1 Barco, 2 Tripulantes, 3 Oceanos é o projecto do Thor VI com a participação em 3 eventos organizados pelo World Cruising Club - ARC09 (travessia do Atlântico de Las Palmas a Sta Lúcia), World ARC 2010/11 (uma volta ao mundo com início e terminus em Sta Lúcia) e ARC Europa 2011 com início nas British Virgin Islands e terminus em Lagos. Entre a saída de Oeiras em 01Nov09 e o regresso em Junho 2011 ficará uma viagem com mais de 30.000 milhas náuticas.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
A Austrália está a acabar ...
O Pacífico já se acabou ...
Pois foi, o Pacífico já ficou para trás.Pelas 12:35 hora do Panamá/17:35 hora de Lisboa de 28/01/2010 o Thor VI entrou no Pacífico e em 18/08/2010 saímos de Thursday Island a caminho de Darwin e do Indico deixando para trás um imenso oceano, o maior de todos e do qual levamos imensas recordações. Foi o bom tempo que se fez sentir na maior parte do trajecto, a espectacularidade da fauna dos Galápagos, foram as paisagens agrestes das Marquesas, os atol dos Tuamotos, a civilização do Tahiti, Bora Bora, Huaini e restante Polinésia francesa, a singularidade do Niue e de Tana, o "fantástico" kingdom of Tonga, os contrastes de Vanuatu, enfim um mundo de recordações que teremos de digerir adequada e atempadamente. As coisas correram bastante bem, não tivemos problemas de maior, mantivemos o barco sempre a andar pelo que aguentámos sem problemas o ritmo do cruzeiro, obtendo inclusive boas prestações na componente competitiva. Os problemas de tripulação que surgiram no início desta travessia foram sendo resolvidos da melhor maneira possível e desde o Tahiti, com a chegada da "patroa" tudo normalizou permitindo-nos desfrutar desta oportunidade única de velejar pelas ilhas do Pacífico. E o Pacífico levou-nos até à Austrália. domingo, 29 de agosto de 2010
Uma espécie de diário da Patroa - 23
AUSTRÁLIA – 26.08.2010
Darwin é a capital do Northern Territory, o estado do nordeste australiano ( a propósito, os relógios aqui atrasaram ½ hora, ou seja, já "só" há uma diferença de 8,5 horas em relação a Portugal). A cidade tem actualmente cerca de 100.000 habitantes e depois de severamente bombardeada durante a 2ª Guerra e da devastação quase total sofrida com o ciclone de 1974, Darwin é agora uma cidade nova, moderna e em grande crescimento. O centro da cidade é muito agradável com muitos edifícios reabilitados, o comércio é elegante com bares esplanadas e restaurantes por todo o lado, todos eles com bastante movimento. Vê-se que o turismo é uma actividade importante pela quantidade de hotéis, agências de tours e lojas de souvenirs existentes, assim como é a actividade da pesca. Mas Dawin espalha-se por uma grande área, tem grandes bairros residenciais com belas casas rodeadas de muitas árvores, sobretudo palmeiras de variadas espécies, tem parques de enormes dimensões e aproveitou bem a sua exposição ao mar (Darwin é banhada pelo Mar de Timor) com uma grande marginal. Depois parece tudo bem organizado, funcionando sem stress, talvez porque a temperatura e a humidade sejam muito elevadas todo o ano e não aconselhem grandes correrias, mas há movimento sem ser em demasia e a cidade parece tranquila. O dia esteve quentíssimo e com um elevado teor de humidade pelo que não apetece fazer muita coisa. Felizmente a temperatura à noite baixa para níveis agradáveis para se estar na rua, embora insuficientes para baixar a temperatura no interior do Thor (como não temos ar condicionado já comprámos mais uma ventoinha!!). Ao fim da tarde fomos até ao Mindil Beach Market, uma das atracções que acontecem todas as 5ªs feiras e domingos das 17h às 22h. É basicamente um mercado de rua com tendas de souvenirs e artesanato e com mais de 150 tendas e roulottes de comida, sobretudo asiática e onde as pessoas se passeiam, compram comida e se espalham pelo chão a comer e a assistir a espectáculos de música ou de artistas diversos. Ao pôr do sol toda a gente vai para a praia assistir ao espectáculo e depois a festa continua. E estavam ali milhares de pessoas! Uma das originalidades locais!!
AUSTRÁLIA – 27.08.2010
Concentração às 7h30 na entrada da Marina para o Tour ao Litchfield National Park que fica a 110 Km de Darwin. As atracções são os montes construídos pelas térmitas, pela quantidade e a enorme altura que atingem – numa determinada zona eram tantos e todos com a mesma orientação que pareciam campas num cemitério – , as quedas de água e as piscinas que formam onde se pode tomar banho (o Pepe do Kalliope chama-lhes “ uns charquitos”) e a floresta existente onde, no seu interior, a temperatura é mais baixa e, portanto, onde se está bem melhor. De animais ainda vimos um cassuar a fugir na estrada, 2 pequenos wallies e imensos morcegos para além de muitas aves. O almoço foi comprado numa roulotte e comido numa espécie de parque das merendas, ao sol e se este estava forte!! Para compensar, o jantar foram camarões no restaurante Christo’s na Marina, um restaurante grego cuja especialidade é peixe e até tem sardinhas grelhadas (3 sardinhas).
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Uma espécie de diário da Patroa - 22
AUSTRÁLIA – 19 a 23.08.2010
AUSTRÁLIA – 24.08.2010
À chegada a Darwin todos os barcos que tenham vindo de um porto exterior, mesmo que, como era o nosso caso, já tenham entrado noutro porto australiano, têm que ser obrigatoriamente sujeitos a uma inspecção do casco e a um tratamento químico nas entradas de água, para além de ser exigido o comprovativo de que foi aplicado o antifouling há menos de 6 meses. Assim, a 1ª paragem em Darwin foi em Fannie Bay, onde fundeámos à espera da inspecção marcada para o meio dia, tendo sido aproveitada a manhã para dormir pois tínhamos passado a noite em claro. O trabalho dos mergulhadores foi rápido, mas o produto aplicado obriga a uma quarentena de 14 horas sem poder ser usada a água a bordo, pelo que logo que este trabalho ficou concluído, o dinghy foi posto na água e rumámos a terra em direcção ao Sailing Yacht Club, um espaço muito agradável, com bar, restaurante e uma grande esplanada frente ao mar. A 1ª prioridade do dia foi reparar a canalização da torneira da cozinha, tivémos que comprar uma torneira nova, mas ao fim da tarde o Rui montou-a e voltámos a ter o Thor a funcionar em pleno. Também tivémos que ir aos Customs, mas não tivémos que preencher mais nenhum impresso e ao fim de 5 minutos estávamos despachados, um trabalho simples e eficiente. Em Darwin o tempo está muito quente, mais de 30º durante o dia, e a humidade também é muito elevada, condições tropicais a que já não estávamos habituados nos últimos tempos e a que temos que nos ir calmamente adaptando.AUSTRÁLIA – 25.08.2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Uma espécie de diário da Patroa - 21


AUSTRÁLIA – 13.08.2010
Saímos pelas 08:00 e 24 horas após fundeámos em Night Island, uma pequena ilha em forma de amendoim, baixa, deserta, mas que oferece boas condições de ancoragem. Nestas 24 horas percorremos 156 milhas, média de 6,5 milhas/hora, velocidade só atingida pelo Thor quando há ventos fortes e a empurrar. Na verdade durante todo o dia o vento soprou fortíssimo, 30/35 nós e o céu esteve sempre encoberto, no fim do dia o vento abrandou um pouco mas esteve uma noite muito fria. Esta parte da Austrália por onde navegamos, ainda no estado de Queensland, é uma zona de reserva aborígene, para onde aqueles coitados foram mais ou menos empurrados, tendo-nos sido dito que não seria aconselhável ir a terra. A foz dos rios, e nesta zona há muitos, são por natureza zonas bem abrigadas dos ventos mas estão infestadas de crocodilos e portanto, também nada aconselháveis! Ainda a ter em conta as características da Barreira de Corais aqui mais estreita e com fundos ainda mais baixos. Navegamos com profundidades inferiores a 20 metros e com bastantes recifes espalhados, felizmente bem assinalados nas nossas cartas electrónicas, a que acresce o movimento dos barcos de pesca, sobretudo à noite e dos grandes navios com quem partilhamos o mesmo corredor. Por tudo isto a navegação é bastante exigente, requerendo uma atenção redobrada, o que provoca um cansaço adicional, e como os locais abrigados para ancoragem não são assim tão abundantes sendo obrigatório abordá-los ainda com luz do dia, somos obrigados a algumas tiradas grandes, de que eu não gosto nada. Mas estávamos nós e o Eowyn pacatamente fundeados em Night Island, recuperando de uma longa noite, quando uma grande lancha também ali fundeia e mais um helicóptero aterra na praia ali em frente e mais uns barcos de pesca desportiva se movimentam e uns dinghys correm dum lado para o outro. Uma azáfama que eu até pensei tratar-se de alguma organização de investigação marítima, até porque tínhamos acabado de ser chamados pelo rádio por um “Customs Aircraft” que confirmou a nossa identificação, os portos por onde tínhamos passado, num controlo de rotina feito por patrulhas aéreas. Pelas 17:00 um dinghy aproxima-se do nosso barco com dois jovens devidamente identificados como tripulantes da “Spirit of Freedom” – assim se chamava a lancha grande - e, em nome de uns senhores americanos convidam-nos para uma bebida a bordo e para jantar. A primeira impressão é de surpresa e alguma relutância pelo inesperado do convite mas depois pensamos, e porque não?, e decidimos aceitar o convite. Igual convite foi feito ao Eowyn que de imediato o aceitou. Assim, pelas 18:00 o mesmo dinghy, sempre com tripulantes devidamente uniformizados vieram buscar-nos. Somos recebidos por um grupo de americanos, em que um tal Fred, o mais velho (e bastante!) se percebe ser o líder. Afinal a tal grande lancha é o barco-mãe, tipo hotel de 5 estrelas, contratado por este grupo de americanos que vieram pescar para a Austrália e toda a restante frota, 3 barcos de pesca desportiva e um helicópetro, servem de suporte para as pescarias. Fomos recebidos principescamente, com as bebidas servidas no deck superior, onde fomos objecto de uma infinidade de perguntas, porque para aquela gente nós eramos quase uns extra-terrestres, com uns barquinhos pequeninos – e vistos do deck da lancha pareciam uns barquinhos - sem ar-condicionado, sem empregados, sem congelador, a andar tão devagarinho e a dar a volta ao mundo e um deles até tinha uma bandeira que ninguém conhecia! Eles nem acreditavam no que estavam a ouvir das nossas aventuras e desventuras, mas foram de uma simpatia inexcedível. Entretanto apareceu um tubarão que se tinha aproximado da lancha, provavelmente atraído pelas luzes e era um GRANDE TUBARÃO, teria muito mais de 2 metros e que pacatamente rondou por ali um bom bocado. O bicho metia respeito! Seguiu-se o jantar, onde estariam umas 25 pessoas, no salão principal, com menu impresso e mesas postas com todo o requinte. Já agora a ementa incluía peixe, barramundi, costeletas de porco, ragout e tarte de chocolate. Um verdadeiro luxo! Durante o jantar houve discursos enaltecendo a “empresa” e até foi apresentado um pequeno filme de uma fundação de apoio a crianças do qual um dos presentes era o “boss”. Tudo mas tudo tipicamente americano. Finalmente percebemos quem eram estes senhores com tanto despreendimento aos dólares. A empresa é a “Macdonalds” e o tal Fred Turner é, ou antes foi, porque agora parece estar já retirado, o Big Boss da empresa e os outros americanos, só homens, são amigos ou família, mas tudo gente muito importante com ligações à MacDonald. Tudo muito “american style” mas do muito rico que eu julgava que com a crise já não existiam coisas destas. O Fred já não estava em muito boas condições de saúde, só fumava e bebia, mas faz este “tour” há uns anos, 15 dias com este grupo e mais 15 dias com um outro grupo que substituirá este. Mas que grandes e ricas vidas!! As restantes pessoas a bordo eram australianas, um médico, os tripulantes dos barcos de pesca, o piloto do helicóptero e a tripulação da lancha que incluía, claro, um cozinheiro. Mas foi uma noite e um jantar completamente inesperados nestas paragens australianas e que entraram, sem dúvida, em conjunto com o jantar da dança flamenga em Tapana e o jantar no restaurante em Tana, para as recordações fantásticas desta maravilhosa aventura!
AUSTRÁLIA – 14.08.2010
AUSTRÁLIA – 15.08.2010
A paragem seguinte foi em Margaret Bay junto ao Cabo Grennville, 40 milhas mais a norte, num ancoradouro de novo seguro e bem protegido. O sol já apareceu, a temperatura continua a aumentar e também a da água do mar, agora já acima dos 25º. O vento estava forte, da ordem dos 20 nós, o adequado para uma grande velejada, como o Rui gosta e assim a viagem foi rápida. Quando chegámos a Margaret Bay já lá estava fundeado o Voyageur e conforme tinha sido acordado no dia anterior, o Eowyn desceu o dinghy e, convidou-nos, a nós e ao Voyageur, para uma bebida a bordo. Depois foram convidados para jantar a bordo do Thor e a noite acabou cedo pois no dia seguinte esperava-nos uma grande madrugada.
AUSTRÁLIA – 16.08.2010
AUSTRÁLIA – 17.08.2010
O despertador foi posto para as 6h00 e partimos de Escape River às 6h30, sem tocar em nenhuma bóia, inteiros, sem nos faltar nenhum bocado, mas sem vermos qualquer crocodilo – desta vez a madrugada foi devida ao facto de precisarmos de pelo menos meia maré para sair do fundeadouro, mas também precisarmos de luz do dia para ver as bóias. Partimos nós, o Eowyn e o Voyageur todos à mesma hora, mas um pedaço mais à frente o Eowyn separou-se e decidiu fazer mais uma meia dúzia de milhas contornando uma das ilhas porque teve receio de passar pela Albany Passage por causa dos ventos e das correntes. A Albany Passage mete respeito, ao longe parece um canal muito estreito cavado entre 2 ilhas onde mal cabe um barco, mas à medida que nos aproximamos as dimensões do canal tomam outras proporções e já nos sentimos mais à vontade e, no final, apesar dos ventos fortes que sopravam ainda beneficiámos de uma corrente favorável de 1 nó. Depois passámos o Cabo York, o ponto mais alto do Continente Australiano e entrámos na zona do Torres Strait que separa a Austrália da Papua Nova Guiné, com imensas ilhas, ilhotas e rochas e famoso pelas suas enormes correntes. Voltaram as nuvens, durante a viagem ainda apanhámos uns pingos de chuva, e um vento forte manteve-se até à chegada. Chegámos a Thursday Island pelas 13h com vento forte e mar muito revolto e ainda tentámos fundear na baía agarrando-nos a uma bóia que na altura estava livre embora nos tivesse sido dito que todas as bóias eram privadas e que se o dono a reclamasse teríamos que saír. Foi isso que aconteceu e ao fim da tarde rumámos a Horn Island que fica em frente de Thursday Island, a 1,5 milhas de distância, tem uma zona de fundeio mais abrigada e tem ferrys de ligação a todas as horas. A maioria dos barcos da frota que entretanto foram chegando tomaram esta mesma opção pois as condições em Thursday Island eram bastante deploráveis. Com isto tudo ainda não fui a terra e depois de 8 dias a bordo já está mesmo a apetecer!AUSTRÁLIA – 18.08.2010
Manhã cedo tomámos o ferry para Thursday Island ( o Eowyn deu-nos boleia no dinghy até terra e assim poupámos o trabalho de descer o nosso, para além de que o local de amarração dos dinghys era pequeno e pouco seguro, avisos de crocodilos nas redondezas) e no cais de desembarque havia um autocarro, gratuito, para levar os passageiros até ao centro da cidade. Esta zona foi muito importante durante a 2ª Guerra Mundial e sofreu vários raids aéreos dos Japoneses, tendo estado aqui concentradas alguns milhares de tropas, mas desde então a civilização não passou por aqui. No entanto este é o porto de entrada mais a norte na Austrália (a propósito aquela visita dos Customs e Quarentine não se efectuou, tinha havido uma informação deficiente, mas acontecerá em Darwin), a porta de entrada para quem vem da Papua Nova Guiné e onde existem os serviços alfandegários. Tudo em Thursday Island era muito estranho, uma cidade vazia, com casas pré-fabricadas, algumas delas fechadas, outras mal cuidadas, muitas delas tendo no quintal um barco em vez de um automóvel. A população que se vê nas ruas também é diferente da que encontrámos nas outras cidades por onde andámos, tendo aqui grande peso a comunidade aborígene (muito escuros e na generalidade muito gordos). O comércio é reduzido, pobre e parece que retrocedemos no tempo pois os manequins expostos nas montras são do tempo da 2ª Guerra. Restaurantes também não havia, nem Internet Cafés e o melhor local que encontrámos para almoçar foi no Gab Titui Cultural Centre, onde havia um bar e uma galeria de arte aborígene. Aqui havia uma rede de Wifi fraquinha, mas não tínhamos levado o PC para terra e, portanto, não a pudémos usar. Os telemóveis também ali não funcionaram, aliás já desde Cairns que não havia rede. A principal actividade que pareceu existir na ilha foi a pesca, havendo vários barcos de pesca fundeados tanto em Thursday Island como em Horn Island. Ao meio da tarde estava tudo visto e regressámos de ferry ao Thor.Uma espécie de diário da Patroa - 20
AUSTRÁLIA – 07.08.2010
AUSTRÁLIA – 08.08.2010
AUSTRÁLIA – 09.08.2010
AUSTRÁLIA – 10.08.2010
AUSTRÁLIA – 11.08.2010
sábado, 21 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Daily Log - Thursday Island
sábado, 14 de agosto de 2010
Daily Log - Free Cruising
Saímos de Cairns parámos em Lizard Island, Night island e hoje, 14 Ago estamos fundeados em Portland Road a caminho de Thursday Island onde devemos chegar a 17 Ago para partir a 19 com destino a Darwin. Este é um post enviado via satélite mais detalhes e "estórinhas" (muitas) da Patroa quando houver net. Cuidem-se.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Uma espécie de diário da Patroa - 19
AUSTRÁLIA – 04.08.2010
AUSTRÁLIA – 05.08.2010
AUSTRÁLIA – 06.08.2010
Dayli Log - Cairns 01
Conforme estava previsto chegámos a Cairns no Sábado de manhã. A viagem correu com toda a calma até 20 milhas das chegada e aí começou a chover e levantou-se um vento que foi uma "trabalheira" - como diriam os meus amigos de Beja - até entrarmos na Marlin Marina. Entrámos um bocadinho à "papo seco" porque não os contactei antes - tinha mandado um e-mail a pedir um lugar e não me responderam - atraquei no pontão do combustível e só então os chamei. A resposta foi que não tinham nenhum lugar - foi um susto! - mas com um bocadinho de conversa o Jo - um castiço que estava de serviço no Sábado - lá nos arranjou um lugar mas com a condição de lá meter o barco por minha conta e risco porque o vento estava muito forte e ele não me podia ajudar. Pedi apoio aos "Eowyns" e o Thor lá foi para o seu lugar direitinho sem nenhum problema. Um pequeno almoço reforçado, os papeis de entrada feitos e ala dormir porque a noite toda a navegar e particularmente as ultimas 5 horas deixaram-me bastante cansado. Um par de horas de descanso e estava "quase" como novo, pronto para um belo jantar num dos restaurantes aqui da marina. As primeiras impressões são bastante agradáveis, a marina é excelente, a cidade cheia de movimento e "virada" inteiramente para o turismo, há muitos, mesmo muitos orientais e bastante turismo interno. E tudo se organiza para isto! A Patroa na sua espécie de diário vai aprofundar o "tema" como é tão do agrado de tantos. A propósito, a "Patroa" um dia destes vai regressar a Lisboa - tem de ser e com grande pena minha e pelos vistos vossas porque o diário vai sofrer um interregno - pois há mais "vidas" para além da volta ao mundo. Mas enquanto vai e não vai, vamos partir de Cairns continuando a progressão para Norte (temos de estar em Thursday Island a 16 Ago) numa tirada de 140 milhas até Lizard Island. Vamos sair a 10 Ago para cerca de 24 horas de viagem (mais uma noite branca). Até lá cuidem-se, aproveitem as férias que nós vamos dando notícias. Um abraço muito especial para o "Miss Matilde" que, acabei de saber, naufragou. Lamento muito e desejo que o susto e o desgosto sejam ultrapassados rapidamente! Há dias em que não devíamos sair de casa!
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Dayli Log - Free Cruising
Estamos na Marina de Townsville onde chegámos hoje 05Ago pela manhã bem cedo. Desde que saímos de Mackay passámos por Hamilton que tem uma marina bastante boa, aliás toda aquela área é um mimo de mordomias. Um local onde o turismo é bem tratado, com tudo o que é necessário - uma marina excelente, um campo de golfe, um aeroporto que "leva" com 737, uma ilha inteira dedicada ao "dolce farniente" de alta qualidade e com os preços a "condizer"!!. Depois fomos passar uma noite calma na Cid Island, o oposto da anterior com um sossego absoluto e onde uns peixes "saltitões" nos quiseram brindar com um numero extra de acrobacias, a meio da noite. Um espectáculo, mas o "diário da patroa" trata melhor dos detalhes. Na manhã seguinte saímos de Cid e, a pedido da "Patroa" fomos a Airlie Beach que é assim como um centro turístico bem arranjado. Eu também sabia que havia uma marina onde tinham exigido um seguro de 10 milhões de Aussie dólares, ao Ariane e queria perceber o que se passava. Pois contactei a marina, por telefone a pedido deles, disse ao que ia, pediram-me os dados todos do barco, muita simpatia, muito blablabla e no fim e por fim, o tal requisito do seguro. Ainda trocámos uns "galhardetes" mas era assim!! No entanto e frente ao Withsunday Yacht Sailing Club haviam umas bóias mesmo a geito, o Clube disponibiliza uma doca para dinghy e um belo restaurante e estava o assunto resolvido. Airlie Beach é um lugar de férias como tantos outros, de boa qualidade mas nada de novo. No dia seguinte saímos cedinho rumo a Bowen onde há uma marina, pequenina de gente simpática e onde a maré é importante pois com a a maré baixa o Thor não entra. Por isso no dia seguinte tivemos de sair com a maré o que deu uma alvorada às 05:45 com destino a Upstart Cape, a meio caminho do nosso destino que era Townsville. Chegámos às 14:00 fundeámos e descansámos durante a tarde e depois de jantar levantámos ferro e prosseguimos de forma a chegarmos a Townsville já de dia e mais uma vez a fazer contas à maré. E aqui o Thor deverá ter deixado na lama do fundo um traço da sua passagem pois pelas indicações da sonda fizemos a entrada na mariana a "roçar" no fundo. Mas entrámos, receberam-nos muito bem, descansámos e amanhã cedinho, porque a maré obriga, partimos para mais uma "directa" com destino a Cairnes onde planeamos chegar a 07Ago. ao fim da manhã. O Free Cruising pela Grande Barreira de Coral é realmente uma experiência única e ter oportunidade de por aqui andar é um privilégio. Beijinhos e abraços
Uma espécie de diário da Patroa - 18
AUSTRÁLIA – 28.07.2010
AUSTRÁLIA – 29.07.2010
O Thor voltou ao seu lugar na Marina com o fundo pintado. Agora já está no seu meio natural e nós também mais cómodos. Mas depois daqueles dias no estaleiro estava a precisar dumas grandes limpezas, de novo, por dentro e por fora, e foi isso em que nos ocupámos toda a tarde. De manhã, a Tina, a mulher do responsável do estaleiro levou-nos às compras, ao Supermercado e a uma Liquor Store, dizendo que este apoio nas compras e no transporte dos sacos até ao barco faz parte do Customer Service dispensado aos seus clientes. E bem jeito deu pois, depois da passagem dos Quarentine pelo Thor, estávamos a precisar fazer o reaprovisionamento para os próximos tempos em que andaremos em free cruising até às Thursday Islands.AUSTRÁLIA – 30.07.2010
O tempo está a melhorar, o Sol já voltou e a temperatura aumentou, mas a humidade mantém-se muito elevada. O Eowyn já partiu em direcção a Thomas Island, vai acompanhado pelo Ronja que se juntou de novo à frota apenas para este “free cruising” pela Barreira de Corais. Depois a família regressa à Noruega de avião e o barco é enviado de navio. Nós não os pudémos acompanhar pois a revisão do motor e a do gerador só foi feita durante esta manhã. O dia passou-se com mais arrumações e limpezas – como pode um barco tão pequeno dar tanto trabalho!! – e com mais umas horas passadas na lavandaria – fiz 4 máquinas de roupa e outras tantas de secagem – mas está tudo num brinquinho e pronto para deixarmos Mackay, rumo ao Norte. Também já não havia aqui mais nada para fazer.
A partida de Mackay estava planeada para muito cedo, mas um nevoeiro cerrado atrasou-nos a largada. O destino era Hamilton Island nas Whitsundays, a uma distância de 50 milhas, cerca de 8 horas de viagem onde nos ficámos de encontrar com o Eowyn. A viagem foi deslumbrante. O sol apareceu com força, a temperatura continua a aumentar e não havia vento nenhum o que não sendo bom para a navegação, deu-nos um mar estanhado, como se diz na gíria marítima. Navegámos dentro da Barreira de Corais, a profundidades entre 15 e 25 metros, com o mar de uma cor verde intensa e sempre por entre ilhas, umas pequeninas e outras maiores, mas tendo sempre a costa à vista, ao longe no horizonte. Vimos umas baleias ao longe, a menos de 1 milha – esta é a altura do ano de elas se passearem por aqui – e fomos acompanhados praticamente durante toda a viagem por muitas borboletas e até por uma libelinha. Com esta pacatez toda almoçamos no poço, com mesa posta, e depois fiz um bolo, de novo o bolo de chocolate da Mafalda, para servir de bolo de aniversário, agorab o meu! Hamilton Island é uma da ilhas das Whitsundays com resorts, das 72 ilhas há 7 com resorts, e é uma das poucas ilhas que não é Parque Nacional e tem uma grande marina. É um destino de luxo, até tem um aeroporto onde “cabem” 737 (como diz o Rui) e espanta a quantidade de grandes “lanchões” que por aqui estão atracados. O nosso lugar na Marina também é de luxo, um cais privativo de “super yacht” mesmo em frente aos restaurantes. Num deles havia um casamento e tivémos música até altas horas. Os Eowyn vieram tomar um copo connosco antes de jantar, ainda aqui tínhamos as garrafas de champanhe que o Paco Sotomayor tinha comprado para a minha despedida no Equador e depois fomos todos jantar à Steakhouse aqui em frente. A impressão que temos até agora dos Australianos é de gente com grande abertura, informalidade, simpatia e uma grande vontade de serem prestáveis. Alguns têm um aspecto muito tosco, em Mackay vimos gente mesmo estranha, mas ainda assim muito simpáticos. E quando chegámos ao nosso lugar na Marina tivémos um desses exemplos. Um casal, dos com muito bom aspecto, apareceu a perguntar se íamos ficar naquele lugar por muitos dias pois tinha-lhes sido destinado pela Marina, a partir do dia seguinte. A nossa intenção era ficar só uma noite pelo que a questão ficou esclarecida, mas entretanto começámos à conversa e ficámos a saber que o seu filho tinha estado em Portugal, de férias, na semana passada e tinha ficado encantado com o país (que pequeno mundo!!), deram-nos imensas informações do que havia e se podia fazer na ilha e convidaram-nos para jantar, mas não pudémos aceitar pois já estávamos comprometidos com os Eowyn e era o meu jantar de anos. Uma simpatia!AUSTRÁLIA – 01.08.2010
Hamilton Island é um grande destino turístico, não de massas, mas tem muito movimento apesar de estarmos no Inverno. À volta da Marina parece uma cidade, tem tudo o que é preciso, lojas, supermercado, bakery, restaurantes, bares, night club, etc. e é tudo de qualidade e bastante caro. Em terra anda-se de buggy que se alugam a 85 Dólares Australianos por dia e, para além disso, há um shuttle, gratuito, que percorre a ilha e passa pelos diversos resorts. Apesar de todo este movimento o principal som que se ouve na ilha é dos corvos que há em grande quantidade – em Mackay também era assim – mas também há muitas catatuas brancas de popa amarela, papagaios coloridos com penas azuis, verdes, vermelhas e amarelas, gaivotas e muitos outros passarinhos. Ao meio do dia partimos rumo a Cid Island que fica a menos de 10 milhas e onde vamos passar a noite, só nós e o Eowyn, fundeados numa baía abrigada e de águas pouco profundas. Continuamos sem vento, o mar está muito calmo, agora a cor é turquesa clara, e a paisagem é lindíssima pois navegamos por entre ilhas, mas muito próximo de terra, dá par ver as praias de areia branca e a floresta que chega até quase ao mar. Voltámos a ver baleias ao longe, parecendo que também elas se passeiam pelas Whitsundays! Já noite cerrada tivémos mesmo que mudar de sítio pois pelos efeitos da maré, que aqui tem grandes amplitudes, ficámos ainda mais baixos e a corrente fazia bastante barulho. Nessa altura ainda apanhámos um grande susto pois de repente a sonda passou a indicar uma profundidade de 1,7 metros e, como o Thor cala 1,85 m, já deveríamos estar encalhados ou pelo menos enterrados na areia. Afinal deveria ter sido um grande cardume de peixes que passou por baixo da sonda e que, talvez atraídos pela decklight, se aproximaram do barco e aí se mantiveram fazendo grande barulho e dando grandes saltos. Eram centenas de peixes de dimensões consideráveis de ambos os costados do barco, de cor prateada quando lhes apontávamos o flash, um espectáculo impressionante! Depois fomos dormir, eram 9 da noite, bastante tarde já, pois o Sol tinha-se posto às 18 horas!AUSTRÁLIA – 02.08.2010
À última da hora decidimos ir a Airlie Beach considerada nos Guias de Viagem uma das praias mais bonitas da Austrália, o que nos aguçou a curiosidade. Estávamos apenas a 15 milhas de distância, mas nem o Eowyn nem o Kalliope que também anda por perto nos acompanharam. O tempo mudou, o vento apareceu com força, 20/25 nós, e assim a viagem foi ainda mais rápida. À chegada, e apesar de já termos informação das exigências feitas pela Marina, experimentámos pedir lugar e também nos exigiram um seguro de 10 milhões de dólares australianos !!! – o nosso é de 1 milhão de Euros - razão pela qual ainda nenhum dos barcos da frota aqui deu entrada. O Rui bem refilou com eles mas nada feito o que é estranho, pois não tínhamos tido esta informação anteriormente, nem nunca esta questão foi levantada pelas outras marinas onde ficámos! Mas, como tanto à saída da Marina como no outro lado da baía, há imensas bóias não tivémos problemas para fundear e bem vistas as coisas ainda poupámos uns dólares!! Airlie Beach fica situada numa imensa baía que um conjunto de ilhas à sua entrada ainda tornam mais protegida, baía que estava cheia de barcos fundeados, seriam mais de 150, e ainda havia bóias disponíveis (mas a Marina também parecia cheia ou quase...). É uma cidadezinha muito moderna, cheia de bares, restaurantes e lojas para turistas e casas de veraneio que começam a ser prédios de apartamentos construídos pelas montanhas acima. Tem uma grande praia, mas como na maré baixa o mar ficava muito longe – toda a baía parece ficar numa espécie de planalto pois a mais de 2 milhas de distância de terra já estávamos com profundidades de 7 metros – construiram ali ao lado uma grande lagoa com água do mar que parece uma enorme piscina e com todas as comodidades à sua volta desde sanitários ultramodernos, mesas de picnic até barbeques a gás que nos pareceu funcionarem sem ser preciso meter nenhuma moeda....E em toda esta zona era proibido fumar e beber bebidas alcoólicas. Uma cidade toda voltada para o turismo, aqui mais de massas, mas mantendo um óptimo aspecto quer no comércio como nas casas de habitação. Almoçámos no Whitsandays Yacht Club que tinha a doca dos dinghys, démos um grande passeio pela cidade e voltámos ao Thor para no dia seguinte rumarmos a novo destino. E o destino era Bowen.AUSTRÁLIA – 03.08.2010
Bowen, uma pequena cidade na costa australiana, 30 milhas a norte de Airlie Beach, foi o nosso destino seguinte. A viagem foi tranquila, mas navegar neste mar de corais requere muita atenção e cuidados redobrados. A parte mais sensível foi a Passagem junto a Gloucester Island onde navegámos a passo de caracol e onde chegámos a ter 2,7 metros de profundidade. No percurso o Rui ainda viu uma tartaruga a passar e golfinhos mas em ambas as ocasiões eu estava no salão e já não fui a tempo de os ver. Em Bowen ficámos numa pequena marina – outra preocupação foi jogar com as horas das marés para termos profundidade suficiente para a entrada e para a saída – e voltámos a juntar-nos ao Eowyn. A cidade é muito pequena, menos de 8.000 habitantes, e tem uma marginal recente, muito bem arranjada onde também havia mesas para picnic e os tais barbeques gratuitos, mas estava tudo vazio. O resto, à hora que por lá passeámos e que foi entre as 16h30 e as 18h, parecia uma cidade fantasma e, ao mesmo tempo, uma cidadezinha americana dos anos 50, ruas largas com um ar limpo, casas térreas, muito comércio, mas tudo fechado e não havia ninguém nas ruas, nem automóveis. Ainda fomos a um Supermercado que estava aberto e era excelente e depois jantámos no Yacht Club que mesmo assim nos pareceu a melhor alternativa da terra pois para além deste só havia os dos hotéis que não deveriam ter mais de 2 estrelas - tinham-nos avisado na Marina que "fancy restaurants" Bowen não tinha. Bowen teve o seu momento de fama em 2007 quando ali decorreram as filmagens do filme Australia com a Nicole Kidman (quando regressar a Portugal tenho que ver) e tem uma outra particularidade, uns grandes murais espalhados pela cidade, pintados por artistas de Queensland, são 24, do tipo dos murais do MRPP no tempo da Revolução, e que lhe dão um toque especial.
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