quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Uma espécie de diário da Patroa - 20

AUSTRÁLIA – 07.08.2010
Cairns é o grande centro turístico de Queensland. A marina está cheia e à volta vêem-se grandes hotéis e grandes centros comerciais, tudo com um ambiente de um certo luxo (Louis Vuitton tem aqui uma loja). O movimento é enorme e ao fim da tarde os bares estão cheios e o barulho é imenso – há muita gente nova. Quando chegámos foi-nos dito que a Marina estava cheia, mas a simpatia do encarregado, Jo, resolveu-nos a situação e arranjou-nos um lugar onde até poderíamos ficar os dias que quizéssemos, apenas era preciso que o Rui fosse um bom marinheiro para arrumar o Thor no lugar que nos foi destinado, face à ventania que se fazia sentir. Connosco chegou também o Eowyn, que já tinha feito antecipadamente a reserva de lugar na Marina, e já ali se encontravam o Voyageur e o Destiny que de imediato nos convidou a todos para uma bebida a bordo ao fim da tarde. A tarde foi de descanso e de pôr o sono em dia depois de mais de 24 horas de navegação, mas às 18h estávamos todos reunidos no Destiny, um catamaran Privilége 43 de um casal alemão que viaja com mais um casal e uma amiga. Éramos 14 no cockpit, todos sentados, e espaço é coisa que não faltava naquele barco, para além de ter 4 cabines e 4 casas de banho. É uma forma diferente de navegar!!!

AUSTRÁLIA – 08.08.2010
Em Mackay, o Stephen do A Lady tinha-nos falado de uma viagem que, em tempo, tinha feito em Cairns num combóio antigo subindo uma montanha, espectáculo tão admirável que iria repetir. Assim, mal chegámos a Cairns fomos à procura deste Tour e fizémos logo a marcação para o dia seguinte, nós e o Eowyn, onde também encontrámos o Destiny e o Voyageur. A partida foi às 7h20 de um hotel muito perto da marina e chegámos perto das 18h. Foi um dia em cheio! Andámos no Kuranda Scenic Rail desde Cairns até Kuranda, num combóio antigo cuja linha foi construída no final do sec XIX e que se encontram ambos, combóio e linha, totalmente recuperados assim como as estações onde para. O percurso até Kuranda, cerca de 45 min. de viagem, é muito sinuoso subindo uma montanha, havendo momentos em que se conseguia ver as carruagens da frente e as detrás, com paisagens deslumbrantes sobre as plantações de cana de açúcar, ou ladeando um rio com fundas gargantas abastecido por enormes quedas de água, ou entrando na densa floresta tropical já à beira de Kuranda. Esta já foi uma aldeia aborígene, mas é agora um grande centro comercial a céu aberto, com lojas sem fim onde se vendem todos os souvenirs possíveis da Austrália e de arte aborígene e muitos restaurantes. Mas tem outras atracções como parques temáticos: o Australian Butterfly Sanctuary com mais de 1500 borboletas tropicais à solta, o Birdworld com centenas de passos tropicais exóticos também à solta onde papagaios e catatuas com penas de deslumbrantes coloridos poisavam em cima de nós apenas por brincadeira e ainda o Kuranda Koala Gardens onde se podiam ver Koalas, crocodilos de água doce, cassuárias – mais uma das estranhas aves australianas que não voam – e até se podia dar de comer aos cangurus. O regresso foi feito no Skyrail Rainforest Cableway, um telesférico que desce a montanha por cima das copas das árvores da floresta tropical e que é um espectáculo também deslumbrante pela paisagem, embora por vezes um pouco assustador pelas alturas a que se vai. Tudo isto estava muito bem montado, boa organização e tudo com um ar muito cuidado, com lojas de souvenirs e bares em qualquer lado onde se parasse, e com explicações detalhadas em folhetos ou em placards sobre cada um daqueles locais. Para nosso espanto, no telesférico havia um folheto explicativo em português! O Tour foi caro, mas valeu mesmo a pena! À noite, o jantar de despedida da Chris e da Val que se iam embora no dia seguinte, num restaurante de mariscos no Pier, sabores do mediterrâneo como se intitulavam, em que a maioria escolheu “Very, Very, Very Fresh Tiger Prawns”, ou seja, camarões tigre que diziam ter sido pescados na zona e que eram tão frescos que nem ao frigorífico tinham ido. E estavam mesmo deliciosos, acompanhados com um excelente vinho branco australiano, neste caso Chardonnay!

AUSTRÁLIA – 09.08.2010
Dia de darmos uma volta por Cairns, irmos às compras, fazer umas máquinas de roupa e preparar o Thor para partirmos no dia seguinte em direcção a Thursday Island, onde deveremos chegar por volta do dia 17, sem Marinas pelo meio. Mais uma vez é preciso planear o aprovisionamento com cuidado pois em Thursday Island, situada num outro estado australiano, seremos de novo visitados pelos Quarentine que confiscarão todas as frutas e legumes que tivermos a bordo. Quanto ao resto dos alimentos, veremos na altura! Cairns tem uma grande praia, mas na maré baixa a água do mar fica a uma distância impressionante, não se chegando lá a pé. Para fazer face a este contratempo e em substituição da praia que não podem ter, na marginal foi construída uma grande lagoa com água do mar e com margens de areia e grandes relvados que é um lugar de grande atracção. À noite fomos ao Night Market, mais um centro comercial gigante, desta vez coberto, com lojas de souvenirs e restaurantes explorado sobretudo por chineses e que está aberto todos os dias das 16h30 até à meia noite. Muitas lojas nas principais ruas fecham só às 21h e os parques da cidade, sobretudo na marginal, estavam cheios de gente, passeando, fazendo exercício, passeando os cães ou fazendo picnics nos tais barbeques – no dia seguinte de manhã, pouco passava das 8h, passei por aqueles mesmos sítios e já estava tudo limpíssimo – e os restaurantes, Cairns tem muitos e com muito bom aspecto, também estavam cheios. A cidade à noite tem imensa vida, um ambiente diferente das restantes cidades por onde temos passado. Esta é uma cidade do lazer, cara, e toda ela dedicada ao turismo.

AUSTRÁLIA – 10.08.2010
Dia de partida de Cairns rumo a Thursday Island, partida algo acidentada pois a forte corrente atirou-nos para cima de 2 outros barcos, um deles com uma grande âncora na proa tendo sido difícil tirar o Thor daquela situação. Os estragos não foram muitos, mas podia ter sido grave! O Eowyn partiu também na mesma altura e aconteceu-lhe o mesmo ao saír do pontão, valeu-lhe o bow-trust – para os menos entendidos é um hélice na proa que auxilia os movimentos laterais do barco – e que o Thor não tem. A 1ª tirada foi até Lizzard Island, 140 milhas a norte, onde chegámos às 9h30 do dia 11, 23 horas de navegação com chuva miudinha, sem vento, mar calmo, mas muito movimento de barcos de pesca e de grandes navios que nos obrigaram a uma vigília permanente durante toda a noite.

AUSTRÁLIA – 11.08.2010
Em Lizzard Island fundeámos numa grande baía muito abrigada, já lá estavam fundeados mais ½ dúzia de barcos, a água do mar era limpa e cristalina, com 5 metros de profundidade via-se distintamente o fundo do mar, e havia muito peixe e muitos pássaros pretos voando baixinho em cima da água tentando apanhar os peixes que saltavam fora de água mas que pareciam ser maiores que os seus captores. Não vimos nenhum peixe ser apanhado, mas os pássaros continuaram nesta caçada toda a tarde em bandos cerrados. Ainda vimos uma grande manta a dar um enorme salto fora de água. Depois de um merecido descanso almoçámos a bordo - naquela ilha só há um resort de luxo o resto é Parque Nacional e para irmos a terra teríamos que fazer descer o dinghy e o motor, montá-lo e depois voltar içá-los para bordo, uma trabalheira para um tempo tão reles!! – e ao atirarmos os restos para o mar num ápice apareceram mais de uma dúzia de peixes, dos grandes, a disputar o resto dos bifes e do pão – eram Pinnate Batfish, Hump-Headed Maori Wrasse (só sei os nomes em Inglês) e uns outros de que não sei o nome mas que são compridos como os tubarões e habitualmente andam agarrados a estes sugando-lhes os parasitas. Durante a manhã o tempo pareceu compôr-se, o sol ainda a pareceu, mas da parte da tarde voltou a estragar-se. A partida para a próxima etapa estava marcada para a meia-noite, mas a chuva copiosa e o vento intenso que entretanto se levantou adiaram a saída para a manhã seguinte. Quando chegámos a Lizzard Island estava a partir o Lady Ev VI, um Bavaria 47 alemão com 5 alemães a  bordo, e de manhã quando partimos estavam lá fundeados também o Voyageur e o Destiny. Pelo rádio ouvimos o Ariane que também anda perto, é um Cyclades 50 agora com 4 suiços a bordo pois a tripulação tem mudado de tempos a tempos. O Kalliope também anda por aqui pois de vez em quando aparece no rádio e toda a frota está a dirigir-se para Thursday Island onde a concentração está marcada para 18 de Agosto.

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