubarõezinhos à volta do barco e a ouvir os outros barcos, que já cá estavam, a dizer-nos pelo VHF "welcome to paradise". Mas quando amanheceu, verificamos que estamos mesmo num sítio lindo. Vamos agora ficar aqui uma semaninha explorando esta maravilha e, entretanto, vamos dando notícias. Não há rede de telemóveis, para ir à Internet teremos de ir a outra ilha pelo que o meu contacto com a família também está reduzido mas, "pas de nouvelles, bonnes nouvelles". Beijinhos a todos
JSB

domingo, 19 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali/Cocos 06

Mais um dia cinzentão, com alguma chuva e um vento que abana mais o Thor do que o faz andar. Mas as boas notícias é que só faltam um pouco mais de 160 milhas, ou seja amanhã lá pelas 22 horas daqui (mais 7 horas do que aí) deveremos fundear na Direction Island das Cocos Keeling. Para alem disso pouco mais temos a acrescentar pois, felizmente tudo corre bem connosco e num troço onde não faltam problemas um pouco por todo o lado, o A Lady rasgou o parasailor, o Tucanon rasgou a vela grande, o Chessie perdeu o spinnaker, no Eowyn desde a sanita entupida ao fogão avariado, ao cabo da meia do assimétrico partido, pouco mais lhe aconteceu !! Aqui pelo Thor vai tudo calmo, sem problemas a fazer cerca de 150 milhas/dia. Lá na frente e bem à frente vai o Destiny que finalmente mostra como anda um catamaran bom. Tem, desde Darwin, um skipper profissional o Thomas - um bom amigo e que é o homem dos parasailors - que mostrou como um multicasco anda ou pode andar. E pronto do Thor VI em aproximação a Cocos Keeling é tudo. Cuidem-se

sábado, 18 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali/Cocos 05

Hoje foi um dia cinzento, com céu encoberto, alguma chuva que começou a meio da madrugada um vento na casa dos 20 nós e por vezes mais, na proximidade dos aguaceiros e um Indico chateado e trapalhão que faz o Thor andar aos tombos e aos saltos, mas o João fez o almoço na mesma! A meio da tarde o vento amainou e o mar também mas a chuvinha tipo "molha tolos" continua e os andamentos do Thor reflectem isso mesmo. E se ontem ainda fizemos mais de 150 milhas, hoje os valores vão ser mais baixos mas nós cá continuamos com uma excelente disposição apesar de um cockpit molhado não ser o lugar mais agradável do mundo. A previsão de chegada a Cocos, estamos a pouco mais de 300 milhas, aponta para 2ª Feira no início da noite. Até lá cuidem-se que nós vamos dando notícias

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali/Cocos 04

"V. estão ao ataque" acusam-nos os nossos amigos do Eowyn, a quem parece que tudo corre mal, com a utilização intensiva do "parasail". Na realidade foi mais um dia inteiro de "parasail" e com alguns problemas já que uma alanta se soltou - por se ter desfeito o terminal - e foram uns minutos de alguma confusão até se ter posto ordem "na coisa". O resultado foi uma descida apressada do parasail e quando foi relançado foram descoberto dois pequenos rasgões. Novamente a vela para baixo, reparados os danos e novamente para cima. Tudo isto deu-nos uma prática excelente de sobe e desce "parasailors", mas foi uma canseira. Depois tudo estabilizou e foi um ver se te avias a andar. Dai o pobre do Eowyn se "queixar" que nós estamos ao ataque pois a distância entre nós aumentou para valores que deixam o Graham doente. Apanharam com um aguaceiro que os atirou muito para Sul e ainda por cima a sanita entupio-se, e só tem uma. Há dias em que não se pode sair de casa. Nós por aqui tudo corre bem, as velocidades aumentaram - fizemos cerca de 150 milhas nas ultimas 24 horas - hoje durante o dia andámos bastante bem e agora no início da noite "apareceu" - vindo não sei de onde - um Nordeste com cerca de 20 nós que nos está a fazer andar muitíssimo bem. OThor gosta destas coisas e nós divertimo-nos muito! Por este andar estimamos chegar a Cocos na próxima 3º Feira de manhã. Beijinhos e abraços

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali/Cocos 03

Amanhã 6ª feira atingiremos o ponto de não retorno, ou seja a partir daí estaremos mais perto de Cocos que de Bali. O tempo continua calmo, com um Indico muito pacífico e se não fosse o "parasailor", que passa o dia montado no topo do mastro, nunca mais saíamos daqui. Nas ultimas 24 horas fizemos ligeiramente menos que 140 milhas e hoje talvez seja um pouco melhor mas depende da noite. Nas próximas 48 horas atravessaremos a frente de convergência tropical que não está muito activa mas pode dar um aguaceiro ou outro, o que até nem era mau porque está muito calor. Assim sendo, cuidem-se que nós vamos dando notícias

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali/Cocos o2

Com quase 60 horas de viagem continuamos em ritmo bastante lento, que o
vento não dá para mais. Nas ultimas 24 horas fizemos cerca de 134 milhas e
hoje apesar de ter-mos passado dia com o "parasailor" em cima não faziamos
mais de 4/5 nós para um vento aparente de 5/6 nós. Tudo muito lento e a meio
da tarde tivemos mesmo de recorrer ao Yanmar para sairmos daqui. Mas a vela
é assim mesmo e isto estava nas previsões. A adaptação do João continua sem
problemas (é uma mais valia na cozinha!) e nós vamos continuar a levar o
Thor até Cocos. Beijinhos e abraços.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dayli log - Bali/Cocos - 01

E aqui vamos nós a caminho de Cocos Island. Depois de uma partida suave com
pouco vento, uma tarde bem despachada com mais vento do que o previsto e uma
noite serena com alguns "encontros" com pesqueiros e com um "parceiro" nosso
que andava por aqui distraido. O João está em "on job teraining" com uma
excelente adaptação, ao barco, ao Indico e às noites tropicais do Thor VI.
Cuidem-se.

domingo, 12 de setembro de 2010

Do Thor VI

O Thor está pronto para partir para Cocos com a nova tripulação desejando sair da Indonésia. Os pequenos problemas que tinha estão quase todos resolvidos. Assim a genoa grande foi reparada tendo sido substituída a banda de protecção UV - por um preço anormalmente elevado e ainda tive de agradecer por o senhor ter tido tempo para o fazer - o comando do piloto automático (com fios) foi reparada uma avaria no botão de correcções de 1 grau para a esquerda - na realidade paguei como tal mas, quando o liguei ... está na mesma! - a estação do VHF do poço que tinha deixado de funcionar foi substituida por um novo equipamento que o João Sá da Bandeira trouxe de Lisboa, por empenhamento do Eng. João Arriaga e colaboração da Nautel, a quem daqui endereço os meus agradecimentos. Das 2 antenas que existem no topo do mastro, VHF e AIS, esta ultima desapareceu julgo que por colisão com alguma ave - já tinha assistido a umas "avezinhas" a tentarem depenicar nos topos das antenas, vá lá saber-se porquê - tentei substitui-la por uma de emergência  de que disponho, mas as fichas de ligação não são compatíveis, pelo que fica assimn por mais uns tempos. Entretanto todo o barco levou uma limpeza à séria estando com muito bom aspecto. Estamos prontos, abastecidos e briefados para mais uma tirada com cerca de 1150 milhas, agora com responsabilidades acrescidas porque o Thor acabou de venceu o grupo na tirada Darwin/Bali - os resultados saíram ontem à noite. As previsões apontam para pouco vento e alguns aguaceiros e trovoadas o que, a confirmar-se dará para uma chegada a Cocos lá para 22 de Setembro. Mas nós vamos dando notícias. Beijinhos e abraços. Cuidem-se.

Da frota

Para os mais interessados nestas coisas nauticas aí vai um ponto de situação. A frota do WARC 2010/2011 está reduzida a 20 barcos, 16 monocascos e 4 multicascos. O Ciao, Ronia, Dreamcatcher, Skylark e Lisa ficam por esta zona, uns temporariamente outros definitivamente, pelo menos os barcos que vão ser postos à venda. Entretanto integraram-se na frota o Tzigana (Jeanneau SO 54DS) com bandeira Inglesa, o Drammer (Contest 50CS) de bandeira Holandesa e o Basia (Privilege 445) de bandeira Canadiana. Aqui em Bali não estão os Sun Dear americanos por alegadas questões de segurança - irão directamente para Cocos - e outros estão muito atrasados pela demora na resolução de avarias/problemas em Darwin (Jeannius e Grand Filou). Assim amanhã 13Set irão partir para Cocos apenas 15 barcos, 12 monocascos e 3 catamarans.

Uma espécie de diário da Patroa - 24

AUSTRÁLIA – 29.08.2010
Mais passeios pela cidade, algumas visitas a lojas náuticas – há sempre alguma coisa para comprar para o barco – e num dos regressos à Marina apanhámos um táxi cujo taxista era timorense, emigrado na Austrália há cerca de 40 anos. Ficou muito contente por saber que eramos portugueses, fartou-se de falar, e entre muitas outras coisas disse-nos que a comunidade timorense em Darwin é muito grande, com mais de 10.000 membros, ou seja mais de 10% da população da cidade, o que é na verdade um numero muito significativo. E fizemos mais um tour, o Jumping Crocodile Cruise, uma viagem ao Rio Adelaide para ver milhares de aves nos terrenos alagadiços junto ao rio convivendo harmoniosamente, pois como cada espécie tem uma alimentação diferente não competem entre si, seguida de uma viagem de barco no meio dos crocodilos, alguns enormes, que davam grandes saltos procurando chegar à comida que lhes era mostrada do barco, assim como também dezenas de águias, que em voos rasantes procuravam essa mesma comida. Um espectáculo impressionante!

AUSTRÁLIA – 30.08.2010
Para começar o dia o Rui foi ao dentista (e lá deixou um malar)  marcação feita pelo WARC, cujo apoio em tudo aquilo de que tenhamos necessidade tem sido sempre excelente. Como estávamos no centro da cidade começámos já a fazer compras para o reabastecimento do barco, pois há coisas muito boas aqui na Austrália que vale a pena stockar, mesmo sendo tudo muito caro, como por exemplo os lacticínios, as bolachas, as normais e as famosas Tim Tam ( as bolachas de chocolate em que se trincam as pontas e se sorve o leite ou o café quente  através delas) vinho, cerveja, já para não falar da carne, mas esta não podemos armazenar pois não temos congelador a bordo. Ao fim da tarde decorreu a habitual festinha para a entrega de prémios relativa à última etapa – o Thor ficou em 2º lugar na sua classe – e fez-se também a despedida de mais um barco que decidiu abandonar o Rally e ficar por estas paragens mais um ano para mais pausadamente as poder visitar, o Ciao, um Sweden 45 com um casal de Eslovenos muito simpáticos, o Schreko e a Olga de quem vamos sentir falta. Estão agora aqui 18 barcos, serão estes a partir para a próxima etapa, tendo ficado para trás e decidido não ir a Bali 2 barcos americanos, Ocean Jasper e Crazy Horse, com receio de represálias na Indonésia contra os americanos. Aqui em Darwin mais um barco se juntou à frota, o Drammer, um Contest 50 com um casal holandês que por aqui tem andado calmamente a navegar nos últimos 2 anos e que agora pretende regressar a casa. Esta é a grande questão que se levanta à organização e ao planeamento do WARC, será que este andamento não é rápido demais condicionando o conhecimento mais detalhado destas paragens tão distantes onde dificilmente voltaremos, mas é com certeza um compromisso e não poderá ser doutra maneira se se quiser fazer a travessia dos 2 oceoanos, Pacífico e Índico, na mesma estação. Para quem pretender um passeio mais pausado há esta alternativa de ficar por aqui durante um ano ou dois e depois retomar o caminho de regresso a casa numa outra edição do WARC, opção que alguns barcos têm tomado, mas que não creio que se ajuste ao nosso projecto de Volta ao Mundo.

AUSTRÁLIA – 31.08.2010
Dia dos preparativos de partida para a 14ª etapa que são dias sempre de grande azáfama. De manhã saída da Marina para ir atestar de combustível o que com esta questão das comportas nos tomou quase toda a manhã. Depois mais lavagens de roupa e depois fomos ao centro da cidade, onde se encontram os supermercados, fazer mais compras para a viagem, sobretudo bebidas, frutas e legumes. Seguiu-se o Skippers Briefing e depois foi ainda o homem das velas que veio entregar a genoa reparada – foi substituída a banda de UV gasta pelo uso – e houve que fazer a sua montagem. Nestes trabalhos tivemos a simpática ajuda do Stephen Coi do Skylark que já não estava habituado a fazer força “braçal” nos guinchos pois no seu Amel 54 é tudo eléctrico. Um luxo que nós não temos! À noite o jantar foi no Christo’s  Fish Café, aliás como tem acontecido todos os dias, e onde se encontra a jantar praticamente toda a frota pois este é o único restaurante aberto ao jantar e que propicia uns momentos de confraternização entre toda a gente. A temperatura continua muito elevada durante o dia, Max 34 e Min 23, com muita humidade e muitos mosquitos, mas curiosamente no supermercado havia um folheto promocional com as sugestões de compras para os últimos dias de Inverno!


OCEANO ÍNDICO – 1.09.2010 a 8.09.2010
Dia 1 de Set foi o dia da partida para a 14ª etapa, Darwin – Bali, cerca de 950 milhas com previsão de 7 dias de navegação. Apesar da partida ser só às 12h, por causa das comportas da Marina e das marés, o nosso slot de saída foi às 8h30, e tivemos que ficar tanto tempo à espera que quase adormecemos e atrasámo-nos ligeiramente na saída, nós e mais 2 barcos, coisa sem importância mas que tirou algum brilho à partida. A previsão meteorológica apontava para ventos muito fracos e efectivamente tivemos que usar mais o motor que o desejado. Ainda subimos o Parasailor em 2 dias, o Rui dizia que pelo menos servia para treinar e para tirar umas fotografias,  mas os ventos não eram os adequados para esta vela. No 3º dia pusemos a cana de pesca no mar, apeteceu-nos peixe para o jantar, e em menos de ½ hora apanhámos um atum, pequeno, mas que nos deu para 2 refeições. Até parece simples e a pedido! Uma outra nota digna de registo é o eficiente controlo que a Austrália exerce nas suas águas e durante 3 dias seguidos fomos intrepelados pela patrulha aérea e depois por um patrulha para que confirmássemos os dados do barco, de que porto vínhamos e para onde nos dirigíamos. Em termos de navegação foi sempre calma até ao fim, pouco vento, mar calmo e muito calor. As noites estiveram com uma Lua em Quarto Minguante, quase a desaparecer, mas com o céu muito estrelado e, nos últimos dias, com alguns clarões fruto das diversas trovoadas que víamos ao longe. E assim chegámos a Bali na 4ªfeira, dia 8 de Set,  pela madrugada, mas como não podiamos entrar na Marina de noite, faltou-nos  a carta electrónica desta zona, navegámos as últimas horas já em velocidade reduzida e, no final mesmo parados, aguardando que o sol nascesse e nos iluminasse o caminho até à Marina. Com esta falta de informação ainda nos enganámos na entrada da Marina e fomos pelo porto de pesca dentro, onde havia centenas de barcos de pesca fundeados, todos com um ar muito velho e mal tratados, parecia um imenso monte de sucata, aliás condizentes com a autêntica lixeira que se via no mar à sua volta. Depois lá voltámos para trás  - ainda tocámos no fundo lodoso, sem qualquer consequência e conseguimos encontrar a Marina que também tinha o mesmo ar de lixeira do porto de pesca, onde já se encontravam a maioria da frota entretanto chegada.

BALI – 8.09.2010
Chegámos à Marina de Bali no Porto de Benoa pelas 8h da manhã. Chamar a isto Marina é uma força de expressão, mas na verdade tem uns pontões velhos, com água e electricidade, muito lixo a boiar à volta dos barcos e um restaurante a que chamam Yacht Club onde existem alguns serviços de apoio, chuveiros, um “business centre” onde se compra a internet e se deixa a roupa para lavar, etc. E foi aí no restaurante onde fomos tomar o pequeno almoço que começámos a tomar contacto com as gentes de Bali, sendo a 1ª impressão que se trata de gente muito afável, muito sorridente e respeitosa, que gosta de nos tratar pelo nome próprio e de nos cumprimentar apertando a mão. Os empregados são muitos, mas não são muito eficientes. Ainda fui levantar dinheiro a uma ATM não muito longe da Marina e aí tomámos contacto com o dinheiro da Indonésia, o levantamento máximo é de 1.250.000 rupias, em notas de 50.000, ou seja 25 notas todas novinhas e com numeração sequencial, que valem pouco mais de 100 Euros. O pequeno almoço desse dia que incluiu ovos mexidos, tostas e 2 sumos de ananás custou pouco mais de 6€ o que nos dá a ideia do nível dos preços. O resto da manhã foi passada a tratar do processo de check-in, não obstante o excelente trabalho de planeamento e organização  montados  pelo WARC, com um táxi a servir de shuttle entre os serviços de Immigration, Master Harbour, Quarentine, Customs e Immigration de novo, todos em locais diferentes, com muita burocracia, lentidão e muito pouca eficiência. Mesmo assim conseguimos fazer tudo em pouco mais de 2  horas. Um feito!  Há um barco novo que se junta aqui à frota, o Tzigane, um Sun Odissey 54 DS com um casal inglês e que por ter chegado mais cedo teve que fazer este périplo do check-in sem o apoio do WARC e demorou mais de 4h e muitas mais rupias. À noite resolvemos ir jantar fora, pensámos ir até Kuta, uma cidade turística que não distava muito de onde nos encontrávamos e onde há 3 anos se deu um atentado à bomba, mas o taxista que nos apareceu, o mesmo que tinha estado a dar-nos apoio durante a manhã, depois de lhe pedirmos uma sugestão de um bom restaurante, levou-nos para outras paragens. A viagem de táxi demorou cerca de 30 minutos, mas foi uma viagem louca a toda a velocidade por meio de estradas pejadas de trânsito, de automóveis e motocicletas, toda a gente conduzindo muito depressa e com muito barulho, ultrapassando pela esquerda e pela direita, uma verdadeira loucura. Mas lá chegámos ao local que ele tinha escolhido para nós e que devido ao seu mau inglês não tínhamos percebido o que seria. Acabámos num restaurante numa praia, com as mesas em cima da areia, onde as ondas rebentavam mesmo ali ao lado e onde a especialidade da casa era marisco e peixe grelhados que escolhíamos logo à entrada. Ainda assistimos a um espectáculo de danças de Bali, a um grupo que andava de mesa em mesa cantando, a noite estava excelente e a comida também e até o preço foi muito convidativo (éramos 5 – nós , o Graham, oMike e agora o seu novo tripulante André – e pagámos 26€ por cabeça num jantar com peixe e marisco). O taxista disse que nos esperava à saída e lá estava ele dormindo no táxi, à espera para nos levar de novo à Marina. Um excelente jantar e completamente inesperado!

BALI – 9.09.2010
Tour ao Lago Kintamani e ao Monte Batur onde existe um vulcão activo, cuja última erupção na década de 70 deixou as suas marcas ainda bem vivas em mortes nas aldeias vizinhas e nos terrenos negros, queimados pela lava, onde ainda nada cresce. A partida foi às 8h30m da Marina e durante o dia visitámos uma fabricação de artesanato em prata e a loja onde tais artefactos se vendiam, uma outra de trabalhos em madeira e a respectiva loja comercial, almoçámos num restaurante com vistas para o lago e para o vulcão, visitámos 2 templos hindus, comprámos frutas tropicais que se vendiam à beira da estrada, alguma dela de espécies que eu nunca tinha visto, fizemos uma visita a uma produção de café de Bali, de chocolate e chás e da respectiva venda ao público e no final do dia ainda fizemos uma paragem na cidade de Ubud, uma cidade turística com muito bom aspecto, com lojas, cafés e restaurantes de luxo, um mundo à parte da pobreza e sujidade que tínhamos visto durante o resto do dia. Parece que há 2 mundos nesta ilha, um elegante e luxuoso, o dos resorts e pelo menos desta cidade e o outro do resto da ilha e do comum cidadão. Vimos também plantações de arroz em terraços, uma beleza.  Mas acho que vi muito pouco para poder estar a tirar conclusões! Há no entanto algumas situações que me pareceram muito curiosas e que passo a comentar. Bali é uma das 13.000 ilhas, nalguns sítios chega-se a falar de mais de 17.000 ilhas, da Indonésia, com mais de 3,5 milhões de habitantes e mais de 1,5 milhões de motocicletas, e é maioritariamente Hindu, ao contrário do resto da Indonésia que é maioritariamente Muçulmana. Pelo tipo de construções urbanas, a profusão de altares devidamente enfeitados e bem cuidados e as ofertas aos deuses espalhadas por todo o lado sente-se um ar místico no ar. Nos altares, nos passeios em frente às lojas, dentro das lojas, nos táxis, ou seja em tudo o que é sítio, vêem-se caixinhas feitas de folhas de palmeira com flores e arroz, muito coloridas e bem decoradas, diariamente mudadas, e que são as ofertas aos deuses pedindo a sua protecção e boa sorte. Este catering deve ser um bom negócio! E numa terra de grandes necessidades, estas ofertas aos deuses parecem um contra-senso. Acresce que as caixinhas substituídas são atiradas para o lado, aumentando as lixeiras enormes a céu aberto que se vêem por todo o lado. À beira das estradas as lojas de porta aberta são contínuas, parece que toda a gente tem alguma coisa para vender, mas não creio que haja tanta gente para comprar, e a sujidade e o lixo são imensos. Da paisagem fazem também parte as multidões de motocicletas, ou circulando a grande velocidade ou estacionadas em tudo o que é sítio. E se mais não digo é porque mais não vi.

BALI – 10.09.2010


Dia de mudança de tripulação no Thor. Eu regresso a Lisboa no fim do dia, voo Denpasar – Singapura – Schipol (Amesterdão) – Lisboa, com partida às 20h40m, esperando-me mais de 19 horas de voo e algumas 10 horas mais de aeroportos e o João Sá da Bandeira que deveria chegar a Denpasen às 19h30, pelo que não nos chegámos a ver. O dia foi pois passado a arrumar as bagagens e a preparar o Thor para o novo tripulante. O tempo manteve-se durante todo o dia muito quente e o grau de humidade no ar, sobretudo dentro do Thor, tornam a vida quase insuportável. Chegou ao fim esta minha aventura de mais de 4 meses, desde a Polinésia Francesa, por todo o Pacífico Sul, Austrália e a Grande Barreira de Corais até Bali. Foram alguns milhares de milhas náuticas de navegação pelos Oceanos Pacífico e Índico, uma vida a bordo desafiante e exigente, vi povos, civilizações e culturas muito diferentes que me impressionaram profundamente, vi ilhas muito belas, conheci 7 novos países e até um continente, com uma fauna terrestre e marinha diferentes, enfim, foi uma experiência única cujas sensações e olhares tenho aqui deixado registados diariamente. Para além das coisas boas e bonitas que vi e vivi, dos mundos diferentes que conheci e que certamente doutra maneira não teria as mesmas oportunidades de contactar, há também que ressaltar o espírito de comunidade que se estabeleceu entre toda a frota, as novas pessoas que conheci, gente muito variada vinda de diferentes países, as novas amizades que estabeleci, ou seja, do ponto de vista pessoal foi também uma experiência profunda e envolvente. Experiência única que terminou ... por agora!

sábado, 11 de setembro de 2010

JSB 01

Bali, 11 de Setembro 2010
Estava convencido que a minha aventura começaria em Bali e afinal começou em Madrid, onde, numa escala de quatro horas para embarcar para aqui, só no último minuto é que soube que não me deixavam embarcar por não ter bilhete de regresso. Foram precisos muitos telefonemas para o Rui até que chegou um fax da WARC dizendo que eu embarcaria no THOR VI e que, por isso, não precisava de bilhete de regresso. Mesmo assim tive de assinar um termo de responsabilidade perante a Qatar Airways, em que suportaria o custo da viagem caso me quisessem recambiar… Depois de uma viagem de 26 horas, com escala no Qatar e Singapura, tinha um oficial da polícia à porta do avião, com um cartaz com o meu nome. Identifiquei-me convencido de que estava tudo resolvido mas afinal… O que se passou a seguir é  indescritível porque não é possível descrever três horas de conversa estúpida com três oficiais estúpidos da Imigração, que diziam “you fly in, you fly out” e quando eu dizia que ia sair num barco respondiam “that’s problem, you fly in, you fly out”. Entretanto consegui que o Rui Soares, que estava à minha espera no aeroporto, se juntasse à discussão. Dá ideia que os tipos só queriam mostrar a sua autoridade e chatear porque ao fim daquele tempo todo, de repente, lá me mandaram ir pagar os 25 dólares do visto e mandaram-nos embora mas “next time…” e eu só pensava que não haverá "next time" porque fiquei vacinado da Indonésia! A BALI  MARINA, de que tinha visto um site espampanante, é suja, cheia de lixo dentro e fora de água mas o grupo de pessoas que aqui está, tripulantes de mais 14 barcos que estão a fazer este cruzeiro, é divertido e simpático. Parecem pessoas despreocupadas, sem problemas de tempo, bem dispostos e com muitas histórias para contar e a quem me apetece juntar. Agora ficamos aqui mais dois dias, amanhã vamos fazer as compras para 8 dias de navegação até às Ilhas Cocos. A Ana deixou uma lista de compras feitas e receitas para as sopas portanto, tudo está bem organizado.  Está calor e muito húmido, mas já me vou habituando. Mas apetece-me começar a viagem. A marina é no meio do porto e não dá para fazer passeios a pé aqui à volta mas ainda hei-de ver qualquer coisa desta ilha, embora as primeiras impressões sejam péssimas: multidão, transito maluco em que cada um buzina mais que o outro e muita sujidade. Mas a sensação do tempo que tenho para gozar e de ter deixado em Portugal o Sócrates, o aumento do IVA e o raio da crise, talvez seja inconsciência, mas sabe-me muito bem.
João Sá da Bandeira (JSB)

Dayli Log - Bali 02

Novidades de Bali. A "patroa" já se foi - deve chegar a Lisboa hoje Sábado durante a tarde - e o meu novo parceiro já cá está. O João Sá da Bandeira chegou ontem, Sexta Feira 10Set, ao fim da tarde e depois de uma longa viagem "passou" 3 horas na emigração "à conversa" com umas jovens "autoridades" deste país porque não  tinha visto, como nenhum de nós tinha e que foi comprado à chegada (25 US$, apesar da moeda ser a rupia!). Na opinião "abalizada" de três jovens inspectores estávamos todos mal e portanto, na "próxima vez" teríamos de preencher um modelo qualquer. Eu que estava no aeroporto à espera também fui chamado para "tentar resolver" o problema e como não sou fácil de assoar, principalmente quando a incompetência se junta à prepotência, o problema ia-se complicando e ia havendo chatice. Felizmente e finalmente o problema lá se resolveu - o João fez aquilo que todos nós fizemos, comprou um visto - e acabámos por chegar à marina tarde e más horas tendo o jantar se limitado a uma sandes e por especial simpatia das gentes do bar. A aventura do João não começou bem mas isso pode ser um bom presságio. E pronto, mais notícias dentro de momentos, a "patroa" prometeu-me fazer um ponto de situação logo que chegue a casa e nós estamos em preparação para sair daqui na 2ª Feira.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dayli Log - Bali 01

Pronto já chegámos. Eram 05:35 de 08Set quando cruzámos a linha de chegada à entrada do porto de Benoa onde se encontra a International Bali Marina onde iremos "acoitar". Ainda tivemos que pairar cerca de um par de horas porque a entrada não é fácil como viemos a constatar e porque "não tenho carta electrónica desta zona". Por esta eu não esperava ! mas no meu conjunto de cartas electrónicas não há nenhuma desta zona. Era a 31 GX da Navionics Gold e essa não tenho e quando descobri já não havia tempo para a adquirir. Assim foi tudo "old fashion" com carta de papel, navegação à vista, etc. etc. Um mimo, mas afinal há soluções para tudo. As primeiras impressões de Bali ou desta zona onde estamos não são as melhores e não tem nada a ver com as publicidades. A marina é muito, mas muito suja como tudo o resto do pouco que vimos aqui nas redondezas. As procedimentos de visto, de despacho do barco, das alfandegas, emigração e "quarentine" entram nos top dos sítios complicados. Mas as pessoas são de uma enorme simpatia e os preços são uma grande e boa surpresa, principalmente para quem vem da Austrália, onde tudo é "fogo". Mas ainda agora acabámos de chegar, estamos muito cansados e portanto talvez as próximas impressões corrijam este desconsolo. Beijinhos e abraços de Bali.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dayli Log - Indico 03

Está quase! Estamos a cerca de 65 milhas de Bali o que vai dar para atingir à linha de chegada cerca das 06:00 da madrugada (hora de Darwin porto de partida, que é por convenção a hora legal até à chegada) ou 04:30 na hora local. Vamos ter de "pairar" durante cerca de 1 hora pois o porto de Benoa está fechado durante a noite por questões de segurança. Nos ultimos dias houve de tudo, isto é bom vento, pouco vento e vento nenhum, o que deu para utilizar o parasailor - que há já bastante tempo não saia do saco - e foi importante pois esta é a tripulação básica do Thor e temos de saber utilizar e praticar as "armas" que temos. Foi um sucesso! Entretanto está muito calor e uma humidade muito alta, tipicamente tropical, dificeis de suportar pelo que não vemos a hora de chegar. Aqui a "patroa" não pára de perguntar quantas milhas faltam. Mas está quase.

sábado, 4 de setembro de 2010

Dayli Log - Indico 02

Com cerca de 80 horas de viagem em pleno mar de Timor, estamos à mesma distância de Darwin e Bali. Faltam cerca de 460 milhas e por este andar calmo e pachorrento devemos chegar na 4ª Feira (08 Set). Na realidade o pouco vento que se tem feito sentir dá uma calma de se tirar o chapéu e se não fosse uma mão cheia de horas de motor andavamos por aí a pairar. Assim vamos andando com a calma a ser alterada pelo sobrevoo dos aviões ou dos "customs" ou o P-3 do patrulhamento marítimo - um destes passou tão baixo que me queria ver a cor dos olhos - seguido das perguntas da praxe, quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Satisfeita a curiosidade lá vão à vida deles com os desejos simpáticos de uma boa viagem. Tudo muito profissional, educado e alguma simpatia. E lembrar-me eu que as posições já foram inversas. As voltas que a vida dá!! E ontem à noite foi um patrulha que se aproximou e também indagou quem eram tão estranhos viajantes. Este até conhecia o world ARC!! Outra novidade foi a "patroa" ter insistido comigo para pescar porque lhe apetecia peixe fresco, como se isto fosse a pedido, pensei eu. Mas lá lhe fiz a vontade e não é que, não mais de meia hora depois um atum bébé com cerca de 2 kgs se suicida e acaba no deck do Thor. O tamanho certo para 2 refeições sem grande estrago nem trabalheira e a pedido da "patroa" que dizia depois ... assim até parece fácil. Ele há coisas !!!!! Cuidem-se, que nós também

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Daily Log - Indico 01

Partimos de Darwin com muita pressa. Face a um vento local e a uma corrente bastante forte de uma maré a descer partimos todos muito depressa com velocidades entre os 8 e os 9 nós. Foi uma maravilha as primeiras 20 milhas, depois a corrente foi-se o vento foi acalmando e no início da noite estava uma calmaria que só o Yanmar conseguiu contrariar. E foi assim quase toda a noite. As previsões são para muito pouco vento pelo que vai ser uma viagem longa mas como a "patroa" tem voo a 10 Set para Lisboa não queria que saísse do barco a correr para o aeroporto portanto vamos ter de acelerar isto seja lá como fôr. Talvez o parasailor ... Cuidem-se que nós estamos a tentar andar à vela.