sábado, 17 de abril de 2010

Daily Log - Tuamotu 03

Conforme tinhamos planeado levantámos ferro do motu Rua Vahine e aí fomos lagoa acima à procura da "quinta do sr Assam" referida num livrito de 2003 que comprámos em Nuku Hiva (Guide de navigation et de tourisme de la Polynésie française), como um local agradável para fundear e que o Sr. Assam  teria muito prazer em mostrar tudo sobre a cultura das pérolas. Na realidade ao chegarmos ao local encontrámos ... um estaleiro com 3 barcos. Fundeámos e aí apareceu um senhor a dizer-nos que tinhamos umas poitas um pouco mais à frente, que podiamos utilizar - imaginem a alegria do Kalliope ao saber que não precisava de lançar ferro - e "grátis". Lá arrumámos a embarcação, fomos a terra e fomos simpáticamente recebidos por um casal de jovens - netos do Sr. Assam, ele pelo menos porque ela pareceu-me demasiado "branca" - e do filho do Sr. Assam, pai do jovem. Afinal são a continuação da familia Assam, gente muito agradável, muito hospitaleira, explicaram-nos e mostraram-nos todo o processo da cultura das pérolas negras - o Sr. Assam actual produz 50.000 pérolas por ano e tem neste momento 2,5 milhões de ostras bébé em crescimento para produção de pérolas dentro de 5 anos - e o projecto do estaleiro com capacidade para invernar, pequenas ou grandes reparações e manutenção, que foi iniciado em Julho de 2009 e que ele pretende fazer conhecer dentro dos circuitos cruzeiristas, como o WARC ou o Blue Waters Rally - para quem estiver interessado www.apataki.carenage.com. É um projecto interessante numa zona onde, tirando Tahiti, não existe nada. Em conclusão da história da "quinta do Sr. Assam" vimos o estaleiro, aprendemos a cultivar pérolas e também a comprar porque no circuito também está incluído uma componente comercial traduzida na amostragem de pérolas de várias qualidades e preços - mas bem mais baratos que Tahiti ou Bora Bora, diz ele - e, digo-vos que foi um sucesso. Está tudo bem organizado, com simpatia mas com grande pragmatismo, aceita receber sacos de lixo, a 300 Francos do Pacífico cada (- de 3€), vende ovos a 1000 francos a vintena, etc. Entretanto ao fim da tarde, estava toda a gente embrenhada na observação das pérolas, quando apareceu um pequeno tubarão que habitualmente vem comer á mão da senhora que aparece na foto que enviei anteriormente. Ela tem um pequeno pedaço de peixe na mão, senta-se ali e o bichinho aparece encosta o focinho junto aos pés dela e ali está à espera que ela lhe dê de comer. Toda a gente foi tirar fotos e fazer festas no bicho até que a senhora lá lhe deu o peixe, fez-lhe umas festas e o tubarãozinho deu a volta e calmamente desapareceu nas profundezas da lagoa. Ao mesmo tempo andava por ali uma raia que, no entanto não despertou nenhum interesse. Enfim coisas da "quinta do Sr. Assam". Passámos a noite nas poitas e hoje continuámos para Norte vindo a fundear no extremo da lagoa num sítio absolutamernte sereno e desértico, mas a água não está limpida como é costume pois fundeámos com cerca de 5 metros e nem desconfiamos do fundo. A água parece que leitosa, com muitos microorganismos que lhe retiram a limpidez mas, a quietude da zona é absolutamente fantástica. Acabei de assistir a um dos mais belos pôr do sol da minha vida, um espectáculo absolutamente fantástico de cor, de suavidade de transformação da luz, não tenho palavras para vos descrever esta beleza. Vamos passar aqui a noite, amanhã regressamos às poitas do Sr. Assam - os Kalliopes encomendaram um jantar em casa do Sr. Assam - e no Domingo partimos, ao fim da tarde, para fazer as cerca de 80 milhas que nos separam de Rangiroa, o próximo atol que iremos visitar. Até lá, cuidem-se. Beijinhos e abraços.

4 comentários:

  1. Caro Rui Soares
    Este é o post que eu esperava ler como experiência de quem faz o "sacrifício" de dar uma volta ao mundo à vela ! Como diz um amigo : há vidas mais baratas, mas não prestam para nada ! Locais como esse devem perdurar na mente de uma pessoa para sempre.
    Às vezes apetece ter alguma companhia com quem partilhar e isso é que é mais difícil.
    Um grande abraço e que o prazer da viagem continue.
    João-Carioca

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  2. As "pequenas" estadias que marcam e fazem valer a pena ás partes menos boas...
    Continuação de boa viagem com bons ventos e boas marés para as entradas nos atois...

    Cá vamos acompnhando.
    Zé Dias
    No Stress

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  3. Olá Rui,
    É mesmo um a felicidade viver o que tens tido nessas áreas. As tuas descrições são de uma realidade que nos conseguem transmitir o que te rodea.Estou certo que vamos ter um livro. A propósito, estou certo que já compras-te umas pérolas para a Sra Armadora???
    Um abraço

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  4. Amigo Rui

    É com muita prazer, que todos os dias leio
    as tuas aventuras.Faço votos que tudo corra
    de pelo melhor.

    Um abraço amigo

    Zé Mascarenhas

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