terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 07

BORA BORA – 18 e 19.05.2010
Os preparativos para a largada continuam: meter água, ir ao supermercado (ao Chin Lee em Vaitapé que tem uma grande variedade de produtos, excepto frutas e legumes), assistir ao skipper’s briefing e fazer a despedida da Polinésia Francesa. E ao Eduardo que também se vai. Foi bom tê-lo connosco estes dias. Vamos sentir a sua falta. Mas outros valores mais altos se levantam! O último jantar em Bora Bora foi no Bloody Mary’s, o restaurante mais famoso aqui do sítio. Era também feito de palhotas, com o chão em areia de coral (onde não nos enterramos, nem ficamos com os pés sujos de areia) e tinha o chef à entrada, por detrás de um expositor com os diversos pratos que podiam ser servidos, para explicar o que eram, quais os acompanhamentos e quanto custavam. Ao seu lado estavam 3 grandes barbeques e do expositor as peças de mahi mahi, atum ou carne australiana passavam logo para a grelha. Mas o serviço funcionava bem. E o ambiente era muito agradável, quase de festa. Nessa noite só do WARC estaríamos mais de 40 pessoas creio que de 11 barcos. Como bom restaurante turístico que se preza, vendia tea-shirts com o nome do restaurante, que nós comprámos, é claro. A partida para a próxima “leg” foi dada às 12H00 com pouco vento mas por precaução, tomei 1 Estrugeron Forte ao pequeno almoço. Bora Bora foi desaparecendo no horizonte e pronto a Polinésia Francesa ficava para trás.

PACÍFICO SUL – 20 e 21.05.2010
Temos quase 48 horas de viagem e ainda falta outro tanto ou mais, para a próxima paragem em Suwarrow. No 1º dia dormi o dia todo, devia ser o efeito do comprimido e no dia seguinte, também pouco mais fiz tendo passado mais horas deitada que noutra posição. A mim está-me destinado tratar das refeições e o Rui trata de tudo o resto. Não é uma partilha equitativa, mas para já é o que se pode arranjar!

PACÍFICO SUL – 22 a 24.05.2010
A situação (a minha) não melhorou nos dias seguintes e só quando cheguei a Suwarrow acordei desta prostração ou torpor, em que mergulhei. Ainda tomei uns comprimidos que me tinham sido dados como milagrosos para estas situações, Cinet, mas nada. Na próxima, tenho que experimentar outras alternativas. Mas a viagem (5 dias) também foi de uma grande monotonia. A temperatura foi sempre agradável e uma tea-shirt de manga curta é suficiente mesmo para a noite mesmo com uns aguaceiros de vez em quando. Houve sempre nuvens em quantidade suficiente para não nos deixarem ver bem o nascer e o pôr do sol e vimos muito poucas aves e não houve baleias ou tubarões a virem ter connosco, na realidade o Pacífico tem pouca vida. De diferente, apenas a tentativa frustrada de pesca de um espadarte pelo Rui com bicho aos saltos no mar, não longe de nós. Mas nem tudo é mau e como estive estes dias comendo muito pouco, perdi algum peso. Aqui está a face positiva desta situação!

SUWARROW – 24.05.2010

Chegámos a Suwarrow por volta do meio dia. Estamos num Parque Nacional das Cook Islands onde os únicos habitantes costumam ser 2 guardas que aqui passam 6 meses por ano, mas que só deverão chegar no princípio de Junho. Antes de nós chegaram o Assolare, o Ciao e o Voyageur e estão cá mais 2 barcos, um australiano e um francês, que não pertencem ao WARC. Estamos fundeados numa lagoa imensa, perto da ilhota principal onde existe um abrigo muito precário para os Guardas, mas que pomposamente é chamado de Suwarrow Yacht Club. Para nos acompanhar temos o barulho permanente das ondas a rebentar sobre os corais e o som de umas aves muito palradoras que nos sobrevoam, bem como a companhia de muitos peixes à volta do barco e, de vez em quando, de um pequeno tubarão que nos visita curioso (o maior deveria ter cerca de 1 metro e meio). Mal chegámos recebemos logo o convite do Peter e da Mandy para jantar no Assolare, apenas precisávamos levar as bebidas e qualquer coisa para aperitivos. Como ainda tenho Queijo da Serra e enchidos alentejanos, foi o que levei. O jantar foi peixe de caril, pescado pelo Peter no Atlântico. O convite foi extensivo a todos os barcos do WARC e depois do jantar ainda apareceu a tripulação do Lisa, mais 4, que entretanto tinha chegado. No final da noite éramos 12 no cockpit do Assolare (Amel 54) e foi uma noite maravilhosa e bem divertida. Como é bom um barco grande para estes eventos sociais! A proposta de programa do Peter e da Mandy para o dia seguinte era pela manhã a exploração de 3 ilhotas existentes aqui na lagoa e, à noite, uma beach party, proposta que teve a anuência de todos.
 SUWARROW – 25.05.2010
O encontro foi marcado para as 10H00 e lá partimos 3 dinghys (12 pessoas) para a visita às 3 ilhotas que o Peter e a Mandy conheciam na sua passagem por Suwarrow há 2 anos atrás. Estas ilhotas são mais precisamente 3 pequenos motus ligados por corais, mesmo à beira da rebentação das ondas na barreira de corais e são uma zona natural de nidificação. Havia centenas de aves, algumas em acasalamento como as lindas fragatas de papo vermelho, passarinhos acabados de nascer e, para além disso, corais lindíssimos e muitos, muitos peixes e também tubarões ainda pequenos. Durante o passeio que durou cerca de 3 horas tirámos muitas fotografias e apanhámos algum lixo, sobretudo plásticos, que o mar atira para terra e que no final foi queimado numa fogueira feita na ilha. Ainda levámos o equipamento para fazer snorkeling, mas um arreliador aguaceiro levou-nos para o barco mais cedo. Para a “beach party” tinham sido convidados não só os barcos do WARC, entretanto tinha chegado o Tucanon, mas também os outros barcos aqui fundeados que agora já eram 4, tinham chegado um americano e um solitário alemão. Cada barco levava a sua comida e bebida e juntámo-nos todos na praia, à volta de uma grande mesa numa palhota ali existente parece que de propósito para este efeito. Levei arroz com atum que foi um sucesso. No jantar conhecemos um casal de franceses muito novinhos que andam por estes mares, já há cerca de 3 anos, ele faz reparações em barcos e ela é padeira e pasteleira tendo instalado a bordo o equipamento necessário para fornecer de pão ou pastelaria quem lhe queira comprar. Amanhã a bordo do Thor vamos ter pão fresco acabadinho de fazer. Um luxo (a 3 US$ cada pão) nesta ilha deserta e perdida no meio do Pacífico Sul!

SUWARROW – 26.05.2010
O tempo alterou-se e hoje fez muito vento todo o dia e o céu está a cobrir-se de nuvens ameaçadoras de chuva. O Thor balança muito e o ferro e a corrente fazem bastante barulho de quando em vez. O limite das 72 horas termina amanhã pelas 11H00 pelo que antes dessa hora levantaremos ferro e rumaremos a Nuie. Esperam-nos 4 dias de viagem e a chegada está prevista para 2ª feira de manhã. O resto dos barcos aqui fundeados fará o mesmo. Hoje fomos explorar esta ilha aqui ao pé, onde existe o abrigo para os Guardas e a sepultura do Tom Neale que aqui viveu em total isolamento cerca de 25 anos. É um motu muito frondoso, muitos coqueiros e árvores frutapão, e é espantoso como tantos cocos no chão estão já a criar raízes e têm folhas a rebentar. A praia tem uma areia dourada finíssima e à beira da água existem grandes colónias de peixes e alguns tubarões bebés que não se afastam quando passamos perto deles. E a água é de uma clareza impressionante. Como combinado, o pão fesco foi-nos levado a bordo pela “Les Délices de Sophie” (é excelente) e amanhã teremos novo fornecimento antes de partirmos.

PACÍFICO SUL – 30.05.2010
São 17H00 (hora de Bora Bora), 16H00 locais e estamos quase a chegar a Nuie, a ilha já se vê ao longe. Afinal demorámos menos que o inicialmente previsto pois durante toda a viagem fez sempre muito vento e muito mar e o Thor andou muito bem. Também apanhámos bastantes aguaceiros o que tornou a viagem um tanto desagradável. Desta vez as coisas não correram mal, pela minha parte, em termos de má disposição. Tomei 1 comprimido Strugeron de 15 mg antes da partida e depois mais 2 ou 3 de 12 em 12 horas e coloquei um adesivo atrás da orelha e resultou: estive sempre bem disposta. Da viagem propriamente dita pouco há a dizer. Vimos apenas uma meia dúzia de aves, uma lula suicidou-se no convés do Thor, eu fiz as refeições e o Rui esteve sempre no comando, no poço, mesmo durante as noites, poupando-me às vigias.

1 comentário:

  1. A fazeres concorrência às clínicas de dietética ainda por cima em cenários
    exuberantes !!!!! :-)
    Melhoras !!!!! E beijos para ambos.
    cristina

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