segunda-feira, 28 de março de 2011

Daily Log - Brs/Grn Final

Meus caros amigos e companheiros em resultado de uma opção algo arriscada mas bem pensada, o Thor VI voltou a ganhar. A decisão de fazer uma rota tão perto da costa quanto possível pagou bem a atenção e o trabalho a que nos obrigou. Fizemos menos milhas, apanhámos um vento mais estável e com melhor ângulo e uma corrente muito favorável e forte, talvez pela fase da lua, que nos "deu" singraduras, por duas vezes, superiores a 200 milhas/dia coisa que só tínhamos conseguido na costa Sul africana. Terminou em beleza o WARC 2010/11. Agora vamos "passear" até Marigot Bay (14Abr) e depois Sta. Lucia/Rodney Bay (16Abr) onde termina formalmente este  WARC. Depois disso seguimos para Antigua, para a Week Race, na ultima semana de Abril e depois para as British Virgin Islands/Nanny Cay Marina de onde parte o ARC Europe a 05 de Maio com destino a Lagos mas com passagem e paragem nas Bermudas e Açores. Cuidem-se.

domingo, 27 de março de 2011

Dayli Log - Sono Luca

Conforme é da tradição tenho aberto este forum aos meus parceiros de viagem para o que bem entenderem. Desta vez é o Luca Campana meu parceiro desde o Recife e que me vai ajudar até Portugal. É um profissional da náutica, bastante experiente, conhecedor dos princípios da arte teve uma rápida adaptação ao barco pelo que temos feito uma parelha excelente. Então diz ele:
Ciao a tutti, sono Luca e faccio parte dell’ equipaggio di Thor VI da quando abbiamo lasciato Recife per raggiungere Grenada. Che dire....tutto e’ accaduto in maniera alquanto improvvisa ed accidentale....l’infortunio del coskipper di Rui, il mio periodo sabbatico con conseguente vagabondaggio in terra brasiliana, l’incrocio con il percorso della world arc, un cartello lasciato nell’ufficio del marina e poi una mail, due chiacchiere col capitano e pronti via !! Una follia....puo’ darsi ma per ora tutto sembra procedere per il meglio e niente ci impedisce di sognare nuovi ancoraggi ed altre lunghe navigazioni ......chissa’ magari fino in Portogallo.

sábado, 26 de março de 2011

Dayli Log - Caribe 01

Pois meus caros amigos cá continuamos em tarefas domésticas tentando por o Thor em condições de receber a Sra. Armadora. E não tem sido fácil porque o tempo, com chuvadas frequentes, não tem ajudado e nós acima de tudo precisávamos de secar o interior do barco. Mas para já as coisas estão razoáveis e em condições. Entretanto ontem 25Mar chegou o Basia e os seus acompanhantes numa epopeia de mais de 1000 milhas. Houve muita emoção muito "coração" porque sempre foi um "dos nossos" que passou por um mau bocado que felizmente acabou em bem só com danos materiais e bastantes pois o barco está algo "amarrotado" com sinais evidentes da colisão e outros menos evidentes a nível da estrutura. Mas acabou em bem! De Grenada beijinhos e abraços.

quarta-feira, 23 de março de 2011

AVO 02 - Há mais marés ...

Pois é. O homem põe e Deus dispõe. Afinal acabei por ter de abandonar o meu companheiro no Recife, agora que já estava tudo a ficar afinado e as rotinas estabelecidas.Mas o esqueleto deu de si  e, para evitar piores consequências, lá voltei ao estaleiro. Felizmente apareceu um substituto, o transalpino Luca, rapaz jovem e que o Rui aprovou logo de seguida. Pareceu-me um marinheiro apto (gostei do nó de escota dobrado) e julgo que será uma óptima ajuda para o skipper. O Thor assim o exige para consumar a grande volta. A travessia do Atlântico Sul, no que me coube, foi uma boa experiência, salpicada por inúmeros episódios. Sta. Helena, a única escala, foi uma novidade. Um recuo no tempo,  para aí uma trintena de anos. Deixou-me aquela impressão do ultimo reduto de reclusão política ou albergue dos despromovidos e castigados, espécie de “tarrafal” britânico, claro que mais suave, organizado e evoluído. Contudo, nada de ATM’s ou celulares, acesso algo limitado á internet, bem como a dependência dum navio logístico que a visita mensalmente. Mesmo assim será, pela posição, uma boa escala, permitindo o repouso e o reaprovisionamento, onde só os mais perecíveis podem vir a faltar. O reabastecimento e aguada é feito no fundeadouro, mas como a mareta estava calma, não trouxe problemas. No final, até fomos bafejados pela sorte, pois a quebra do cabo da nossa poita, arrastou-nos para fora do ancoradouro e, felizmente, não abalroamos ninguém. E foi num repente. Sem o alarme de fundeio, noite luarenta e calma, o Rui veio espreitar cá fora e descobriu que “a ilha lhe parecia mais longe” e ”os barcos não estavam na mesma posição”. Largamos a bóia com o resto do cabo e fomos à procura de outra poita, agora para ficar. Sorte, também tem que haver. Como um mal nunca vem só, cerca de um dia após a largada de Sta. Helena, numa mareação folgada, ouvimos um estalo vindo do lado da proa e chamei a atenção do Rui para a posição anormal do tambor do enrolador da genoa, que tinha tombado para bombordo. Uma rápida inspecção permitiu ver que o estai real estava partido e que o conjunto estava suspenso na adriça da genoa. Esse conjunto foi arreado na manhã seguinte e depositado ao longo do convés, amarrado ao varandim de bombordo, saindo ainda pela ré aí uns bons 3 metros. Foi providencial a instalação do estai volante, permitindo assim que o mastro ficasse seguro e pudesse ser ajustado para a mareação com os alísios e o uso predominante do “parasailor”, arma que já vínhamos afinando no trajecto anterior e que tornou o nosso percurso até às costas baianas num verdadeiro cruzeiro de “plaisance”. Estabilizados, com o restaurante “Plano Inclinado” mais nivelado, conseguimos alguma regularidade no progresso das singraduras, salpicada por algumas “recolhas” inopinadas, fruto de curtas “squalls” com que os mares entretanto mais quentes nos iam presenteando. E enfim, numa grande acalmia, lá vislumbrei a costa dos coqueiros (visão algo diferente do que conheço, apesar de lá residir há uns anos) e após cruzarmos a linha de chegada, em frente ao farol da Barra, lá fomos atracar no pontão do Centro Náutico da Bahia, onde nos esperavam, alem dos incansáveis Susana e  Paul (organizadores), as indispensáveis e bem merecidas caipirinhas. E, como tinha prometido ao Rui, fomos com a Berta (minha cara-metade) ao Juarez, ali bem próximo, para comer o melhor bife de Salvador. Convém anotar. A estadia em Salvador, que já foi descrita nos relatos diários, teve o seu lado positivo – dar ao Rui a possibilidade de conhecer parte da cidade que foi a primeira capital do Brasil, dos seus arredores (Recôncavo, Itapuã, Morro de S. Paulo) e também do modo de vida baiano, da sua gente e da sua cultura multi-facetada, incluindo, entre outros aspectos, a culinária, com a sua diversidade de sabores e temperos. Penso que gostou e, como também andou por terras angolanas, pode estabelecer as fortes ligações que lá e aqui deixamos. A parte mais negativa e para a qual alertei, alimentada pela vizinhança do Carnaval, ali mesmo à porta, teve a ver com as alterações que induz no modo baiano de fazer as coisas, ou seja, um pouco lenta e ao correr do sabor. Tal foi o caso da recepção, montagem e instalação do novo conjunto estai/enrolador, cuja demora foi desgastante, com obstáculos difíceis de contornar. Na verdade, a montagem e afinação acabou por ter lugar na quinta-feira, noite dentro, e ainda bem, pois com a folia carnavalesca soteropolitana ao rubro, corríamos o risco de só poder largar depois da quarta-feira de cinzas e nunca chegaríamos ao Recife a tempo da largada para Grenada. Enfim, um pouco de sorte, no meio de tanta incúria e demora. Um ensinamento a guardar. Mas lá seguimos para o Recife. Agora, com tudo contra – vento, mar, corrente e algumas “squalls” para enfeitar e molhar. E o motor, que até então se tinha comportado brilhantemente, começou a dar das suas e parou repetidas vezes, mormente quando se alterava o regime. Falha de alimentação, sujidade, filtros, enfim uma variedade de hipóteses se apresentavam, causando alguma apreensão, particularmente na chegada ao porto do Recife durante a noite. E foi o caso, obrigando-nos a desenrolar de novo a genoa e a sair o porto, até conseguir estabelecer um regime que nos permitisse seguir até à poita de amarração no meio do canal (com os decibéis incríveis do Marco Zero, recinto ribeirinho onde o Carnaval fervia). Tudo bem, mas após várias tentativas infrutíferas, acabamos por largar o ferro e por lá pernoitamos (com musica, claro ), com vista a seguir bem cedo, na maré cheia (único processo), para o Cabanga Yacht Club do Recife. E assim foi, com os nossos amigos do Eowin e do Kalliope todos à espera, para ajudar na entrada e amarração. Havia no entanto outra coisa, que nos trazia alguma preocupação e que o Rui queria também verificar. Tratava-se do sistema de arrefecimento do motor, em que a saída de água e o aparecimento exagerado de fumo indicariam o mau funcionamento do mesmo. Durante a travessia tinha substituído o “impeller” mais do que uma vez, pois após algum período de funcionamento, apresentava-se sem palhetas, deficiência que atribuía a má circulação no circuito de arrefecimento. Assim (e nem tudo corre mal) conseguiu que o Sr. João, um excelente técnico de motores pernambucano, em plena terça-feira de Carnaval, lhe fizesse uma inspecção aos sistemas de alimentação e de arrefecimento, os quais ficaram a funcionar na perfeição, dando posteriormente lugar a um curto episódio, que não quero deixar passar. De facto, o Sr. João, com a limpeza que realizou no sistema de arrefecimento, conseguiu reunir um monte de pedaços de “impeller”que o Rui colocou numa taça e deixou no poço, tendo em vista poder mostrar aos amigos porque é que a água não corria e havia tanto fumo. Eis se não quando o nosso amigo andaluz Emílio, a pretexto duma questão referente ao reabastecimento de combustível, se aproximou da popa do Thor no seu “dinghy” e o Rui, pressuroso e atento, agarrou na taça e levou-a para ele ver. O mesmo, sem despudor, meteu a mão nas “tapas” e levou uma à boca, a qual, de imediato expeliu, com o impropério devido. O caso virou hilário e decidi intitula-lo de “O caldo de impellers”.
Pois é, mas contando com a ajuda de um amigo de longa data que tenho no Recife, lá fui fazer as ultimas compras para o completo reabastecimento do Thor, acompanhando o Rui nos últimos preparativos para a largada no dia seguinte e foi a despedida. Tive pena de o não poder acompanhar, pelo menos nesta ultima fase, como tinha previsto e supunha ser possível.
Conforme já tinha mencionado nas primeiras mil milhas e que reitero, o Thor é um bom barco, resistente, bem equipado, bem monitorado e mantido, e o Rui um bom skipper, atento, planeando e conduzindo todas as manobras com cuidado, antecipação e segurança. Penso que a experiência que obteve nesta volta e os conhecimentos que aprofundou, a que alia um conhecimento profundo do barco e das suas capacidades, permitem que agarre as situações mais complicadas com bastante destreza. Recordo aquela “magnífica” cambadela do “parasailor” e o ar de jovialidade e de satisfação. Sem espinhas!!!
Homem e nave perfeitamente integrados, perseverança e vontade de concluir o “seu projecto”
são os ingredientes necessários. Força companheiro, que Oeiras é já ali.
Foi um prazer navegar contigo e cá irei acompanhando a tua odisseia, desejando que tenhas ventos e mares de feição e chegues a bom porto, para podermos ouvir as histórias.
Voltei para o estaleiro, mas ainda não desisti. Há mais marés….
Um abração, tudo numa boa e “tanti auguri”

Tozé

Dayli Log - Brs/Grn 12

Eram 20:06 Locais/23:06 Lisboa quando o Thor VI cruzou a linha de chegada à entrada do porto de St. George, cumprindo as 2080 milhas da ultima etapa do WARC 2010/2011 em 12 dias 12 horas e 06 minutos. Devo dizer que tenho uma sensação estranha por confirmar que esta aventura (do WARC) terminou. E terminou molhada pois choveu certinho toda a santa tarde e após um ligeiro interregno aqui,à entrada da marina voltou a pegar e as manobras de atracação deram para estar completamente encharcado. Talvez seja essa a sensação estranha, ter os pés molhados. Agora vamos jantar e esperar que o tempo melhore porque prometi à Sra Armadora que chega Sábado, ter o barco limpinho e arrumadinho. Pois é, o "uma espécie de diário da patroa" vai regressar até Sta Lúcia lá para meados de Abril. Beijinhos e abraços das Caraíbas.

terça-feira, 22 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 11

Está passada a ultima noite no mar deste troço final do WARC 2010/2011 e voltaram as correrias e a chuva. Foi portanto uma noite "interessante", bem movimentada, depois de um dia calmo, tendo feito 170 milhas nas ultimas 24 horas. Assim sendo, faltarão cerca de 78 milhas para Port Louis onde prevemos chegar lá pelas 21:00 horas (24 em Lisboa). Passámos a Norte de Tobago ao nascer do Sol, tendo apanhado um mar completamente partido resultado de correntes e contra correntes típicas da navegação junto a ilhas. O tempo está meio nublado, mas agora o que nos interessa é aquela ilha que está lá mais à frente - ainda não visível - e onde iremos acabar esta tirada. Cuidem-se. Thor VI de novo no mar das Caraíbas over and out.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 10

Vejam lá como os maus hábitos se instalam depressa, Nas ultimas 24 horas "só" fizemos cerca de 168 milhas e isto pareceu-nos de uma pasmaceira terrível porque nos últimos dias temos feito médias fantásticas indo mesmo acima das 200 milhas. Mas vamos voltar ao real porque o vento caiu assim como a corrente e está um mar de senhoras, magnifico para relaxar. Acabaram-se as correrias mas mesmo assim esperamos chegar amanhã lá para o fim do dia ou mais provavelmente no início da noite. Se não for possível entrar na marina de noite fundeamos na baía de entrada e atracamos no dia seguinte de manhã. Tudo depende do que acontecer em termos meteo nas próximas 24 horas já que nos faltam cerca de 250 milhas para 34 horas. Beijinhos e abraços.

domingo, 20 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 09

Mais uma vez o Thor VI ultrapassou o marca "mítica" das 200 milhas em 24 horas. Desta vez foi à justa pois fizemos 201. Durante o dia de ontem a corrente baixou - deve andar agora pelos 1,5 nós - mas como o vento subiu um pouco deu para manter a passada num ritmo bem elevado e que tem servido para nos manter empenhados no "puxar" pelo barco. A chegada a Grenada deverá ser a 22 durante a tarde ou principio da noite já que faltam, neste momento, menos de 415 milhas e nós continuamos a andar depressinha. O tempo está estável, sem chuva com vento na alheta nos 15/20 nós. Com o Basia não há alterações continuando a progredir para Grenada devendo chegar, mais os acompanhantes, lá para 26 Mar. Cuidem-se.

sábado, 19 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 08

Duzentas e cinco milhas foi quanto o Thor VI andou desde as 09:00L/12:00 UTC de ontem 6º feira até às 09:00L/12:00UTC de hoje Sabado, em resultado de um vento na casa dos 15/20 nós de largo e principalmente da corrente Equatorial Sul que parece estar muito activa. A verdade é que nós vamos aqui a voar baixinho - só tinhamos apanhado disto na descida da costa Este Sul Africana, mas aí com bastante mais vento - e continuamos porque as condições não se alteraram. Um final de WARC simplesmente fantástico, quando faltam cerca de 600 milhas para Grenada. O Basia e os seus escoltas continuam a progredir bem sem problemas de maior e com a moral a retomar níveis positivos.Esperamos por eles em Grenada. O tempo tem vindo a melhorar com a chuva a ser menos frequente e o Sol a aquecer. Ainda vamos chegar a Grenadsa com tudo seco. Quem diria. Entretanto a natureza continua bastante pobre, sendo que a única companhia são os peixes voadores aos milhares e é engraçado quando se levantam em bando (ou em cardume?) às dezenas. Ainda por aqui apareceram uns golfinhos mas muito pouco interessados e nada brincalhões. Apareceram e desapareceram sem deixar rasto nem graça. Sabiam que hoje é a noite de maior Lua cheia dos últimos 20 anos? Agora cuidem-se e não se esqueçam dos óculos de sol. Do Atlântico Norte a caminho do mar das Caraíbas Thor VI over and out.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 07

Parece, enfim que as coisas estão a melhorar. Ontem, 5º feira já ao fim da tarde saímos da massa de ar onde estavamos embrenhados há uma série de dias e finalmente vimos umas résteas do pôr do sol ainda que envergonhado. O vento acalmou e o mar também, depois rodou para SE estabilizou acima dos 10 nós e tivemos uma noite calmíssima, mas a progredir regularmente acabando por fazer acima das 150 milhas em 24 horas. Com isto faltam-nos, desde as 9 da manhã de hoje 6º feira, 817 milhas para Grenada. Está quase! Entretanto o tempo melhorou bastante, o processo de seca já começou, mas o solinho está muito envergonhado e nós continuamos com uma progressão bem certinha num largo bem estabilizado e equilibrado. Pelos lados do Basia as coisas estão a correr conforme previsto sem ter havido agravamento na situação, continuando escoltado de perto pelo Eowyn e Tucanon e com o apoio à distância do Jeannius, Destiny e Ariane. O plano continua a ser, para já, prosseguir para Grenada faltando-lhe um pouco mais de 1000 milhas. Nós devemos abandonar hoje a costa brasileira atravessando a fronteira com a Guiana Francesa,o que mostra bem quanto o Brasil é um país grande, mas é necessário algo mais para ser um grande país A moral e o conforto aqui pelo Thor melhoram a olhos vistos e esperamos um resto de World ARC bem mais agradável e descansado mas continuando bem depressinha. Beijinhos e abraços. Thor VI out.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 06

Ó gentes da minha terra diz a Marisa num fado, isto não está fácil, digo eu aqui no Thor. Na realidade ontem a intenção era reduzir pano e ter uma noite descansada, mas as coisas tornaram-se complicadas, com mais uma linha de instabilidade que se atravessou na frente e o resultado foi uma noite inteira de chuva, por vezes muito forte, com variações contínuas de vento e o mar com estas anormalidades todas fica taralhouco e pôe-se bravo. E nós tivemos mais uma noite de pesadelo, ele é água por todo o lado, o barco está uma miséria, não há nada que não esteja molhado, é extremamente desconfortável. Choveu até às 6 da manhã, depois houve um intervalo de 2 horas e recomeçou tudo de novo. Agora são 3 da tarde (6 em Lisboa) e a chuva ainda não parou, nem tem mostras de parar. Está a ser uma última etapa fantástica, quem diria! Entretanto nós fizemos mais de 170 milhas o que é a única coisa boa disto tudo. Entretanto no Basia corre tudo tão bem quanto possível e está a navegar com normalidade. Beijinhos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 05a

Nós continuamos voando baixinho - fizemos 71 milhas em 09 horas - com a ajuda de 20 nós de vento a entrar nos 120º, uma corrente de cerca de 1 nó e uma excelente genoa, mas agora para a noite vamos reduzir o pano porque precisamos de descansar. Entretanto o Basia está de novo a andar depois das reparações de urgência terem tido sucesso. Em princípio dirige-se a Grenada, com hipótese de paragem em Cayene na Guyana francesa se necessário. Parece que o pior já passou e ficou demonstrado se necessário fora, a vantagem de andar em frota e em contacto. Se assim não fosse o Basia estaria agora numa situação muito difícil, pois quem o atingiu desapareceu, ficar sem mastro implica perder as comunicações de longa distância, etc.,etc. Entretanto também tive conhecimento que o Marius França Pereira foi vítima de uma situação de violência que grassa nas ruas das nossas cidades estando a atravessar um momento difícil. Daqui lhe desejo que bons ventos o acompanhem nesta difícil singradura. Força Marius! Foi um dia de más notícias, para esquecer. Talvez por isso mesmo vamos reduzir pano e acalmar um pouco porque há mais marés que marinheiros. O restaurante "Plano Inclinado", agora verdadeiramente inclinado, continua a servir lindamente tendo apresentado hoje ao almoço uma salada de atum com tomate que estava um espanto. Mas a melhor notícia foi que, finalmente acabou o atum - juro que se pescar mais algum atum o devolvo ao mar - pelo que nos próximos dias passamos a comer normalmente.Meus caros por hoje chega. Cuidem-se que bem precisam.

Dayli Log - Brs/Grn 05

O Thor andou cerca de 180 milhas nas últimas 24 horas num ritmo fantástico e bastante confortável, mas o importante hoje é o acidente do Basia que colidiu com um cargueiro esta madrugada. Perdeu o mastro, tem danos razoáveis em ambos os flutuadores com alguma entrada de água, mas continua a navegar não estando em risco, para já, a sua flutuabilidade. Está apoiado pelo Eowyn, Tucanon, Jeannius, Destiny e Ariane, principalmente com a cedência de combustível e na reparação de danos. O destino será para já a Guiana Francesa e a situação está a ser acompanhada pelo Rally Control e o MRCC da zona. Nós, que estamos muito longe, vamos manter o rumo para Grenada já que pouco mais podemos fazer. Thor VI over and out.

terça-feira, 15 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 04

Que me desculpem os meus amigos e amigas pela falta de ontem. Afinal isto deveria ser "daily", mas nestes últimos dias, particularmente ontem, as coisas estiveram difíceis com muita chuva - nunca tinha visto chover tanto, com tanta força e durante tanto tempo - muito mar e bastante vento. A nossa opção de vir mais perto da costa já contava com o atravessar de uma área de grande instabilidade, na zona entre Fortaleza e a foz do Amazonas, e foi isso que aconteceu, com o barco muito molhado e muito instável até porque desde que saímos do Recife que navegamos à bolina o que obriga a muito mais trabalho na afinação e equilíbrio do barco. Neste "curso" do WCC parece-me que faltava esta "parte" das mareações com ventos do sector de vante. Já está, mas foram bastante duros estes últimos dias - particularmente esta última noite - em que temos andado quase que "nem loucos". Apesar de não ter os dados todos, julgo que vamos bastante bem posicionados e na luta, tendo feito já 750 Nm desde que saímos do Recife. As previsões apontam para a continuação deste ENE nos 15/20 nós o que é perfeito para os nossos planos. Entretanto hoje pelas 11:35 UTC (e Lisboa) o Thor VI cruzou o Equador com rumo Norte na Longitude 43º 00´786 W e um SOG de 7.2, ou seja voltámos para as nossas Latitudes. Por agora o sol reapareceu e vamos tentar secar este ensopado que vai por aqui. Nós vamos manter-nos atentos para continuar a fazer andar este magnífico barco, agora frente à foz do Amazonas - leva 2 dias a atravessar -a caminho do Caribe. Beleza. Se cuida, viu.

domingo, 13 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 03

Terceiro dia de viagem com mais cerca de 150 milhas. Estamos a entrar na zona de convergência intertropical que dá um aumento no numero de aguaceiros com chuva forte e algum vento - esta noite choveu muito - mas uma grande calmaria fora deles com um calor húmido pois estamos já muito perto do Equador. Ontem Sábado foi um dia cheio de acontecimentos. Assim e pela primeira vez fui usar a minha máquina de cortar o cabelo - comprei-a em Dezembro - e apesar de todos os conselhos e treinos a que fui sujeito por técnico especializado, leia-se barbeiro, correu mal ! Não sei bem porquê, mas foi um desastre. Nem posso olhar para mim.! Adiante que isto cresce e passa! Depois fomos pescar e aí foi um sucesso. Ao fim de um par de horas um belo atum azul saltou para o deck do Thor, ainda que com alguma luta. O Luca mostrou o seu know how e descascou o bicho que nem um profissional e temos ali lombos de atum para dar e vender. Temos bastantes refeições, assim o frigorífico se aguente. Mas como não há bela sem senão, já no fim da captura a cana de pesca partiu a ponteira ficando praticamente inutilizável. Provavelmente até Granada acabou-se a pesca. Entretanto o restaurante "Plano Inclinado" reabriu agora com nova gerência e com grande sucesso numa nova versão de pratos de cozinha italiana. E pronto, cuidem-se que nós vamos dando notícias. Beijinhos e abraços.

sábado, 12 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 02

Mais 24 horas e cerca de 145 milhas feitas. O tempo tem vindo a melhorar com a diminuição dos aguaceiros e a acalmia do mar, mas também com um vento mais fraco. Optámos por uma rota junto à costa na passagem do extremo nordeste do Brasil (Cabo do Calcanhar) o que nos poderá trazer alguma vantagem em relações aos outros barcos que neste momento estão cerca de 50 milhas para Norte. Foi uma aposta, vamos ver o que dá. Aqui pelo Thor as rotinas vão-se instalando com algum "on job trainning" do Luca, estando tudo 100% operacional, o aparelho a funcionar muito bem apesar de ter sido acertado a olho (o caimento do mastro) e a genoa nova funciona lindamente na bolina com um excelente equilíbrio. A nordeste do Brasil e a caminho das Caraíbas Thor VI over and out.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Dayli Log - Brs/Grn 01

E as primeras 24 horas deste troço final estão feitas. Depois de uma boa partida com vento nos 15 nós e um mar bem agradável estabelecemos um ritmo de cruzeiro, com o barco bem equilibrado, numa mareação de bolina. Deu tempo para que o novo tripulante se adapte e tem tudo corrido muito bem. Concluídas as 24 horas fizemos cerca de 150 milhas, o que foi bem bom para o nosso planeamento, estando em aproximação ao extremo nordeste do Brasil. O tempo está muito instável com enormes aguaceiros que dão valentes pancadas de água e grandes variações de vento, quer em intensidade, quer em direcção. É uma situação complicada a necessitar de toda a nossa atenção. E pronto está lançada a última etapa deste World ARC. Um dia destes cruzaremos o Equador para Norte e continuamos a caminho de casa. Beijinhos e abraços.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Dayli Log - Brs 07

Finalmente chegámos ao Recife, 08 Mar 2º feira pelas 20:00. Como a maré cheia tinha sido às 17:30,  não podíamos entrar no Cabanga Iate Clube - com a maré no pleno tínhamos 2 metros de água - pelo que fundeamos no Pernambuco IC até às 5 da manhã do dia seguinte onde com a maré alta acabámos por entrar em Cabanga., finalmente. E este finalmente é isso mesmo porque este trajecto foi um pesadelo. Já não bastava o vento fraco e contra e a corrente a empurrar para trás, o meu "magnífico" Yanmar resolveu  dar-me cabo da cabeça e volta não volta parava, tudo indicando por falta de combustível. Impossível porque tínhamos saído de Salvador completamente cheios, mas um "fuminho" no escape indiciava que algo não ia bem no sistema de combustível. Abeam de Maceió o motor foi-se, virámos para fora - estávamos bem perto da costa - um tempo depois retomou e descobri que se mantivesse um regime baixo e não actuasse na potência as coisas andavam. E assim foi até Recife, mas à entrada, mesmo na entrada da barra com a maré a descer, o motor foi-se novamente. Foi necessário dar "a volta ao cavalo" ir novamente para fora, repor o motor a trabalhar e entrar de novo, agora com a genoa de prevenção. Correu tudo bem até ao local de fundeio, não encontrámos uma bóia logo à primeira e com a necessidade de "mexer" no motor ele foi-se, mas como eu já estava farto deste "trabalha, não trabalha" larguei o ferro - que estava pronto para o que desse e viesse - e ficámos ali. Tínhamos acabado de chegar ao Recife !!! Durante a noite mudei o filtro de combustível o que resolveu, de imediato o problema, pois o motor retomou e com um trabalhar mais redondo. Depois quando entrámos em Cabanga pedi um mecânico e milagrosamente, porque era 3ª feira de Carnaval e no Brasil, apareceu-me um "cara" fantástico que em 4 horas fez uma limpeza completa ao sistema de combustível e ao sistema de arrefecimento de água salgada e não consigo descrever a "porcaria" que encontrámos. Simplesmente impressionante!!! Depois disto o Yanmar voltou a ser o que era, redondinho e suave, e o Thor estava novamente em perfeitas condições, agora  com um enrolador novinho em folha e uma afinação de mastro, ainda que "a olho", bem conseguida. E isto numa 3ª feira de Carnaval! Dizia-me um "cara" daqui, Deus está olhando prá você!. Entretanto os problemas ainda não estavam resolvidos pois o Tozé estava cada vez pior com problemas de saúde resultantes da falta de medicamentos preventivos de que se tinha esquecido em Salvador. As coisas complicaram-se e o Tozé, por indicação do médico, vai ficar por aqui e regressar de avião a Salvador. E aí vai de encontrar uma solução imediata para poder levar o meu projecto até ao fim - e disso eu não abro mão custe o que custar - e ela apareceu na pessoa de um italiano que se tinha oferecido ao WARC. Depois de conversarmos chegámos a um acordo e o Luca, é assim que se chama, vai até Grenada e, se assim o entendermos por mútuo acordo, poderá continuar até Portugal. O Luca é skipper profissional com experiência em lanchas a motor e pretende ganhar experiência em barcos à vela e parece-me, para já, uma boa aposta. Será que Deus está mesmo velando? Como podem constatar estes últimos dias têm sido absolutamente "fantásticos" e é quase um milagre o Thor conseguir estar amanhã, 10 Mar pelas 09:00 (12:00 em Lisboa), na linha de partida para a última etapa deste World ARC, mas vai estar e em perfeitas condições e pronto para a luta. Do Recife não vi absolutamente nada, o Carnaval foi passado no mar - eu também não sou grande fã - e do Brasil já tenho a minha conta. Tranquilos. Se cuida viu.   

domingo, 6 de março de 2011

Thor VI

Thor VI abeam Maceió 20:00
ETA Recife/Cabanga Yacht Club 07/03/11 18:00

sábado, 5 de março de 2011

Dayli Log - Brs 06

E o Thor já mexe! Sexta Feira 04Mar2011 ás 08:00 o Thor largou amarras, 28 dias depois de ter chegado ao Centro Náutico conseguimos deixar Salvador a caminho de Recife. Estes dois últimos dias foram de  loucos, na 4ª feira passei o dia inteiro no terminal de carga do aeroporto para levantar as peças, o que consegui cerca das 17:30. Na 5ª feira, finalmente foi o dia da montagem, coisa simples! mas como as boas tradições da Bahia dizem "pressa? prá quê?" às 23:30 ainda andava um "cara" pendurado no mastro nos últimos acabamentos. Só visto pois contado não tem graça. Na 6ª feira logo pela madrugada, vai de arrumar o barco, que estava uma miséria, largar amarras ir reabastecer na barca do combustível e ála que se faz tarde. Entretanto em Salvador a "galera endoidou" pois como na 5ª feira é o início do Carnaval foi a noite toda de batuque e agora é sempre a dar até à próxima 4ª feira de cinzas. Uma alegria!!! Entretanto nós fizemos umas "fantásticas" 90 milhas nas primeiras 24 horas, nunca tinha andado tão pouco mas isto é o resultado de termos vento, corrente e mareta pela proa. Apesar de qualquer destes elementos não ser muito forte impede a progressão mais rápida do barco. Não há nada a fazer e agora, Sábado de manhã, já vamos em bolina muito cerrada - coisa que já não me acontecia há uma boa dezena de meses - e a andar um bocadinho mais, até porque a corrente enfraqueceu. Um dia destes chegamos ao Recife. Beleza. Se cuide, viu.