sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 17

AUSTRÁLIA – 25.07 2010
Aos Domingos há um autocarro que faz um tour hop-on hop-off pela cidade de Mackay, é grátis, com partidas da Marina de hora a hora. Apanhámos o nosso às 11:00, a cidade fica a cerca de 6Km da Marina e estende-se por uma grande área, com construções térreas, bastante desalinhadas e dos mais diversos feitios, e é atravessada por um grande rio, o Pioneer River. Tem actualmente cerca de 70.000 habitantes e, dizem os locais, foi a cidade com maior taxa de crescimento na Austrália nos últimos 2 anos. As principais actividades da região são as minas, o açúcar, o gado e pretendem que seja também o turismo pois Mackay tem uma localização privilegiada, pois é a cidade mais próxima das Whitsandays Islands, o grande destino turístico Australiano, é um grande centro mineiro e açucareiro e está rodeada de importantes Parques Nacionais. Mackay é uma cidade relativamente recente, data de 1860 altura em que os primeiros colonos Ingleses aqui se instalaram e o seu nome provêm dessa 1ª família, os Mackay que por acaso eram Escoceses (curiosamente na nossa frota há um barco, o Voyageur, pertencente a Escoceses, o David e Susan Mackay, mas parece que não são da família). O centro da cidade tem também construções térreas – esta é uma zona de ciclones – algumas com a data da sua construção, entre 1880 e 1920, pintadas com cores bastante fortes ou com paredes de tijolos e o comércio é muito intenso embora não pareça ser de muita qualidade. Depois de nos passearmos por ali e do Rui ter feito uma massagem nas costas numa tenda instalada na rua e pertencente a um ‘exótico’ casal Australiano – aos domingos funciona uma espécie de mercado aberto na rua principal – voltámos para a Marina pois estava prevista um “briefing” no Clube Náutico sobre a navegação na Grande Barreira de Recifes. Eram 3 experientes navegadores Australianos que decidiram partilhar com a frota informações importantes sobre a navegação nesta área e locais a visitar, mas tinham todos um sotaque tão cerrado que só os Ingleses presentes os entenderam e mesmo assim.... Nós e a generalidade dos assistentes não entendemos quase nada do que disseram e até um americano sentado ao nosso lado confidenciou não perceber o que diziam. Daquela mais de 1 hora de conversa apenas retive que mesmo nesta zona, e quanto mais para norte pior, os crocodilos andam por aí, mesmo no mar e, portanto, tomar banho só em zonas devidamente protegidas. Também com a água do mar a 18º, depois dos 30º na Polinésia Francesa, e com estas temperaturas tão fresquinhas, da ordem dos 20º, não apetece sequer pensar em tomar banho. À noite houve uma recepção oferecida pelo Board de Turismo local no Hotel da Marina onde foram servidas carnes australianas acompanhadas de sangria e onde o WARC aproveitou para celebrar a meta histórica da chegada à Austrália com metade da Volta ao Mundo percorrida, para saudar os barcos que agora nos vão deixar, o catamaran Liza da Eslovénia e o Sunrise, um Sun Odissey 43 Alemão, e fazer uma distribuição de prémios muito engraçada em que conseguiu atribuir prémios a todos os barcos que aqui conseguiram chegar. O Thor ganhou o prémio dos barcos com apenas 2 tripulantes, o mínimo permitido nesta Volta ao Mundo, juntamente com o Ciao, o Voyageur e o Jeannius, entre os 20 barcos que ainda continuam em prova. A noite estava fria, o jantar foi simpático e às 21h30m já estávamos a bordo e quase prontos a ir para a cama! Deitar cedo e cedo erguer ...

AUSTRÁLIA – 26.07 2010
Uma das imposições Australianas na entrada do país é a apresentação de um comprovativo de que o casco do barco teve a aplicação de um antifouling (um produto contra as algas) nos últimos 6 ou 12 meses, dependendo dos estados ou, em alternativa, fazer essa aplicação logo à chegada. O Thor faz essa aplicação todos os anos e a última foi feita no Tagus Yacht Center em Outubro de 2009. Assim, tal como tinha sido previamente acordado com o estaleiro instalado aqui ao lado da Marina, o Thor foi retirado da água às 7h00 de 2ª feira, prevendo-se que os trabalhos a realizar demorem cerca de 3 dias. Durante este tempo teremos que continuar a dormir no barco já que os hotéis de Mackay e redondezas estão completamente cheios por causa de uma grande exposição mineira a decorrer na cidade. Esta é também uma experiência nova, dormir no Thor com este “empoleirado” em cima de estacas, em seco, com electricidade, mas sem poder ser usada água. O estaleiro tem casas de banho e chuveiros com boas condições mas todas as refeições têm que ser feitas em terra, pelo que hoje experimentámos alguns dos restaurantes da Marina: ao almoço o Steakhouse on the deck e ao jantar o Sachtmo’s on the reef, Tapas and Wine Bar. Ambos de qualidade mediana. Ainda durante a manhã fui para a lavandaria existente na Marina, lavar a roupa, aqui com máquinas a sério que funcionam com água quente e até se pode pôr amaciador e lexívia, um mimo. Há muito que a nossa roupa não era lavada e secada com tão boas condições e que bem precisada estava!!

AUSTRÁLIA – 27.07 2010
O programa deste dia incluía um Tour com partida da Marina às 8h30 e chegada prevista às 17h30. O dia apresentava-se chuvoso e ainda mais frio que nos dias anteriores o que não era bom prenúncio para o passeio. Éramos 20 e o autocarro, este aqui era novo e com todas as comodidades, era conduzido por um velho navegador reformado que era, em simultâneo, o nosso guia. A 1ª paragem foi para visitar a casa – Greenmount Homestead - que foi do tal 1º colono que deu o nome à terra, o Sr. Mackay, casa que se mantém praticamente inalterada desde a data da sua construção, por volta de 1880, e que há cerca de 20 anos reverteu para o governo local que agora trata da sua conservação. Quando o Sr. Mackay chegou à Austrália na qualidade de Inglês livre, isto é, não era um dos condenados que escolheram ser levados para a Austrália em vez de cumprirem pena em Inglaterra – é por causa disso que os Australianos chamam aos Ingleses os POHM (prisoners of her majesty) -, teve o direito de escolher a terra, a localização e a área, que pretendia para si com o único compromisso de ter que a marcar toda e todos os anos ser obrigado a fazer investimentos sob pena de a terra reverter de novo para o estado. O Sr. Mackay escolheu e marcou o que é hoje o Pioneer Valley com cerca de 100.000 ha de extensão onde ainda hoje a principal produção é a cana de açucar. Logo que saímos de Mackay começamos a ver as plantações de cana de açucar, são kms e kms a perder de vista, e passámos também algumas por algumas fábricas de transformação à volta das quais cresceram umas pequenas povoações. O destino seguinte era o Eungella National Park situado numa montanha a cerca de 60 km de Mackay, famoso pela floresta tropical, pela quantidade de pássaros exóticos que aí habitam e pelos estranhos animais existentes no Broken River, os Platypus, que são uns animais peludos com uma cauda e um bico como os patos, vivem na água, são mamíferos, põem ovos e quando nascem os filhos dão-lhes de mamar. À medida que subíamos a montanha o tempo ia piorando, mais frio, mais chuva e uma visibilidade muito reduzida pois estávamos mesmo dentro das nuvens, o que nos estragou o programa que previa ainda um picnic e uma grande caminhada por um trilho na montanha. Platypus não vimos nenhum, apenas as fotografias, no rio boiavam pachorrentemente umas tartarugas, havia muitos pássaros e pavões e as vistas também não eram nenhumas pois não se via praticamente nada para fora do autocarro. Ainda fomos ao Finch Halton Gorge, mas acabámos num bar de um Cricket Club a beber umas cervejas e a comer umas ‘pies’ que deliciaram os nossos parceiros Ingleses pois diziam ser excelentes e com o típico sabor do seu país (um pouco estranho para nós!). O Tour valeu ainda pela simpatia do nosso guia que durante toda a viagem foi dando muitas informações sobre a Austrália e a região, bem como sobre as navegações que se avizinham nas Whitsunday Islands por entre os recifes de coral.

2 comentários:

  1. Essa história dos crocodilos é preocupante... Acho que prefiro os 16º aqui no Portinho da Arrábida...

    ResponderEliminar
  2. Vicissitudes locais... crocodilo, tubarão, cobra de água... enfim, o melhor é ter os devidos cuidados e não pensar muito no assunto...
    Um abraço para os antípodas e continuação de boas navegações e passeios!
    Cá se vai acompanhando conforme possível.

    Zé Dias
    No Stress

    ResponderEliminar