quarta-feira, 30 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 12

FIJI – 28.06.2010
A Marina Vuda Point está completamente cheia, cerca de 30 barcos, mas só meia dúzia, contando com os 3 do WARC, tem gente a bordo. São estas pessoas que encontramos no bar e restaurante de apoio à Marina, com muito bom aspecto mas uma cozinha muito mazinha, e com quem vamos mantendo conversa. A Marina tem ainda um pequeno supermercado, abastecido com o essencial, uma loja “de coisas para barcos” bem abastecida e uma lavandaria. A manhã foi passada a lavar e secar roupa e a fazermos uma limpeza mais profunda no barco. De tarde fomos de taxi a Lautoka, a 2ª cidade do país com cerca de 50.000 habitantes e que é chamada a Cidade do Açucar pela fábrica que aí existe desde 1903. São 15km, por terra, e o taxista levou-nos ao Mercado, a um supermercado e a dar uma volta pela cidade. O trânsito era intenso e o movimento na cidade muito grande. O resto era bastante feio, uma espécie de grande desorganização, sujidade e muitos indianos. Mas os Mercados são sempre locais muito interessantes e este não fugia à regra. Àquela hora da tarde, cerca das 16H, ainda estava muito bem abastecido, as frutas e legumes bem apresentados, um ar bastante limpo e com um colorido e um cheiro no ar a especiarias indianas muito intensos. Durante todo o dia esteve um calor abrasador, em Lautoka ainda caíu um breve aguaceiro, mas na Marina ameaçou mas não choveu.

FIJI – 29.06.2010
Pela manhã rumámos a Musket Cove, na ilha Malololailai, Grupo Mamanuca, onde se concentrará toda a frota WARC antes da partida para Vanuatu a 3.07. Quando chegámos à Marina, pequenina, já ali se encontravam 10 dos nossos barcos e, como habitualmente, os alemães são os 1ºs a chegar. A partir de 30.06 há um programa social pelo que é de prever que o resto da frota chegue amanhã. Vamos ficar todos bastante apertadinhos. Musket Cove é um Resort de luxo e, nesta ilha, há mais outros 2 resorts e até há uma pista para aviões pequenos. Para variar, e porque fazem uns preços muito especiais para o WARC, resolvemos ir dormir a terra num quarto com ar-condicionado. Estamos numa espécie de casa colonial com grandes varandas e o quarto é muito agradável. E à volta temos uma grande praia onde o mar chega só na maré alta - as marés têm amplitudes muito grandes – piscinas de água salgada, bares e restaurantes sempre abertos e de grande qualidade, um supermercado, um campo de golfe e diversas actividades náuticas. Isto é que é qualidade de vida! Entretanto encontrámos aqui um casal de brasileiros, a Isabel e o Bob, cariocas, que também andam a dar a volta ao mundo de barco – um Beneteau 50 - mas num outro ritmo. Saíram do Brasil há 10 anos e não sabem quando regressam. Estivémos toda a noite à conversa – em português, coisa que não fazíamos há muito tempo - e são muito simpáticos. Ela era psicóloga e professora universitária, ele gestor de empresas, e decidiram um dia reformar-se e conhecer mundo, de barco. O seu principal interesse é conhecer os países e as gentes e para isso vão ficando bastante tempo em cada um dos sítios por onde passam. Mas está garantido que vamos ter boa companhia durante os próximos dias!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Daily Log - Fiji 02

Savusavu já ficou para trás pois estamos já na região de Lautoka a 2ª cidade das Fiji na Vuda Point Marina uma marina bastante nova onde nos arranjaram um "espacinho" onde o Thor, teoricamente não cabia, mas coube. Desde que saímos de Savusavu passámos pela Ilha de Makogai onde, ao visitar a ilha tivemos oportunidade de uma cerimónia de "sevusevu", ou seja uma oferenda de cava (em ramo, não em pó) ao chefe da aldeia. Esta era o responsável por uma criação de bivalves e "gosta" muito de cava. Respeitosamente e como manda a tradição, lá lhe oferecemos o produto, sentados em roda no chão assistimos a uma "reza" em dialecto local que, suponho, em agradecimento do momento. Tudo feito com enorme seriedade e recolhimento !! Foi uma experiência única e que fica como um momento particular desta viagem. Depois foi uma escala em Naigani uma pequena ilha no trajecto para a área Norte de Viti Levu. Face à distância não pode ser feito de uma vez só - navegando só de dia - pelo que fomos parando pelo meio. É uma zona muito mal carteada, particularmente com as cartas C-Map - as Navionics são bastante melhores - situação que não é a primeira vez que acontece. Há uma diferença muito significativa entre umas e outras com prejuízo das C-Map que nestas zonas são francamente más. Assim a navegação tem de ser feita com muito cuidado e atenção - temos vindo a navegar junto com o Ewoyn, que tem C-Map - e que acabou por numas das "passages", bater num obstáculo que felizmente só lhe arranhou o bolbo do quilha. Eu estava muito perto dele tinha 60 metros de fundo ele teria uns 20 e de repente bateu. Estávamos à entrada da "passage" numa zona onde as marcas de balizagem desapareceram. Foi o ciclone de Fevereiro que as levou e que é responsável por quase tudo o que está mal neste mundo. Depois disto os cuidados redobraram e passei eu a ser o guia porque ele perdeu definitivamente a confiança nas cartas electrónicas que tem. E pé ante pé acabámos por chegar a Lautoka onde teríamos mais uns papeis para fazer. Entretanto recebemos a informação que a organização conseguiu transferir tudo para Mosket Couve onde nos reunimos a partir de 30Jun. Uma boa notícia porque assim evitamos perder um dia em Lautoka. É por estas e por outras que afinal, o valor da inscrição está bem justificado. Têm feito um excelente trabalho! Agora com mais tempo entrámos em Vuda Point Marina que é uma infraestrutura muito recente, mal conhecida que tem tudo o que precisamos desde um pequeno supermercado, a uma loja com coisas náuticas - substitui o cabo do enrolador da genoa, que se deteriorado - um restaurante, café, lavandaria, combustível, wifi, etc. Uma maravilha onde apenas o espaço disponível é pequeno, mas chega e esta mordomia de ter água e energia a bordo sem ter que a fazer, já não a tinha há uns meses. O gerador tem continuado a trabalhar - encontrei uma bomba no representante na Austrália mas custa uma fortuna, pelo estou procurando outra solução - e o barco no conjunto está em boas condições. Amanhã partimos para Musket Couve Resort de onde a 3 de Julho parte a próxima tirada para Vanuato. Até lá vou-me oferecer uns dias fora do barco, num resort de qualidade - dizem - e espero não estranhar a cama pois desde Novembro que só conheço a cama da minha cabine e o "suma-pau" do cockpit do Thor VI. E a Sra Armadora também merece umas pequenas mordomias. Divirtam-se, cuidem-se que nós vamos dando notícias, Beijinhos e abraços.

Uma espécie de diário da Patroa - 11

FIJI – 22.06.2010
Savusavu, ou serão as Fiji, parece muito diferente dos locais onde estivémos anteriormente. É a população e a enorme presença de Indianos em resultado de uma grande importação de mão-de-obra feita há 135 anos pelos Ingleses para trabalharem nas plantações. A sua permanência, em comunidades autónomas ou misturados com as comunidades locais, dão à cidade uma cor, um cheiro, uma música, uma vida muito especial. Há muito movimento, muita gente nas ruas, muitas mulheres de saris, as lojas vendem de tudo e tocam música indiana com um som muito alto. Cheira a especiarias e as lojas que vendem as roupas floridas da Polinésia até têm uma máquina de costura, daquelas Singer antigas que parecem uns móveis, para fazer no momento a medida ajustada ao cliente. E é tudo muito barato. As gentes são muito afáveis e quando passam por nós, cumprimentam-nos dizendo Bula. As Fiji são um país independente da administração colonial inglesa desde 1970, mas a situação política não tem sido estável e agora vive-se numa espécie de ditadura militar mas nas ruas vive-se a maior das tranquilidades. Nestes países a corrupção é muito grande, mas aqui começam a ser tomadas algumas medidas para a debelar!! Uma delas é não permitir que os Oficiais dos Customs que fazem o check-in aos barcos recebam dinheiro. Da nossa entrada no país tínhamos que pagar F$35, cerca de €10, e o seu pagamento teve que ser feito no Hospital que ficava já depois da saída de Savusavu e para o que tivémos que andar mais de 40 minutos a pé pela estrada. Claro que o regresso foi feito de taxi! O hospital era bastante pequeno, com um ar muito simples, mas estava rodeado de anexos de madeira com um ar muito decadente. Mas o atendimento para este pagamento foi muito eficiente e simpático, feito num destes anexos, muito pequeno, com 3 secretárias e cheio de papéis, onde não cabiam mais de 3 clientes ao mesmo tempo. A Copra Shed Marina embora não tenha pontões mas apenas bóias de amarração tem, em terra, umas instalações novas, com muito bom aspecto, com lojas, 2 bares – um onde só servem bebidas e outro onde só servem comida – e um ambiente muito simpático de confraternização entre as tripulações dos barcos que aqui se encontram e onde se contam as histórias de cada um. A maioria dos barcos são neozelandeses, estão a 9 dias de distância, mas também há um casal de holandeses que saíu do seu país há 8 anos e talvez dentro de 2 ou 3 anos chegue ao Mediterrâneo e que durante este tempo apenas uma vez foi a casa!! À noite fomos jantar com o Graham e o Mike ao melhor restaurante da terra, Surf and Turf. Comemos muito bem - lagosta e bifes - eu comi caril de marisco que estava excelente, cervejas, sobremesas e cafés – e no final pagámos pouco mais de €15 por pessoa. Havemos de voltar!!! Quanto ao gerador, claro que também não encontrámos aqui nenhuma bomba à venda. Assim, houve que improvisar: um bocado de cola 123 e uns arames a segurarem-na, tipo rolha da garrafa de champanhe e ficou a trabalhar direitinho. Será que consegue durar até à Austrália?

FIJI – 23.06.2010
O check-out de Savusavu tem que ser tratado com 24 horas de antecedência e, portanto foi a 1ª tarefa do dia. Nos customs estivémos mais de 1hora e meia pois é preciso explicar direitinho todo o percurso que vamos fazer nas Fiji, ilhas e aldeias a visitar, não obstante já termos em nosso poder a autorização para este percurso. É tudo muito lento e a burocracia é imensa – já temos cerca de 30 papeis preenchidos e carimbados. Depois compras no mercado e no supermercado. O mercado é bem abastecido e a fruta e os legumes têm muito bom aspecto. E também tem muitas especiarias e Kava, em molhos ou já em pó. Para a tarde contratámos um taxi para dar uma volta pela ilha e o taxista, um indiano escolheu mostrar-nos a Península de Tunuloa. Depois de 20Km de uma estrada alcatroada a que pomposamente chamam Hibiscos Highway, entramos numas estradas de terra batida e depois em verdadeiras picadas. Passámos por aquilo que o taxista chamava aldeias fijianas, um aglomerado de casas assentes sobre estacas, com um ar muito pobre, em princípio pertencentes à mesma família, outras casas com muito bom aspecto, casas de férias de estrangeiros a que o taxista chamava Overseas Gang e Resorts Turísticos. A vegetação é, nesta ilha, menos frondosa. Vimos muitas plantações de coqueiros, a principal produção do país, e à beira da estrada vêem-se sacos cheios de cocos à espera de serem recolhidos para serem levados para a fábrica onde são moídos e extaído o óleo de coco. Quem apanha os cocos do chão ganha F$5 por cada saco, menos de €1,5. Para terminar, fomos a um Resort no cimo de uma colina, mesmo na ponta da península, que tinha uma falda caindo a pique sobre o mar, o que permitia uma vista assombrosa sobre uma grande baía. Aquela quietude, a imensidão do que se conseguia atingir com a vista e a beleza de tudo aquilo eram esmagadores. No regresso o nosso taxista abrandava, apitava e saudava todas as pessoas que via no percurso e que ainda durou cerca de 3 horas. O jantar foi de novo no Surf and Turf outra vez lagosta e bifes mas estava excelente!

FIJI – 24.06.2010
Tínhamos combinado com o Eowyn largar de Savusavu manhã cedo. Mas estivémos à espera da abertura da loja da Internet para reclamar a devolução de 5 horas que não tínhamos podido usar por o server ter estado em baixo. A hora da abertura deveria ser às 8H00, mas como é “Fiji time!” como aqui se diz, só abriu depois das 8H30. O destino era a ilha de Makogai onde chegámos cerca das 17H00. Esta ilha é pequena, em forma de cemicírculo, e tem nas suas pontas duas outras ilhotas, uma delas já está pegada à principal por uma barreira de corais, formando uma grande baía bem abrigada. Quando ali chegámos estavam 7 barcos fundeados. Depois do aperitivo a bordo do Eiwyn - queriam partilhar connosco uma garrafa de Porto comprada em Savusavu que afinal era produzido na Austrália - o jantar foi a bordo do Thor e às 20H estávamos prontos para ir para a cama. Vida difícil!!!

FIJI – 25.06.2010
Durante toda a noite e grande parte da  manhã choveu intensamente. Numa aberta fomos de dinghy até à ilha principal, em direcção a uma praia junto às casas que os nossos Guias de Viagem diziam ser de um Centro de Pesquisa Agrícola. Tinhamos à nossa espera o Guarda que nos perguntou de imediato pelo “sevusevu”, o presente de kava que era suposto ser-lhe oferecido em troca da sua permissão de visitarmos a ilha. Felizmente tinham-nos prevenido em Savusavu, e os Guias de Viagem também o dizem, para compramos alguns ramos de raízes de Kava no mercado local pois poderiam ser necessários nomeadamente nas ilhas mais remotas. Assim, entregue o ramo seguiu-se a cerimónia da sua aceitação. O Guarda sentou-se no chão, colocou o ramos de Kava à sua frente e mandou-nos sentar também. Depois fez uma reza na sua língua onde apenas percebemos as palavras Portugal e England que aparentemente se destina a aceitar o presente e desejar-nos saúde e sorte. Toda esta cerimónia teve um ar muito sério! Depois começou a visita guiada e as suas explicações. Aquela ilha é agora pertença do Ministério das Pescas e é aí desenvolvida a criação de bivalves, durante um ano, para depois serem lançados ao mar. Os diversos tanques de pedra existentes, mais de 12, tinham um ar bastante abandonado e apenas 1 estava a ser usado para os bivalves e um outro para o crescimento de 2 tartarugas. E ali estava um funcionário público a tomar conta daquela exploração! Este Guarda vive ali com a mulher há 15 anos e agora já tem os 3 filhos a estudar em Suva. Têm ali a sua casa, vão de 15 em 15 dias a uma ilha próxima fazer o seu abastecimento e a sua principal fonte de alimentação são uns porcos selvagens que tem que caçar. Anteriormente, até 1969, esta ilha tinha sido uma colónia de leprosos. A população chegou aos 5.000 habitantes e tinha casas, hospital, um cinema e um cemitério. Todos os destroços, apenas restam os alicerces de cimento das diversas construções, estão agora envoltos pela floresta tropical que foi crescendo. Esta visita foi uma experiência única!!! Mas chegámos ao barco começou de novo a chover mas levantámos ferro e rumámos a uma nova ilha, Naigani, que fica a cerca de 15 milhas de distância. Fundeámos junto a uma pequena praia – todas estas praias são uma pequena nesga de areia pois a floresta tropical avança até ao mar – numa zona bem abrigada onde estávamos só nós e o Eowyn.

FIJI – 26.06.2010
Levantamos ferro cedo – como nos deitamos muito cedo, também acordamos ainda antes do Sol nascer - e partimos rumo a Nananu-i-ra, uma ilha já quase pegada a Viti Levu, a principal ilha de Fiji. A viagem tem que ser muito cuidadosa, pois navegamos no meio de barreiras de corais e a sinalização é  muito deficiente, mesmo a indicada nas cartas nem sempre lá está colocada. Estamos numa zona mal carteada onde há recifes que não estão indicados nas cartas e o Eowyn acabou por bater num deles, mas aparentemente sem danos importantes. A baía onde ancorámos é bastante abrigada e continuamos só nós e o Eowyn. A paisagem é muito bonita e as montanhas à nossa frente são redondas e a floresta tropical foi substituída por pasto para gado, pois nesta ilha vivem essencialmente descendentes de europeus criadores de gado.

FIJI – 27.06.2010
Choveu toda a noite, mas durante o dia as nuvens foram desaparecendo. Levantamos ferro cedo pois queremos chegar a Lautoka ou a uma das Marinas existentes nas proximidades ainda de dia e são mais de 50 milhas. A viagem pareceu mais uma gincana, circundando as barreiras de corais e o Rui marcou mais de 16 waypoints para este percurso. Mas navegámos sempre com costa à vista e sempre com profundidades na ordem dos 16 metros. Estamos a rodear a ilha de Viti Levu pelo norte e oeste e a paisagem é muito bonita, montanhas cheias de verde, já não a floresta tropical, bancos de corais que se vêem à superfície e ilhas de areia que aparecem do nada com 2 ou 3 coqueiros altivos. Ao fim do dia chegámos à Marina Vuda Point que ainda tinha um lugar para nós, muito apertadinho entre dois outros barcos. Ao mesmo tempo chegou o Eowyn e também o Neoluna, um catamaran com um casal de franceses que vive em Singapura e que estão a fazer a volta ao mundo com os 2 filhos, de 8 e 11 anos. Finalmente estamos ligados a terra, isto é, a um estrado de madeira, mas temos corrente de 220V e água e já não precisamos de dinghy para ir a terra, basta um salto para o tal estrado. A última vez que tivémos estas mordomias foi em Papeete, no Taiti, exactamente há 2 meses atrás!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 10

TONGA – 11.06.2010
Ainda continuamos por Neiafu agora à espera que nos seja entregue o novo PC pois o nosso não tem arrranjo. Depois de tantos dias parece que tudo isto já se começa a tornar muito familiar. Conhecemos as lojas, os restaurantes, as pessoas e é de destacar a simpatia, a afabilidade e a vontade de ser prestável por parte de toda a gente, os locais e os estrangeiros que aqui vivem e que, na maioria dos casos, são os donos dos negócios, lojas e restaurantes. O tempo continua bastante bom, não está tanto calor e as noites são razoavelmente frescas. Os barcos do WARC começam a partir, estavam aqui 23, o Asolare (Amel 54 do Peter Turner) vai ficar aqui pelo Pacífico para se juntar a um Rally pelas ilhas do Pacífico e nós também deveremos partir na 3ª feira para Fiji para lá chegarmos antes do fim de semana pois também ali está tudo fechado ao sábado e domingo. No fim de semana iremos dar um passeio por estas ilhas e tomar banho e fazer snorkell o que aqui nesta baía não é recomendável fazer.

TONGA – 12.06.2010
Estamos de novo na ilha de Tapana, o jantar foi no Restaurante La Paella, e tivémos uma noite de flamenco verdadeiramente inacreditável. Esta ilhota tem 3 casas de madeira e uma outra construção com um grande terraço sobre o mar, o restaurante gerido por um casal de espanhóis que aqui está há quase 20 anos. A ementa são tapas feitas num fogão existente do lado de dentro do balcão e paella feita num fogo de lenha na parede do lado e tem música ao vivo sendo os artistas o casal. Mas esta noite havia artistas especiais, a tripulção do Kalliope. A Mª José dança excelentemente Sevilhanas e é muito bem acompanhada pelo marido, o Emílio, e também pelo Pepe e pelo António que também toca guitarra e bandolim. Foi portanto uma noite espanhola à séria em que acabámos todos, ou quase, a dançar no meio da sala. Os restantes clientes eram as tripulações do Eowyn, do Ciao, do Crazy Horse, do Ocean Jasper e a Cissy e o marido donos da loja de tea-shirts em Neiafu, 15 no total. No meio do espectáculo apareceram uma cabra e um cão, o restaurante praticamente não tem paredes, brincando, dando saltos, marradinhas e namorando (é mesmo assim) e confraternizando com os clientes. Uma delícia! No final da noite a conta foi um absurdo, ao nível do melhor restaurante em Portugal, mas aceitam cartões de crédito incluindo American Express. Esta foi sem duvida, uma experiência inesquecível nesta ilhota perdida no reino do Tonga.

TONGA – 13.06.2010
Antes de retornarmos ao Porto de Refúgio de Neiafu demos uma volta de dinghy pelas redondezas. É notável como estas águas são calmas, parece um lago e são transparentes, de uma cor verde muito clara. Ao longe vêem-se mais ilhotas muito pequenas e com muita vegetação, parecem cogumelos dispersos no horizonte. Junto a uma praia que fica ao lado, existem boias e bastantes barcos aí fundeados e uma construção flutuante azul-clara que parece uma casa. É o estúdio, loja aberta ao público e a casa de habitação de uma Americana, pintora, e tem o pomposo nome The Ark Gallery. Ali vende originais e reproduções de pinturas suas. Havia um original com uma mulher a trabalhar, tinha umas cores verdes fortes, de que gostei muito, mas não tinha dinheiro suficiente para o comprar. Fiquei com pena!

TONGA – 14.06.2010
Afinal a partida para Fiji foi adiada para 6ª feira pois, de acordo com as diversas previsões meteorológicas consultadas, poderia haver vento muito forte no percurso. À cautela e porque não temos pressa, ficaremos por aqui mais uns dias. A mesma decisão foi tomada por diversos veleiros, incluindo o Eowyn que continua por perto. Entretanto o computador ainda não está estabilizado e foi marcado mais um encontro com o Thomas. Contou-nos que está no Tonga há 6 anos. Começou  por vir passar 2 semanas de férias – ele e a mulher gostam muito de viajar e a escolha do Tonga foi o resultado de uma busca de um país exótico, diferente e pouco explorado - depois celebrou um contrato para um trabalho de consultoria por 6 meses, seguido da decisão de por aqui ficarem pois haveria alguma coisa que poderiam fazer por aquele país. Ele que era Engenheiro com um Master Degree em Canalizações, dedicou-se aos computadores no Tonga. E por aqui continuam, embora a filha já crescida, 28 anos, se mantenha na Suiça. É um salto de todo o tamanho na vida de uma pessoa! É preciso coragem! À noite fomos jantar ao Giggling Whale. Mais um restaurante explorado por um casal, ele Inglês e Canadiano e ela Grega, que depois de muitas buscas pelo mundo decidiram aqui investir no turismo. O restaurante só está aberto 6 meses, de Junho a Novembro, pois no resto do ano não há turistas e os locais não vão comer a restaurantes. Embora os ciclones sejam raros, houve um em 2000 e outro em Fev deste ano e até a promoção oficial do Tonga promove a estação seca como a melhor altura para visitar o país e a sua aposta esssencialmente virada para a observação das baleias, reduz a época turística para pouco mais de 4 meses, condicionando assim o investimento e o desenvolvimento. Segundo dizem os entendidos este país tem excelentes condições para uma aposta muito mais séria nas actividades náuticas durante todo o ano, mas talvez dessa forma se perdesse o carácter exótico e típico mantendo vivas as tradições e costumes das gentes locais. E é também isso que lhe dá este interesse muito especial.

TONGA – 15.06.2010
Todos os dias pelas 8H30 há uma emissão local em VHF para os barcos que por aqui se encontram. Tem previsão meteorológica, informação sobre o que vai acontecer nesse dia em terra, pedidos urgentes de medicamentos ou de outras urgências, dos barcos que procuram tripulação ou têm peças ou equipamentos para comprar, vender ou trocar e  ainda publicidade feita por cada um dos restaurantes com as suas ementas do dia. Um serviço bem útil! Nova ida ao mercado para comprar verdes para saladas e hoje havia um pouquito mais de quantidade e variedade,. Comprámos uma alface e basílico italiano e a vendedora ofereceu-nos alface de 2 outras variedades e salsa. Não sei se esta era a sua forma de promover os seus produtos, dizia que se gostássemos voltaríamos para comprar mais, ou se era uma forma de dar. O mercado não tem balanças, é tudo vendido à unidade com preços diferentes segundo os tamanhos ou em montinhos de 3 ou 4 peças (cebolas batatas, tomates etc.). Aqui no Tonga quase toda a gente fala Inglês, os mais antigos pelo menos entendem, e assim a comunicação é mais fácil. Entretanto descobrimos ao pé do mercado mais um supermercado, este só para bebidas e congelados. Comprámos camarão (creio que se não fosse aqui não teria gostado do aspecto) e convidámos o Graham e o Mike do Eowyn para virem comer uma arroz de camarão à moda do Tonga. O tempo parece estar a ficar com má cara, muitas nuvens a ameaçar chuva e vento, pelo que não apetece sair daqui para ir fundear noutro qualquer sítio da ilha. Pelo menos aqui estamos bem abrigados e agrrados a uma bóia.

TONGA – 16.06.2010
Hoje assistimos a um funeral aqui em Neiafu. A casa do defunto estava ornamentada com panos roxos, havia uma grande fila de pessoas para entrarem nessa casa, algumas com ramos de flores na mão, todas vestidas de preto com o tal tapete de palha à cintura. Depois os homens concentravam-se num terreno ali ao lado, onde tinha sido construída uma tenda para se abrigarem, e as mulheres sentavam-se no jardim em frente da casa, cantando cânticos religiosas, num coro muito afinado e com vozes muito bonitas, idênticos aos que ouvimos sair das igrejas. O ambiente geral era de grande consternação, mas com um grande silêncio para além dos cânticos. Depois fez-se o funeral, com um carro da polícia à frente, uma banda tocando uma uma música triste e espaçada, o caixão embrulhado no tecido fibroso feito de plantas, tapa, e os acompanhantes, em silêncio, seguindo o caixão. E parece que toda a povoação parou para participar no funeral.

TONGA – 17.06.2010
Os preparativos para o Check-out correram melhor do que o esperado. Afinal conseguimos percorrer as diligências com Imigration, Customs, Capitania, Combustível, Customs de novo durante a manhã e às 14H00 já tínhamos tudo despachado. Em princípio são necessários 2 dias e, quando o movimento é muito, ainda mais. À noite , para despedida, fomos jantar ao Aquarium com o Eowyn. Era noite de ementa mexicana de que nenhum de nós gostava particularmente, mas havia um grupo tocando música local e por ali ficámos. Foi esta a nossa despedida do Reino do Tonga!

PACÍFICO SUL – 18 a 21.06.2010
Depois de metermos água no pontão do Aquarium e de irmos ao Crow’s Nest gastar os últimos Pa’anga em bolos e pão, partimos rumo a Fiji. Foram 3 dias de viagem em que nada de especial aconteceu. Algum vento, o suficiente para pôr o Thor a velejar, algum mar para tornar a viagem menos confortável, apenas isso, alguns aguaceiros e é tudo. De manhã e à noite há o contacto com os barcos que navegam nas proximidades, desta vez era o Kalliope, Eowyn, Ciao e Brown Eyed Girl e assim sabemos a posição relativa de cada um e se está tudo a correr bem. Nesta viagem passámos um marco importante, o meridiano dos 180º, isto é, cruzámos o meio do planeta terra. A nossa longitude passou agora ser Este em vez de Oeste. Também desta vez estive sempre bem disposta,  por precaução tomei o Estrugeron 15mg e colei o penso de Escopalamina na orelha, e assim já tive vontade de ler, de fazer Sudoku, cozinhar e manter-me no poço a observar o mar! Quanto às refeições, o objectivo era consumir o que tivéssemos de fruta, legumes, manteiga, leite, batatas e cebolas pois teríamos que os deitar fora a mando dos Oficiais da Quarantine à chegada a Fiji pois tinham-nos dito que seriam muito rigorosos nesse domínio. Foi necessária alguma criatividade, mas também nenhum de nós é complicado no que às refeições diz respeito. A principal dificuldade é cozinhar num barco aos tombos, mesmo com um fogão basculante em que parece que a qualquer momento as panelas vão saltar para cima de nós. É obra!

FIJI – 21.06.2010
O nosso 1º porto de destino foi Savusavu, na ilha de Vanua Levu, a 2ª maior ilha de Fiji – no total são 332 ilhas - onde chegámos no começo da manhã. Aqui os relógios atrasam-se 1 hora. A entrada na ilha, ou antes as últimas 24 horas foram de vigia permanente, pois há muitas ilhotas e muitos recifes de coral que aconselham um cuidado adicional para além do que dizem as cartas electrónicas e as de papel, o que acrescido de um vento mais forte e alguns aguaceiros incómodos toranaram o fim da viagem bastante cansativa. Mas lá chegámos a uma enseada profunda e, seguindo as instruções da Copra Shed Marina, deveríamos encostar a um pontão, demasiado alto para o Thor, ou tentar encontar uma bóia de amarração disponível. Esta tarefa de amarração não foi fácil, pois havia poucos lugares disponíveis e entrámos 4 barcos quase ao mesmo tempo – apenas o Ciao chegou mais cedo - e da Marina tiveram alguma dificuldade em gerir a situação, era muita coisa ao mesmo tempo! Recebemos a bordo os Oficiais da Saúde e os da Imigration e os da Quarantine, em princípio os mais complicados, foram tratados em terra e foi preencher papeis e mais papeis. Até para nos deslocarmos daqui para outras ilhas é preciso uma autorização especial, papel que também já foi tratado. Ainda démos uma volta pela povoação, parecia muito movimentada, com vários supermercados bem abastecidos, um mercado com muita fruta e legumes, diversas lojas e ATM – a moeda local é o Fijian Dollar - e bastantes restaurantes. Savusavu é a 2ª povoação desta ilha, mas é o local mais visitado por yachts. A povoação estende-se por uma rua comprida junto ao mar, com casas coloridas e um tanto antiquadas, com excepção dos bancos, e muita gente nas ruas. Mas merece uma vista mais detalhada! A má notícia é que o gerador avariou de novo, a solução encontrada para a bomba de água não resultou e, portanto, resolver este problema irá ser de novo a nossa 1ª prioridade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Daily Log - Fiji 01

Ao segundo 42 do minuto 54 das 11 horas do dia 20 de Junho (Hora UTC ou 00H00 e 42 min locais) o Thor VI cruzou  a LIMD (Linha Internacional de Mudança de Data) teoricamente pois na realidade só passou dos 180º 00´ W para os 180º 00´ o que não deixa de ser um facto a comemorar sendo mais um marco nesta saudável aventura. Depois das devidas comemorações com chuva e tudo, foi continuar a puxar pelo Thor (já repararam no SOG que está registado?) até Savusavu onde fundeamos pelas 08H0 locais depois de quase 3 dias em acelerado face ao vento forte que nos acompanhou sempre dando-nos grandes momentos de vela apesar da chuva que também nos brindou. Correu tudo muito bem e até a Sra. marinheira se portou lindamente. Não há nada como uns dias de mar para resolver todos os problemas. É só falta de hábito! Como más notícias o gerador voltou a falhar pois a bomba cedeu novamente. Isto só lá vai com uma nova o que só pode ser feito na Austrália pelo que vamos tentar mais uma reparação de emergência. Agora acho que vou tentar dormir que é coisa que já não faço decentemente há uns dias. Cuidem-se.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 09

TONGA – 6.06.2010
Hoje o Rui fez anos. Finalmente temos rede nos telemóveis mas o gerador deixou de funcionar. É Domingo, dia dedicado à família no Tonga, em que é suposto e obrigado por lei, não se fazer nada. Não se pode pescar, não há aviões, as lojas estão fechadas, não há desportos e qualquer contrato celebrado neste dia é considerado nulo. Já era assim em Niue, mas no Tonga estes preceitos sáo muito mais rigorosos. Esta ilha é muito turística pelo que há excepções e tem alguns restaurantes abertos. As pessoas vão à missa vestidas a preceito e, por toda a ilha ouvem-se cânticos maravilhosos. Em termos de comportamento, é importante vestirmo-nos de forma respeitosa, os homens devem andar sempre de camisa e as mulheres não devem andar de fato de banho nas povoações – os Togan tomam banho completamente vestidos. O Rui desde bem cedo que tenta descobrir porque parou o gerador e finalmente lá descobriu que uma bomba de água se partiu e agora só na 3ª Feira poderá ver como resolver o problema pois só então terá lojas abertas. Ao meio da tarde o Graham e o Mike apareceram a bordo com um bolo feito pelo Graham para cantarem os parabéns ao Rui. Foram muito simpáticos! Eu não fiz nada pois o Sr. Comandante diz que não posso usar o forno porque aquece muito o barco e como também não tinha ovos ficou para uma próxima oportunidade. Entretanto fomos convidados para bordo do A Lady, onde o Donald também fazia anos hoje. O A Lady é só um Oyster 56,Irlandês e é uma verdadeira beleza, um autêntico apartamento de luxo. No cockpit estávamos 16 sentados e aí celebrámos os 2 aniversários. Depois fomos jantar todos juntos ao Dancing Roosters, "aparentemente" o melhor restaurante da cidade. A especialidade da casa era a lagosta grelhada - 1,5 Kg por bicho - e foi isso que comemos. Foi uma noite muito agradável com muita alegria, a comida não estava mal, mas nada que se compare aos “bichos” das nossas águas. O Rui teve um dia muito bom.

TONGA – 7.06.2010
Hoje é 2ª Feira e continua tudo fechado e, para carregar as baterias com o motor fomos dar uma volta pela ilha. Estamos em Vava’u, no Vava’u Group do Reino do Tonga. A ilha é muito recortada, parece uma amiba ou uma medusa gigante – por acaso há dezenas de medusas na zona onde estamos fundeados - e tem muitas outras ilhas e ilhotas à volta, são 61 no total, a maioria das quais desabitadas. Há muitas zonas de fundeio bem abrigadas, com praias de areias douradas e águas cristalinas e vêem-se dezenas de veleiros por aqui espalhados - há um outro grupo de barcos do "Pacific Rally" aqui pela zona. O nosso destino era a ilha de Tapana, para onde o Kalliope tinha partido no dia anterior e é na verdade uma zona de eleição, uma baía bem protegida com águas pouco profundas, imensas estrelas do mar à volta do barco, uma praia de coqueiros e areia muito clara e uma colina com 3 casas, uma das quais é o restaurante La Paella, gerido por uma espanhola mas que só serve jantares. Havemos de lá voltar. À noite houve uma festa no Restaurante Mango em Neiafu onde estamos fundeados, oferecida pelo WARC. Era um Buffet com comida local, à entrada era oferecido um colar de flores a todos os convidados  e uma taça de ‘kava’ – a bebida tradicional que dizem ser relaxante mas com um sabor muito pouco agradável – seguida da distribuição de prémios da etapa que terminou aqui e de danças locais, tendo terminado com toda a gente a dançar e muita alegria. Quanto a prémios, o Thor dominou a noite tendo recebido 2 prémios, um por ter sido o 2º do Grupo B e outro por ser o que mais se aproximou da data e hora a que tinha estimado chegar ao Tonga. Por todos estes motivos a noite foi muito animada!

TONGA – 8.06.2010
Pela manhã um Tour para visitar o Jardim Botânico, seguido de almoço numa praia ali ao lado. Na viagem de autocarro e mais 2 carrinhas em avançado estado de velhice deu para perceber o que é a ilha para além do aspecto turístico da costa e da sua principal povoação. Impressiona a quantidade de igrejas que se vêem e que são sempre os edifícios mais arranjados e os únicos de pedra e tijolo. As casas são de madeira com um ar frágil e um aspecto muito pobre e a estrada que parte da cidade começa por ser de alcatrão e acaba num caminho de terra batida. A visita ao Jardim Botânico foi muito curiosa sobretudo pela demonstração viva da utilização dada  a diversas árvores, frutas ou folhas como por ex: o Noni, sisal, baunilha coco, etc. Deram-nos a receita para fazer essência de baunilha e que hei-de experimentar. O almoço foi de novo o buffet de comida típica, praticamente com os mesmos pratos do dia anterior, seguido de danças tradicionais novamente dançadas por crianças locais – foi dada a explicação que esta é uma forma de lhes dar maior auto-confiança e é também uma forma de as habituar desde cedo com as artes tradicionais do Tonga (!). À tarde estava marcado um encontro com o Thomas um Eng. Suiço que aqui se dedica ao negócio dos computadores e que iria tentar pôr o PC a funcionar ou em alternativa vender-nos um.  Ou seja, de uma maneira ou de outra parece que iremos sair daqui com o problema do computador solucionado. Quem haveria de dizer!!

TONGA – 9.06 2010
Mais um dia em Neiafu a tentar encontrar solução para a bomba de água do gerador. Como não há bombas para venda - as lojas e os stocks disponíveis são uma coisa verdadeiramente inqualificável - a alternativa foi consertar a bomba numa loja que trabalha em fibra de vidrio. Veremos se resulta. Hoje fomos também ao mercado no interior vende-se artesanato, no exterior vende-se frutas e legumes em muito pouca quantidade e variedade. Comprámos cebolas, batatas, ovos, alface, basílico, pimentos, bananas pequeninas e ananás ainda verde mas pouco mais havia. Fomos também ao supermercado, neste caso um chinês. Há na cidade quase uma dúzia destes supermercados, cada um mais pobre e com menos stock que o anterior. À tarde apanhámos a saída das escolas, a cidade tem pouco mais de 3 ruas, e é muito interessante ver as crianças com as suas fardas de cores variadas, os rapazes usam camisas brancas e uma espécie de pareo a servir de saia com as cores de cada uma das escolas e as raparigas saias da mesma cor e 2 tranças compridas com atilhos da cor das saias. Alguns deles e também muitos dos locais, usam uma espécie de tapete de palha enrolado à cintura ou um cinto com pendentes feitos de sisal. Tudo isto é muito curioso e com  um ar muito genuíno


TONGA – 10.06.2010
Mais um dia para tratar dos assuntos pendentes, o gerador e o computador. À noite uma Tonga Feast Nite no restaurante Aquarium acompanhada de música e de danças locais e da cerimónia da Kava. O menu era muito típico, entrada de algas com coco ralado, peixe cru, uns embrulhos com folhas de árvore atados com ráfia e que tinham dentro peixe cozinhado com leite de coco e outro corned beef (sim, o das latas!) e mais uma quantas coisas que nem sei bem o que eram. A apresentação era muito bonita, algumas coisas muito agradáveis, outras nem por isso, mas era tudo muito diferente daquilo que estamos habituados. Quanto ao canto e à dança, digamos que teve o encanto de ser muito pueril e naif. Uma verdadeira noite de festa no Reino do Tonga!!! 

Daily Log - Tonga 03

Estamos de partida de Vava´u no reino do Tonga. O check out está feito, (foi mais simples do que o previsto) o barco reabastecido, o plano de viagem enviado para Savusavu em Fiji - é obrigatório avisar as autoridades da chegada com 24 horas de antecedência - as previsões meteo verificadas (são aceitáveis) e já chega de Tonga !! Há quase 2 semanas que andamos por aqui o que é demasiado, apesar de isto ter uns sítios absolutamente magníficos para a vela. Os problemas estão solucionados pelo menos para já o que é excelente para os recursos existentes. Esperam-nos cerca de 400 milhas com um vento razoável na casa dos 20/25 nós  "a empurrar". Devemos chegar 2ª Feira pela manhã. Cuidem-se, que nós também. Beijinhos e abraços.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 08


NIUE – 31.05.2010
Chegámos ontem a Niue já noite cerrada, eram cerca das 19H30 locais, mas uma carta electrónica precisa,  boias bem sinalizadas com bandas reflectoras e o apoio do Tucanon com uma lanterna a indicar-nos onde estava, permitiu que fizéssemos a manobra de amarração sem quaisquer problemas. A mim mete-me sempre um bocado de receio chegar assim a um sítio desconhecido, à noite, sem perceber o que nos rodeia, mas correu tudo bem e passado pouco tempo recebemos a visita do Graham e do Mike do Eowyn que já cá estão há vários dias e, para além de virem beber uma cerveja a bordo, vieram dar-nos informações e contar as suas impressões sobre Nuie. Em resumo: estão encantados! Na 2ª feira pela manhã o Rui foi a terra tratar das questões burocráticas, polícia, alfândega, banco – a moeda é o Dólar da Nova Zelândia - e sei lá que mais e eu fiquei a bordo a dar uma limpeza no barco – em viagem não consigo fazer quase nada! Estamos numa grande baía abrigada dos ventos e a ilha, ao contrário daquelas por onde temos andado, tem enormes arribas que caiem a pique sobre o mar. É por isso que ir a terra de dinghy implica um processo complicado de o fazer subir com um guincho, eléctrico, para um cais mais elevado. De tarde fizémos a nossa 1ª exploração da ilha. Levámos o lixo, há que pagar uma taxa para que seja incinerado, levámos a roupa à lavandaria, a roupa é lavada à mão e seca ao sol, espreitámos os 3 supermercados existentes e a loja duty free de bebidas alcoólicas e fomos até ao Yacht Club onde o WARC está instalado e que tem um café e uma loja de gelados mas que estão esgotados até ao próximo fornecimento. Nuie é um país independente que se colocou, voluntariamente, sob a protecção da Nova Zelândia, tem actualmente pouco mais de 1.000 habitantes, um aeroporto internacional com um voo semanal e um abastecimento por barco mensal. Tem 1 Primeiro Ministro e 3 Ministros e um Parlamento com 20 Deputados. Está numa zona de ciclones e em 2004 foi bastante arrasado por um ciclone da classe 5, estando ainda agora a refazer-se da destruição. A paisagem é linda, parecendo que cada sítio por onde passamos é mais bonito que o anterior, e tem um mar com águas de uma limpidez impressionante (a uma profundidade de 25 metros ainda se consegue ver o fundo do mar). As pessoas são muito simpáticas e todos nos cumprimentam, mesmo quando passam de carro. Ao fim da tarde fomos tomar uma bebida ao Matavai Resort de cuja esplanada, alta sobre o mar, assistimos a um pôr do sol magnífico e depois o WARC foi convidado para um Barbeque no Yacht Club que terminou com um grupo de locais a tocar e a cantar canções americanas dos anos 60. Um verdadeiro encanto!

NIUE – 01.06.2010
A manhã de hoje foi dedicada a pôr em dia os e-mails e as noticias do nosso país. É que há muito não tínhamos Internet com sinal tão razoável e ainda por cima gratuita! As noticias não são boas, mas aqui sentimo-nos tao longe de tudo!! A tarde um tour pela ilha organizado pelo Comodoro, um maduro NeoZelandes reformado que é  o chefe e o grande dinamizador do Yacht Club de Niue – passam por ali 200 veleiros por ano, no máximo. Lá fomos em 2 minibuses bastante velhos e visitámos alguns dos locais famosos da ilha, sobretudo as grutas com as suas estalactites e estalagmites, águas doces cristalinas a juntarem-se ás águas do mar com uma fauna muito curiosa, aldeias com casas dispersas e muitas delas abandonadas e uma costa de corais agreste. A população vive essencialmente da ajuda da Nova Zelandia, embora seja um país independente. Oficialmente são 1200 habitantes, 600 dos quais população activa e destes perto de 500 trabalham nos servicos publicos. As casas sao de madeira, pre-fabricadas, com um ar frágil e pobre e, por norma tem contentores por perto. Há-os por todo o lado!! As galinhas são selvagens e andam a solta. Também nesta ilha de silêncio um dos sons mais frequentes é o canto dos galos. ATM nao há, mas há um Banco onde trocam USDolares, pois fazer um Cash-Advance é possivel com cartões Visa, mas muito mais caro e demorado. O Banco é muito curioso, há filas a toda a hora e é tudo feito manualmente. O cofre forte dá para a sala do publico e está sempre aberto. Num país tão pequeno não há assaltos! Á noite, organizado pela Suzana, houve um jantar no Jenna’s Cafe, ao qual estivemos quase para não ir pois os aguaceiros ao fim do dia pareciam não parar. Mas acabámos por ir e valeu bem a pena. Ás 3as Feiras é servido um Niuean Buffet com comida típica cozinhada muito lentamente num forno feito na terra. Havia sopa de galinha com milho, peixe cru, saladas, galinha, porco e muito mais. A forma de cozinhar e os ingredientes eram estranhos, mas o sabor final muito bom e diferente. O restaurante é gerido por uma familia e esta refeição começou com uma explicação na lingua local feita pelo patriarca e uma oração que parecia nunca mais acabar rezada por um padre, durante a qual o locais, muito respeitosamente, mantinham a cabeca baixa e os olhos fechados. Depois do jantar seguiram-se danças por um grupo de raparigas, da familia e amigas o mais naif que se possa imaginar e um artista com tochas de fogo. No final as pequenas lá fizeram o número de convidar alguns dos assistentes para dançar e eu fui uma delas. Quem havia de dizer!!!

NIUE – 2.06.2010
Dia de preparativos para mais uma partida, agora para o reino do Tonga. Entretanto o PC deu o berro, e segundo a opinião de um técnico local – na loja de internet haviam 3 especialistas! – poderá ser uma questão de humidade, mas depois de ter estado cerca de 3 horas à volta do dito, disse não ter meios para resolver o problema. Assim ficámos sem Internet e principalmente sem acesso aos e-mails e á previsão meteorologica. No entanto o Voyageur sai tambem hoje e vamos juntos para que nos possa fazer chegar, por radio, qualquer informação importante. A viagem para o reino do Tonga deverá durar cerca de 40 horas.

PACIFICO SUL – 3 e 4.06.2010
Chegamos a Vava’u, no Reino do Tonga, pelas 12:30 horas do dia 5 de Junho. A viagem demorou cerca de 40 horas, houve pouco vento pelo que viemos muito tempo a motor. O único animal que vimos durante a viagem foi uma grande cobra de água logo à saída de Niue. Também nesta viagem não soube o que era “mal de mer”. Será que já estou curada ??

TONGA – 5.06.2010
Estamos numa grande baía no interior da ilha de Vava'u – dizem que esta baía é uma das mais bem protegidas do mundo – encostámos ao pontão para que os Oficiais da Emigração, Saude, Quarentena e  Alfândegas viessem a bordo e desembaraçassem o barco. As regras são (?) muito rigorosas e era suposto não deixarem entrar na ilha frutas, legumes, manteiga, ovos ou outras embalagens abertas – ainda deitei borda fora 2 cebolas e 3 batatas antes de aqui chegarmos – mas talvez por virmos integrados no WARC não inspeccionaram nada limitando-se a umas perguntas de rotina e a pedirem 2 cervejas e 1 Coca Cola. Depois houve que acertar os relógios – o Tonga está a leste da IDL (International Date Line) pelo que a diferença horária para a UTC passou de -12 horas em Niue para +13 horas no Tonga. Assim, ao chegarmos, adiantamos o relogio 1 dia, ou seja, chegámos no dia 4 de Junho mas aqui já era 5 de Junho, Sábado. Nas nossas vidas o dia 4 de Junho de 2010 não existiu. Estranho, não é? Ainda por cima o planeamento tinha sido feito para não chegarmos na 6ª Feira pois era feriado e neste país aos fins de semana e feriados está tudo fechado, mas à ultima da hora o feriado foi mudado para 2ª Feira e assim só na 3ª Feira teremos lojas abertas. Depois de autorizados fomos para a zona de fundeio, o Porto de Refugio de Neiafu, onde há boias reservadas para o WARC e, espanto nosso estão aqui fundeados mais de 50 barcos, embora mais tarde venhamos a constatar que muitos deles são charters, pois isto é uma base da Moorings e da Sunsail e muitos outros estão aqui a Invernar. Durante a tarde ainda demos um passeio exploratório por Neiafu a principal cidade da ilha de Vava`u, confirmando que estava tudo fechado mas, ainda pudemos levantar dinheiro em 2 ATM de 2 Bancos – a moeda local e o Tongan pa´anga e vale 0,33 €. Á noite um Barbeque no Vava'u Yacht Club organizado pelo WARC onde houve uma "performance" por 3 crianças (de 8, 9 e 11 anos) dançando musica local – orientadas pelas mamãs !! - e que recebiam dinheiro dos espectadores num cesto colocado à sua frente ou mesmo metido na sua parca roupa. Neste país é um insulto dar gorjeta, mas a oferta em dinheiro e admissível se for como reconhecimento por um serviço especial prestado o que, pelos vistos, seria o caso. No Ocidente chamar-se-ia a isto exploração infantil, mas aqui estamos num outro mundo!!! 

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Daily Log - Tonga 02

Pois é meus amigos, regressados do fim de semana passado num local perto aqui do porto de Neiafu, que tem um restaurante (uma espécie?) espanhol que faz paella (?) e onde no Sabado 'por la noche' os kalioppes dançaram umas sevilhanas de se lhe tirar o chapéu. Foi um espectáculo fantástico e uma noite muito divertida. Estas são as boas noticias porque das outras ... o gerador voltou a falhar pois a bomba voltou a ceder, mas já está a ser reparada e reforçada. Tive de comprar um computador novo (imaginam o que é comprar um computador no Tonga Kingdom??!) e tem-me dado um trabalhão recuperar tudo o que estava no outro e ainda por cima com uma net que trabalha a lenha. Mas está quase! Entretanto e face às más previsões meteo - ventos força 8-9-10 a meio do nosso caminho - só vamos sair para Fiji na 6ª Feira (18) depois desta tempestade passar. Até lá cuidem-se, que nós tambem. Beijinhos e abraços 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Daily Log - Tonga 01

Meus caros amigos as coisas estao a regressar ao normal. O computador vai ser substituido - o antigo nao tem arranjo - e o gerador que desde que chegamos a Vava'u nao trabalhava - tinha a bomba de circulacao do anticongelante partida, o que me deu cabo da cabeca ate descobrir o problema- ja foi recuperado (consegui que me refizessem o corpo da bomba em fibra de vidro) e voltou a trabalhar que nem um relogio, para meu descanso. Vamos passar o fim de semana num ancoradouro aqui perto e voltamos no Domingo para na Segunda fazermos os papeis do checkout para partir na Terca para Fiji. Entretanto e natural que o novo computador assuma as novas funcoes e tudo volte `a normalidade. A Sra Armadora tem continuado a fazer a sua especie de diario e nao perdem por esperar!!! Beijinhos e abracos do Reino do Tonga na Ilha Vava'u. Thor VI over and out.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Daily Log - Kingdom of Tonga

Meus caros amigos acalmem-se porque estamos muito bem, com a tripulacao a continuar a ser de luxo. Chegamos a Vava'u em 05Jun com o acerto da data/hora - adiantamos 24 horas - onde estaremos ate 15Jun e dai partiremos para Fiji. Entretanto o computador `apagou-se` e por isso estamos limitados no acesso a internet - estou num internet cafe que nao tem acentos nem um teclado decente, portanto adivinhem os acentos e o significado das palavras. So devo voltar a ter computador no fim da semana - se tudo correr bem !!! - portanto tenham paciencia e esperem noticias actualizadas so la para a semana. Continuem a portar-se bem. beijinhos e abracos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Daily Log - A Linha de Mudança de Data (LMD)

Recostem-se e preparem-se para puxar pelos neurónios, por uma vez. Quando é meio dia de Domingo no Tonga e toda a gente cumpre religiosamente a lei que obriga a não fazer nada, é exactamente a mesma hora (meio dia) em Samoa só que é Sábado (!). Isto faz algum sentido? Já ouviram falar na LMD? Se Samoa e Tonga estão em lados opostos da LMD como pode a hora ser a mesma? Não deveriam estar em fusos horárias diferentes? Na realidade olhando para o mapa verificamos que a LMD não é exactamente uma recta tendo, antes pelo contrário, umas alterações muito significativas. Na Conferência Internacional de Meridianos em1884 em Washington, foi decidido colocar uma LMD imaginária no meridiano 180º de longitude, exactamente a meio da volta ao mundo começada no meridiano de Greenwich (0º), mas também foi acordado que aquela linha não iria interferir com os usos e horas locais. Assim Fiji não quer ser dividido em dois dias diferentes, como também não é razoável que as Ilhas Aleutas estejam um dia à frente do Alaska, ao mesmo tempo o Rei do Tonga não queria estar um dia atrás dos pesos pesados do Pacífico Sul, Austrália e Nova Zelândia. Perante tantos constrangimentos a LMD foi desenhada arbitrariamente a Este do Tonga. Em 1892 para tornar as coisas mais complicadas o Rei de Samoa foi convencido a adoptar a data americana, resultando em mais uma alteração da LMD, o Tonga e Samoa estão no mesmo fuso horário só que em lados diferentes da LMD. Perceberam? Pois, eu também, mas afinal o que me interessa a mim, aqui no Thor VI é saber quando passo para o outro lado (salvo seja!) ou seja quando isto começa a descer. Sei que vou chegar ao Tonga no dia a seguir ao planeado e que, de repente passo para 13 horas a mais da hora UTC, mas ainda não passei os 180º de longitude. Sabem que mais, quando cruzar os 180º de longitude abro a garrafa que o meu amigo Rija me ofereceu e comemoro condignamente o feito, o resto são tretas. Divirtam-se.   

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 07

BORA BORA – 18 e 19.05.2010
Os preparativos para a largada continuam: meter água, ir ao supermercado (ao Chin Lee em Vaitapé que tem uma grande variedade de produtos, excepto frutas e legumes), assistir ao skipper’s briefing e fazer a despedida da Polinésia Francesa. E ao Eduardo que também se vai. Foi bom tê-lo connosco estes dias. Vamos sentir a sua falta. Mas outros valores mais altos se levantam! O último jantar em Bora Bora foi no Bloody Mary’s, o restaurante mais famoso aqui do sítio. Era também feito de palhotas, com o chão em areia de coral (onde não nos enterramos, nem ficamos com os pés sujos de areia) e tinha o chef à entrada, por detrás de um expositor com os diversos pratos que podiam ser servidos, para explicar o que eram, quais os acompanhamentos e quanto custavam. Ao seu lado estavam 3 grandes barbeques e do expositor as peças de mahi mahi, atum ou carne australiana passavam logo para a grelha. Mas o serviço funcionava bem. E o ambiente era muito agradável, quase de festa. Nessa noite só do WARC estaríamos mais de 40 pessoas creio que de 11 barcos. Como bom restaurante turístico que se preza, vendia tea-shirts com o nome do restaurante, que nós comprámos, é claro. A partida para a próxima “leg” foi dada às 12H00 com pouco vento mas por precaução, tomei 1 Estrugeron Forte ao pequeno almoço. Bora Bora foi desaparecendo no horizonte e pronto a Polinésia Francesa ficava para trás.

PACÍFICO SUL – 20 e 21.05.2010
Temos quase 48 horas de viagem e ainda falta outro tanto ou mais, para a próxima paragem em Suwarrow. No 1º dia dormi o dia todo, devia ser o efeito do comprimido e no dia seguinte, também pouco mais fiz tendo passado mais horas deitada que noutra posição. A mim está-me destinado tratar das refeições e o Rui trata de tudo o resto. Não é uma partilha equitativa, mas para já é o que se pode arranjar!

PACÍFICO SUL – 22 a 24.05.2010
A situação (a minha) não melhorou nos dias seguintes e só quando cheguei a Suwarrow acordei desta prostração ou torpor, em que mergulhei. Ainda tomei uns comprimidos que me tinham sido dados como milagrosos para estas situações, Cinet, mas nada. Na próxima, tenho que experimentar outras alternativas. Mas a viagem (5 dias) também foi de uma grande monotonia. A temperatura foi sempre agradável e uma tea-shirt de manga curta é suficiente mesmo para a noite mesmo com uns aguaceiros de vez em quando. Houve sempre nuvens em quantidade suficiente para não nos deixarem ver bem o nascer e o pôr do sol e vimos muito poucas aves e não houve baleias ou tubarões a virem ter connosco, na realidade o Pacífico tem pouca vida. De diferente, apenas a tentativa frustrada de pesca de um espadarte pelo Rui com bicho aos saltos no mar, não longe de nós. Mas nem tudo é mau e como estive estes dias comendo muito pouco, perdi algum peso. Aqui está a face positiva desta situação!

SUWARROW – 24.05.2010

Chegámos a Suwarrow por volta do meio dia. Estamos num Parque Nacional das Cook Islands onde os únicos habitantes costumam ser 2 guardas que aqui passam 6 meses por ano, mas que só deverão chegar no princípio de Junho. Antes de nós chegaram o Assolare, o Ciao e o Voyageur e estão cá mais 2 barcos, um australiano e um francês, que não pertencem ao WARC. Estamos fundeados numa lagoa imensa, perto da ilhota principal onde existe um abrigo muito precário para os Guardas, mas que pomposamente é chamado de Suwarrow Yacht Club. Para nos acompanhar temos o barulho permanente das ondas a rebentar sobre os corais e o som de umas aves muito palradoras que nos sobrevoam, bem como a companhia de muitos peixes à volta do barco e, de vez em quando, de um pequeno tubarão que nos visita curioso (o maior deveria ter cerca de 1 metro e meio). Mal chegámos recebemos logo o convite do Peter e da Mandy para jantar no Assolare, apenas precisávamos levar as bebidas e qualquer coisa para aperitivos. Como ainda tenho Queijo da Serra e enchidos alentejanos, foi o que levei. O jantar foi peixe de caril, pescado pelo Peter no Atlântico. O convite foi extensivo a todos os barcos do WARC e depois do jantar ainda apareceu a tripulação do Lisa, mais 4, que entretanto tinha chegado. No final da noite éramos 12 no cockpit do Assolare (Amel 54) e foi uma noite maravilhosa e bem divertida. Como é bom um barco grande para estes eventos sociais! A proposta de programa do Peter e da Mandy para o dia seguinte era pela manhã a exploração de 3 ilhotas existentes aqui na lagoa e, à noite, uma beach party, proposta que teve a anuência de todos.
 SUWARROW – 25.05.2010
O encontro foi marcado para as 10H00 e lá partimos 3 dinghys (12 pessoas) para a visita às 3 ilhotas que o Peter e a Mandy conheciam na sua passagem por Suwarrow há 2 anos atrás. Estas ilhotas são mais precisamente 3 pequenos motus ligados por corais, mesmo à beira da rebentação das ondas na barreira de corais e são uma zona natural de nidificação. Havia centenas de aves, algumas em acasalamento como as lindas fragatas de papo vermelho, passarinhos acabados de nascer e, para além disso, corais lindíssimos e muitos, muitos peixes e também tubarões ainda pequenos. Durante o passeio que durou cerca de 3 horas tirámos muitas fotografias e apanhámos algum lixo, sobretudo plásticos, que o mar atira para terra e que no final foi queimado numa fogueira feita na ilha. Ainda levámos o equipamento para fazer snorkeling, mas um arreliador aguaceiro levou-nos para o barco mais cedo. Para a “beach party” tinham sido convidados não só os barcos do WARC, entretanto tinha chegado o Tucanon, mas também os outros barcos aqui fundeados que agora já eram 4, tinham chegado um americano e um solitário alemão. Cada barco levava a sua comida e bebida e juntámo-nos todos na praia, à volta de uma grande mesa numa palhota ali existente parece que de propósito para este efeito. Levei arroz com atum que foi um sucesso. No jantar conhecemos um casal de franceses muito novinhos que andam por estes mares, já há cerca de 3 anos, ele faz reparações em barcos e ela é padeira e pasteleira tendo instalado a bordo o equipamento necessário para fornecer de pão ou pastelaria quem lhe queira comprar. Amanhã a bordo do Thor vamos ter pão fresco acabadinho de fazer. Um luxo (a 3 US$ cada pão) nesta ilha deserta e perdida no meio do Pacífico Sul!

SUWARROW – 26.05.2010
O tempo alterou-se e hoje fez muito vento todo o dia e o céu está a cobrir-se de nuvens ameaçadoras de chuva. O Thor balança muito e o ferro e a corrente fazem bastante barulho de quando em vez. O limite das 72 horas termina amanhã pelas 11H00 pelo que antes dessa hora levantaremos ferro e rumaremos a Nuie. Esperam-nos 4 dias de viagem e a chegada está prevista para 2ª feira de manhã. O resto dos barcos aqui fundeados fará o mesmo. Hoje fomos explorar esta ilha aqui ao pé, onde existe o abrigo para os Guardas e a sepultura do Tom Neale que aqui viveu em total isolamento cerca de 25 anos. É um motu muito frondoso, muitos coqueiros e árvores frutapão, e é espantoso como tantos cocos no chão estão já a criar raízes e têm folhas a rebentar. A praia tem uma areia dourada finíssima e à beira da água existem grandes colónias de peixes e alguns tubarões bebés que não se afastam quando passamos perto deles. E a água é de uma clareza impressionante. Como combinado, o pão fesco foi-nos levado a bordo pela “Les Délices de Sophie” (é excelente) e amanhã teremos novo fornecimento antes de partirmos.

PACÍFICO SUL – 30.05.2010
São 17H00 (hora de Bora Bora), 16H00 locais e estamos quase a chegar a Nuie, a ilha já se vê ao longe. Afinal demorámos menos que o inicialmente previsto pois durante toda a viagem fez sempre muito vento e muito mar e o Thor andou muito bem. Também apanhámos bastantes aguaceiros o que tornou a viagem um tanto desagradável. Desta vez as coisas não correram mal, pela minha parte, em termos de má disposição. Tomei 1 comprimido Strugeron de 15 mg antes da partida e depois mais 2 ou 3 de 12 em 12 horas e coloquei um adesivo atrás da orelha e resultou: estive sempre bem disposta. Da viagem propriamente dita pouco há a dizer. Vimos apenas uma meia dúzia de aves, uma lula suicidou-se no convés do Thor, eu fiz as refeições e o Rui esteve sempre no comando, no poço, mesmo durante as noites, poupando-me às vigias.

Daily Log - Niue 01

19:14.00 hora local de Niue (12 horas menos que Lisboa), o sol tinha desaparecido à cerca de uma hora e o Thor VI cruzava a linha de chegada deste troço da 7ª etapa. Foi um dia fantástico de vela com um vento sempre na casa dos 20 nós ligeiramente de popa o que dava cerca de 80/90ª de vento aparente que é uma mareação que o Moody gosta particularmente. Foram cerca de 85 milhas nas ultimas 12 horas para ver se conseguia ir jantar a terra. Chegámos a horas mas os "customs" - com toda a simpatia do mundo - só nos credenciaram para ir a terra esta manhã (2ª feira) depois das muitas formalidades legais. Niue é um dos mais pequenos estados independentes do mundo sendo governado numa livre "cooperação" com a Nova Zelândia. Tem, residentes, cerca de 1200 habitantes - eram cerca de 20.000, fizeram um aeroporto internacional para incentivar o turismo e a emigração disparou restando neste momento 1200 niueanos - e face a este numero bastante reduzido, têm aqui na ilha um deputado (!) para cada 60 habitantes (eles são iguais em todo o lado). As pessoas são de uma simpatia extrema, o ritmo é de uma calma arrepiante e a "cidade" de Alofi é muito engraçada, tem poucas coisas mas o suficiente para as nossas necessidades. Para conduzir (pela esquerda) é necessário uma licença de condução local, que fui tirar porque é um "espectáculo" e tem um Yacht Club que se define como " The biggest little yacht club in the world". É gerido pelo Comodoro Keith Vial  que é de uma simpatia e de uma disponibilidade extrema (para os mais interessados têm mais detalhes em www.niueyachtclub.com). Em principio vamos ficar por aqui até 4ª Feira partindo para Vava´u no Kingdom of Tonga onde devemos chegar no Sábado pela manhã. São apenas cerca de 230 milhas mas como vamos atravessar a Linha de Mudança de Data avançamos um dia, passamos de 6ª Feira para Sábado num abrir e fechar de olhos. vai ser mais um marco nesta aventura. Cuidem-se, que nós também.