segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 24

Mais um dia de pasmaceira com pouco mais de 140 milhas feitas. Uma noite muito calma animada pela ultrapassagem ao Destiny ao nascer do sol com o parasailor a marcar a diferença (agora ao fim do dia já não o avisto sequer). Um dia de muito calor, arrefecido com um excelente banho de mangueira e, a meio da tarde quando a cana deu um ligeiro aviso que alguém se tinha encostado à amostra. Afinal foi rebate falso, mas quando observava a zona atrás do barco vejo dois dourados grandes com enormes barbatanas azuis que seguiam na esteira do barco como que nos observando. Ainda lhes meti a amostra mesmo ali à frente, mas nada. Maricas! Ao fim de algum tempo desapareceram. Nunca tinha visto nada parecido. Foi um momento diferente desta pasmaceira. Mesmo assim continuamos com chegada prevista para 03Fev, 5ª feira lá para o fim da manhã. E sabiam que Salvador foi a primeira capital do Brasil tendo o seu reinado durado mais de 200 anos? O primeiro donatário das terras da Bahia foi Francisco Pereira Coutinho que em Dezembro de 1536 a descrevia assim: " ... esta é a melhor e mais limpa terra que há no mundo. Ela é banhada por um rio de água doce tamanho (tão grande) como o de Lisboa, no qual podem entrar quantos navios há no mundo e nunca se viu porto melhor nem mais seguro..." Beijinhos e abraços.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 23

Um Domingo absolutamente calmo, quase sem vento, o parasailor vê-se aflito para se manter em cima, o mar está quase "flat", está bastante calor (a água do mar está a 26º!) e isto é uma pasmaceira. Nas últimas 24 horas as coisas não correram mal pois fizemos quase 150 milhas, com umas térmicas nocturnas que muito nos ajudaram. Hoje esperamos a mesma coisa, mas para já as coisas não estão a correr bem. Enfim, há que ter paciência porque isto de andar à vela é mesmo assim! Até a cana da pesca está ali à popa, firme e hirta, a dar banho à amostra sem um bocadinho de emoção. Amanhã há mais. Cuidem-se.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dayi Log - Atl S 22

Mais um dia de São Parasailor. Sem ele e com o vento que está (8/10 nós) estaríamos praticamente parados, assim vamos andando "papando" milha atrás de milha. O tempo está bom, aquecendo progressivamente, e até as noites já são bem agradáveis e com um céu absolutamente maravilhoso, agora que já quase não há lua. Apesar de termos o parasailor estamos com a pesca na água - se algum pateta se enfeitiçar logo se vê - só para dar um pouco de emoção a estes dias tão iguais. O Plano Inclinado continua a variar as ementas através da improvisação e imaginação do "chef" e os resultados são excelentes, mas garanto que quando chegar a Salvador a primeira refeição vai ser um óptimo Bife com batatas fritas. Até lá vamos aproveitando e gerindo o tempo o melhor possível (e um bronzezito) divertindo-nos com os peixes voadores que são a nossa única companhia. É impressionante a falta de vida que este Oceano tem, não se vê uma ave ou um peixe ou golfinhos, nada tirando os peixes voadores. Aproveitem o fim de semana e divirtam-se. Thor VI over and out

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 21

E vão 20 dias de viagem incluindo a paragem de 2 dias no sitio mais recôndito do mundo, sim Sta Helena é a ilha mais longe de tudo no mundo. E nós estivemos lá ! O andamento do Thor continua a ser o normal para estas condições, entre 145/150 milhas dia, ainda que esta madrugada uns aguaceiros menos simpáticos lançaram alguma confusão nas hostes, com umas chuvadas valentes e a recolha apressada do spi, mas tudo correu bem. A frota queixa-se da falta de vento, principalmente os barcos mais lá para trás e as previsões não são as melhores. E é aqui que o parasailor faz a diferença pois mesmo com pouco vento ainda consegue fazer andar o barco. E pronto com os desejos de um bom fim de semana Thor VI over and out.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 20

Está quase completo o 6º dia de viagem, tendo conseguido "aguentar" a média das 150 milhas diárias pois passámos hoje às 4 da tarde as 900 milhas. Já faltam menos de 1000 milhas e hoje, lá para as 11 da noite, devemos ultrapassar o ponto de não retorno, ou seja, já estaremos mais perto das terras de Vera Cruz que da inóspita Sta Helena. Hoje tem estado um belo dia de vela, com um vento entre os 10 e os 15 nós, o que graças ao parasailor nos dá uma boa singradura. A temperatura já dá para andar de calção e a água do mar anda pelos 25º o que dá direito a uns belos banhos ali na popa com a mangueira de água salgada. Como vêem isto aqui pelo Thor não se vive mal, vai-se sobrevivendo, e a continuar com este andamento lá para 5ª feira da próxima semana devemos "achar" Salvador, assim o parasailor aguente o serviço. Do Atlântico Sul Thor VI over and out

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 19

Ontem ao cair da tarde o vento refrescou e assim se manteve durante toda a noite, dando-nos um bom andamento que ficou em quase 150 milhas. Cerca das 03H30 um estalo, uma alanta partida e o parasailor solto. Eu já andava desconfiado desde o jantar pois ouvia um barulho indiciador de alguma coisa que não ia bem com aquela alanta. Tripulação acordada, luzes acesas, o parasailor para baixo, a vela grande aberta e ... siga para bingo! Com o vento fresco que se fazia sentir e os aguaceiros (squalls) que nos rodeavam até não foi uma má opção. Hoje pela manhã reparada a alanta aí vai de novo o parasailor para cima, mas agora com 4 alantas por causa das coisas, aliás foi assim que me ensinaram a operar esta vela, mas como dá mais trabalho ... O serviço de refeições "Plano Inclinado" continua em grande, a pescaria continua a não haver pois é incompatível com o spi montado, já me viram a ter de arrear o parasailor por causa de um peixe (?). E o Thor VI continua a caminho das terras de Vera Cruz. Cuidem-se.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 18

Hoje foi um dia calmo, demasiado calmo mesmo, com o vento a cair abaixo dos 10 nós e um mar de senhoras. Com isto nem o parasailor faz milagres e o Thor baloiça calmamente ao sabor da vaga.Vamos ficar longe das quase 160 milhas que fizemos ontem mas é assim mesmo e aproveitamos para descansar. Afinal, ainda faltam mais de 1000 milhas. Thor VI over and out

Dayli Log - Esclarecimento

Para os meus amigos menos dados a estas coisas de barcos e porque me chegaram algumas preocupações devo esclarecer que: O estai real que se partiu é um cabo de aço de 19 fios com 10 mm de espessura que liga o topo do mastro à proa evitando que o mastro caia para trás e suporta também o enrolador da genoa (vela da proa). A sua ruptura implicou que a genoa ficasse inoperativa (o enrolador foi arreado e está agora deitado no convés), mas havia o risco de o mastro poder cair. Para evitar isso fixei um estai volante, ou seja que não está sempre montado, que segurou o mastro para a frente e fixei duas adriças (cabos que vêm do topo do mastro) a reforçar a posição do mastro. Como a mareação que estamos a fazer é com ventos a "empurrar", as forças que se fazem sentir no mastro são para a frente, portanto no "bom" sentido. Desde ontem de manhã que temos o parasailor içado, o que dá um bom andamento (fizemos quase 160 milhas em 24 horas), o barco está bem equilibrado e agora é só andar para a frente. Quanto à razão para um cabo de aço de 10 mm se ter partido numa fase em que não estava em esforço é um assunto a tratar mais tarde quando for possível analisar todos os componentes. Por agora está tudo bem e a progredir porque o Brasil é já ali. Cuidem-se

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 17

Nas 72 horas de viagem, cumpridas hoje às 16H05 UTC/Lisboa, fizemos cerca de 460 milhas, à volta de 1/4 da distância desta 2ª tirada, o que dá uma média diária ligeiramente superior ao planeado. Isto vai bem mas espero melhorar pois desde as 10H30 de hoje que o parasailor foi lá para cima, o andamento aumentou e temos tido um dia de vela e peras. Como as previsões apontam para uns alísios estabilizados entre os 10/17 nós nos próximos dias, isto promete. As rotinas instalaram-se, o barco está bom e bem equilibrado sem qualquer problema e nós, com estes andamentos, estamos bem satisfeitos e cheios de moral. Daqui a pouco estamos lá. Cuidem-se.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 16

Hoje Domingo foi um dia calmo, sem as emoções fortes de ontem. Nada se partiu, nem avariou e ninguém se aleijou ou seja foi um dia em grande e ainda fizemos cerca de 150 milhas nas últimas 24 horas. Estamos a navegar com a vela grande toda aberta, com ventos na casa dos 15/20 nós e o mar muito trapalhão, o que nos dá 6.5/7 nós de SOG (velocidade verdadeira). As previsões apontam para uma redução da velocidade do vento amanhã lá para a noite e aí temos o parasailor prontinho ali à proa para manter este andamento porque o Thor mesmo um bocadinho coxo não se dá por vencido e quer chegar a Salvador em cima deles (?!). Hoje baixámos o enrolador da genoa que estava pendurado no mastro aos solavancos, foi arrumado no convés (e um bocadinho fora do barco porque é grande que se farta) e bem seguro, assim como reforçámos a fixação do mastro porque já chega de emoções fortes. Agora temos o deck da proa mais limpo (havia cabos por todo o lado) podendo trabalhar melhor e com mais segurança quando for necessário içar o parasailor. E pronto do Atlântico Sul a caminho de Salvador Thor VI over and out.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 15

Eram 17h19m30s UTC/Lisboa quando o Thor VI cruzou a longitude de 008º 39´, isto é, cruzou a longitude de Lagos que tinha sido cruzada em 03Nov09. Assim sendo, o Thor VI concluiu uma viagem de circumnavegação em cerca de 445 dias, talvez menos umas horas. Seria um facto para comemorar e estava devidamente previsto, mas cerca de 2 horas antes, estávamos a acabar de almoçar, ouviu-se um estampido e vi o enrolador da genoa folgado. O estai real tinha partido e o enrolador estava solto, só preso pela adriça. Enrolámos a vela, montei o estai largável para segurar o mastro, fixei mais umas adriças do topo do mastro, abrimos a vela do mastro e siga para Salvador, agora mais devagar, mas pelo menos em segurança. O vento anda nos 20 nós e o mar bastante desencontrado. Entretanto contactei o Jorge Rainha que me descansou sobre o que havia a fazer (quem tem amigos destes tem tudo. Obrigado Jorge) e agora há que ter paciência e esperar que encontre uma solução no Brasil. Depois disto e com o Thor a coxear íamos comemorar o quê? Mas também não deixa de ser giro ter completado uma volta ao globo que será comemorada a seu tempo e adequadamente. Assim não me falte o engenho e a arte. Devagar, devagarinho a caminho do Brasil Thor VI over and out.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 14

Eram 16:05 quando a bóia vermelha que nos segurava foi largada e o Thor VI tomou rumo a Salvador deixando para trás a ilha de Sta Helena, um dos locais mais agrestes, em termos de paisagem, que visitámos nesta viagem. Ontem à noite houve um BBQ numa "espécie" de yacht club que foi bem agradável pela simpatia dos locais. Foi uma despedida bem gira. Hoje de manhã reabastecemos de combustível e água, fizemos as últimas compras (algumas bananas, maçãs, pão e pouco mais), mais umas verificações de rotina no barco e aí vamos nós com destino ao Brasil, de encantos mil, dizem. Mas até lá ainda temos 1900 milhas, provavelmente com ventos fracos, mas bom tempo e que irá aquecendo progressivamente. Novamente a navegar do Atlântico Sul Thor VI over and out.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 13

Ontem, imediatamente depois do envio da mensagem anterior, subi ao poço para apanhar ar antes de me ir deitar e dei por mim a ter uma visão diferente da ilha, mais interessante e preocupante, sem barcos ao pé, eu que estava no meio deles com o Tsigané e o Ariane bem perto. POIS!! O Thor VI estava à deriva, já 1 milha fora do ancoradouro e a caminho de Salvador e, mais interessante ainda, levando consigo uma enorme bóia vermelha. Em resumo, a amarra que prendia a bóia partiu-se e o barco foi levado pela corrente e pelo vento para fora da baía, por aí fora sem tocar em nada nem em ninguém. E esta hem!!! E eu que estava descansado por não ter de usar o ferro. Depois libertámos a bóia (que deve ir a caminho de Salvador) e fomos procurar outra bóia ainda livre, amarrámos, liguei os alarmes de fundeio e fiquei à espera a ver o que acontecia.Não aconteceu nada, mas na verdade não passei uma noite muito descansado, sempre à espera de ouvir os tais "bips". É mais uma "estórinha" desta longa aventura. Agora as boas notícias: as compras estão feitas, afinal havia mais produtos do que esperávamos, o dessalinizador recomeçou a funcionar e nós estamos quase prontos para partir, embora as previsões continuem a indicar ventos muito fracos e nenhuma animação. Ou me engano muito ou vamos bater o record de utilização do parasailor - que está nas cerca de 100 horas, sem avarias - para desespero de alguns companheiros. Nós vamos dando notícias. Cuidem-se.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 12

O dia amanheceu nubloso e com alguns pingos (grossos) de chuva. Mas a meio da manhã a ilha de Sta Helena surgiu no horizonte encarapuçada por um monte de nuvens. Estávamos a cerca de 25 milhas com pouco vento e o tempo a clarear. Eram 15:02 hora local (e de Lisboa) quando o Thor VI cruzou a linha de chegada em Sta Helena dirigindo-se de seguida para uma zona de bóias frente a Jameson capital de Sta Helena. Uma melhoria significativa em relação ao ultimo ARC, pois agora existem 20 poitas não sendo necessário fundear. Pelo menos para nós foi uma agradável surpresa e um descanso, pois o guincho do ferro ainda é o mesmo! Sta Helena é uma ilha vulcânica com 9 milhas de comprimento e 5 de largura, com densas florestas no interior e costas escarpadas e muito agrestes. Situa-se numa zona tropical mas tem um clima temperado face aos alísios e correntes frias que a circundam. Foram estes ventos que ainda hoje aqui trazem tantos navegadores que um português, o Almirante João da Nova em 21 de Maio de 1502 achou esta ilha e que lhe deu o nome por nessa data ser o aniversário de Sta Helena mãe do Imperador Constantino. Se até aí a ilha não era habitada, as boas condições climatéricas, a abundância de água e árvores de fruto e fundamentalmente os ventos favoráveis tornaram-na num local preferencial de passagem. Em 1659 foi aqui estabelecida uma colónia inglesa pelo Cap. John Dutton com o beneplácito de Oliver Cromwell passando a ser desde então uma colónia britânica, famosa por ter sido aqui que Napoleão acabou os seus dias mas também como prisão politica do Império Britânico tendo por aqui passado africanos Zulus e Boers. Hoje Sta Helena terá cerca de 5000 habitantes, não tem aeroporto, nem porto, não tem rede de telemóveis, não tem ATM´s e não tem quase nada de coisa nenhuma. Foi com esta sensação que ficámos numa pequena incursão que fizemos - de repente andámos 50 anos para trás - confirmando também que os preços são em libras e bastante altos. Jantámos num restaurante (ou parecido) e regressámos ao barco - o ferry boat, ou seja um pequeno outboard, que faz o transporte para o barco custa 1,5 libras/pessoa - tendo entretanto apalavrado o reabastecimento de combustível e água para 6ª feira de manhã, com preços de "ouro". E se tudo correr bem 6ª feira no início da tarde partimos rumo a Salvador e Sta Helena fica no curriculum como mais um local fantástico" por onde passei. De Sta Helena Thor VI over and out.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 11

Foi uma noite e peras: com o vento cada vez mais fraco, o parasailor começou a não voar, depois um pequeno aguaceiro provocou umas brisas malucas e o parasailor enrolou-se na genoa. Após algumas manobras lá o conseguimos soltar, mas o aguaceiro seguinte enrolou-o na antena do radar de onde foi mais difícil retirá-lo. Depois disto tudo, e sem danos no parasailor, desisti e baixei-o. Eram 3 da manhã, estávamos rodeados de aguaceiros, mas lá no alto pairava uma enorme lua que nos ajudou bastante nestas azafamas. De manhã voltámos a subir o parasailor e até meio da tarde ajudou-nos um pouco, mas o vento é muito fraco. Feitas as contas fizemos cerca de 130 milhas em 24 horas, uma miséria, mas isto de tentar fazer andar um barco à vela sem vento, é obra. No momento em que vos escrevo faltam 140 milhas para Sta Helena onde devemos fundear amanhã pelas 15:30 locais (as mesmas em Lisboa). Entretanto e como retirámos a vela colorida da proa metemos a "pesca " na água, mas até agora nada. Como vêm actividade não nos falta. O tempo está magnifico, mas sem vento!!!!! Cuidem-se

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 10

Devagar se vai ao longe, é um dito popular que se aplica perfeitamente ao Thor VI em mais um dia de viagem, o nono. Mas é uma pasmaceira digo-vos eu, pois nas ultimas 24 horas fizemos cerca de 145 milhas e isto pelos bons serviços do parasailor que levou 50 horas "non stop" içado no topo do mastro. Depois, hoje a meio da manhã, e aproveitando um buraco de vento em que caímos, resolvi arrear a vela e verificar todos os cabos e o estado geral do parasailor. Até anteontem só haviam 2 barcos com parasailor´s inteiros e ontem o Lady Ev VI, que era o outro, rebentou uma adriça e a vela foi parar dentro de água com, parece, alguns estragos significativos. Na ultima noite o Eowyn também partiu uma adriça e o assimétrico caiu à água, logo eu não estava descansado enquanto não verificasse tudo na minha arma secreta. Afinal estava, está, tudo "nos conformes" e se alguma coisa se partir é porque "sheet happen". Faltam pouco mais de 250 milhas pelo que devemos chegar a Sta. Helena na 4ª feira a meio do dia. Os nossos planos são reabastecer de combustível e, principalmente água. O dessalinizador está inoperante pois dá indicação de água não potável, devendo ter as membranas sujas e o sistema de auto-limpeza já não as consegue limpar convenientemente. Tentaremos também alguns frescos e fruta mas parece que as possibilidades da ilha são mínimas. Feito isto tudo mais algum turismo e descanso suficiente voltaremos ao mar porque Salvador é já, quase, ali. Beijinhos e abraços.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 09

Lembram-se de uma cantiga antiga julgo que brasileira, que dizia "o que é que você vai fazer no Domingo à tarde?". Pois eu digo-vos que passei o Domingo à tarde calmamente sentado contemplando este Atlântico Sul banhado de um sol magnífico que lhe confere uma cor única. O vento está para o fraco e só o magnifico "parasailor" faz andar o barco e sem interrupções desde as 08:00 horas de ontem, ou seja está lá em cima há mais de 32 horas e vai ficar. As previsões são de ventos fracos na casa dos 10/12 nós e com estas forças só o parasailor puxa o Thor entre os 6/7 nós o que é bastante bom para as condições. Nas ultimas 24 horas fizemos cerca de 140 milhas, o que não é fantástico, mas ganhámos em tempo real ou corrigido a quase toda a frota. O Eowyn estará a mais de 30 milhas para desespero do Graham, o Tsigané esta manhã chegou-se ao pé de nós, vinha a motor, depois só com velas atrasou-se e desapareceu. Mas a tarde de Domingo teve outro acontecimento de realce, no meio desta pasmaceira toda, que foi o Thor VI ter cruzado o meridiano de Greenwich ou seja a longitude 0º pelas 11:48 horas UTC/Lisboa (13:48 hora do barco) passando para longitudes W (obrigado Zé Dias pela chamada de atenção, mas isto de estar a fazer uma coisa e a pensar noutra, dá asneira). O serviço de refeições "Plano Inclinado" continua excelente, o Tozé já não é uma esperança, é definitivamente uma certeza e a sua adaptação ao barco e ao mar está a fazer-se com toda a normalidade. Cuidem-se que nós também. Thor VI over and out.

AVO 01 - As primeiras 1000 milhas

O prometido é devido. O António Vasques Osório (AVO) tem aqui a sua primeira participação neste blog, enquadrada nas primeiras mil milhas a bordo do Thor. É meu privilégio poder contar com estas participações que, estou seguro, enriquecem as narrativas desta viagem. Espero que gostem. Diz ele:

"E enfim, o Thor VI voltou ao Atlântico. E com ele voltei eu. Primeiro, o encontro em Cape Town com o skipper, o Rui Évora Soares, companheiro e camarada de há longa data e de outras andanças, que de imediato me foi apresentando a outras tripulações e me inteirou dos preparativos em curso, envolvendo o aprontamento do Thor para a próxima tirada. A saída para Hout Bay em dia calmo e limpo, em que tive a ocasião de rever a maravilhosa paisagem da Table Mountain e dos Doze Apóstolos, curiosa sequência de montes que acompanham o litoral entre Cape Town e Hout Bay. Recordei a minha anterior passagem no WARC de 97 antes da Expo98 a bordo do Atlantis II do Luis Rangel. Em Hout Bay começou a azáfama da partida - reabastecer, ida ao supermercado local, formalidades legais e pronto, aí vamos nós. Para mim, afastado destas lides há já bastante tempo, a primeira fase destas já ultrapassadas mil milhas do Thor não foi muito fácil, pois implicou o conhecimento do barco e sobretudo da sua arrumação. O Rui dotou a nave com excelente equipamento e as manobras e actividades correntes estão sendo afinadas. Os primeiros dias, aproveitando a corrente fria de Benguela e com ventos e mar de feição, deram boas singraduras e agora, com aragens mais bonançosas, lá vamos com o "parasailor" em cima, que teve ontem a sua primeira saída nocturna. Uma beleza. Dois pontos merecem uma menção. A primeira, o forte empenho do Rui neste projecto e, porque não, aventura, em que tenho apreciado a forma detalhada como efectua todas as operações e o seu perfeito entrosamento com todos os outros participantes, dos quais merece reconhecimento e respeito. A outra, refere-se ao restaurante Plano Inclinado, se bem me entendem. No que se refere à culinária, sempre fui mais de consumir do que de confeccionar. Mas agora, "inclinado", estou a tentar fazer o meu melhor para manter a qualidade, pois que isto de andar no mar, exige estômago bem aconchegado. E pronto, lá vamos a caminho de Sta Helena,no Atlântico azul-cobalto (igual ao dos Açores), ver como é que os "bifes" deram cabo do "Corso". Depois conto. Se cuidem. Abração para todo o mundo. Tozé

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 08

Uma semana de mar completou-se hoje às 12:00 locais com mais de 1100 milhas percorridas - foram as primeiras mil milhas do Tózé a bordo do Thor que ele analisará, um dia destes aqui no blog. O dia amanheceu muito nublado em continuação de uma noite calma com muito pouco vento e que nos deu 135 milhas em 24 horas. Foi muito fraco, mas sem vento isto não anda. Face a este desempenho resolvemos subir o parasailor, logo nos primeiros alvores da madrugada, as coisas não correram muito bem - esta tripulação ainda necessita de treino - mas tudo se resolveu sem problemas de maior e aí começámos a andar, Inicialmente muito bem mas depois com a diminuição do vento passámos a andar quase nos mínimos (5/6 nós) e assim nos temos mantido. Já quase toda a gente navega a motor mas nós, teimosos, ainda vamos à vela e, provavelmente vai ser assim a noite toda se houver um mínimo de vento. Mas não é má opção até porque vamos aqui calmamente a apreciar este Atlântico banhado por um sol envergonhado mas que lhe dá um azul cobalto único, com muitos peixes voadores que já não víamos há tanto tempo. Como já se aperceberam aqui pelo barco impera a calma, a alimentação continua a ser a adequada - para quem se surpreende recordo um dito popular que diz que a necessidade aguça o engenho, ora o Tózé e eu somos exemplos acabados disso mesmo, não somos nenhuns "chef", mas temos de comer. A temperatura tem vindo a subir a pouco e pouco e devemos chegar a Sta Helena lá para 4ª feira. Mas antes ainda atravessaremos - faltam 82 milhas - o meridiano de Greenwich, de longitude zero regressando às longitudes W. Mais um sinal que estamos a regressar a casa. Mas até lá beijinhos e abraços e tenham um bom fim de semana.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 07

Hoje foi dia de São Parasailor. Desde o início do dia que o vento foi caindo e com mareações de popa meio da manhã o barco já quase não andava. Foi para estas situações que eles inventaram o parasailor e portanto lá foi ele fazer o seu dever e, apesar de um novo membro na tripulação as coisas não correram mal de todo, pois subimos e descemos a vela sem problemas e passámos o dia todo a andar bemzinho. Entretanto o Eowyn apareceu - ele nunca desapareceu porque eu soube sempre por onde ele andava e ele por sua vez também - mas como desistiu rapidamente de me apanhar (baixou o assimétrico e ficou lá para trás) nós decidimos, ao pôr do sol, recolher o armamento até amanhã de manhã pois as previsões não são famosas quanto a vento para os próximos dias. Mas também já só faltam pouco mais de 600 milhas para Sta Helena e amanhã completar-se-á uma semana que andamos no mar. Eu bem me parecia que isto era ano novo, vida velha! Cuidem-se

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 06

Hoje 5ª feira 13 Jan 11 ultrapassámos o meio deste troço, pelo que já estamos mais perto de Sta Helena que de Hout Bay. A pouco e pouco nós chegamos lá! Está nos finalmentes mais um dia sem grandes histórias, amanheceu muito nublado, mas depois foi clareando e está um belo fim de tarde, com menos vento do que desejaríamos - ontem fizemos cerca de 170 milhas - mas em compensação o barco está mais confortável e a temperatura mais amena. Continuamos a comer bem e para aqueles que se preocupam com a nossa estética devo dizer que estou mais magro e que nós damos mais valor à qualidade que à quantidade até porque a nossa despensa é limitada e se nos alarvamos daqui a pouco só há dieta.E se esta tirada é grande!. Quanto à pesca - a Srª armadora tem-me actualizado sobre os comentários ao blog que os meus amigos fazem o favor de acompanhar - o mar tem estado muito trapalhão não sendo seguro, de todo, trabalhar fora do poço pelo que aguardamos melhores dias, mas eles não perdem pela demora. E pronto meus amigos do Atlântico Sul Thor VI over and out.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 05

Cerca de 4 dias e 1/2 passados e temos cerca de 700 milhas feitas - nas últimas 24 horas voltámos a fazer mais de 160 milhas - faltando portanto cerca de 1000 milhas para Sta Helena onde, se se mantiver este andamento, deveremos chegar na próxima 3ª feira ao fim do dia (10 dias e mais uns picos). O tempo tem estado nublado todo o dia, muito cinzento e com ventos na casa dos 20 nós. Com o barco continua tudo bem e sem novidades e nós estamos bem alimentados, razoavelmente dormidos e descansados. As rotinas estão instalados e afinal estamos quase em Sta Helena. Thor VI over and out

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 04

E nós por cá continuamos Atlântico Sul acima, depois de uma noite bem mexida pelo estado trapalhão do mar. Fizemos 163 milhas nas ultimas 24 horas, tudo está bem com o barco e o meu parceiro - amigo e companheiro de longa data e doutras "guerras" - continua na sua marinização, sim porque um ser humano normal não foi feito para andar nestas "cavalarias". Tem sido um sucesso na cozinha, tendo-se "abrilhantado" hoje com umas ervilhas com ovos escalfados! Isto está a correr bem. O tempo está bom, com solinho (sim, porque é fraquinho) um vento entre os 15 e os 20 nós e uma lua a crescer, o que torna a noite mais agradável mas fria. E pronto do Thor VI é tudo. Cuidem-se.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

DayLi Log - Atl S 03

Mais um dia de viagem, o terceiro, com alguma calma e sem novidades de maior. O tempo está bom com uma temperatura agradável mas refresca bastante para a noite. O vento tem vindo a aumentar progressivamente, já está de Sul e as previsões apontam para uns ventos mais fortes nos próximos três dias o que nos irá dar um melhor andamento, apesar de estarmos a andar bastante bem. O mar está de SW, não coincidente com o vento, o que nos dá uma ondulação na alheta que torna o barco bastante desconfortável. Se a velocidade aumentar este baloiço bombordo/estibordo diminuirá e esta plataforma fica mais confortável. Esta vida de marujo é muito difícil ! E pronto por hoje é tudo. Beijinhos e abraços do Atlântico Sul.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 02

Nas primeiras 24 horas fizemos cerca de 160 milhas, resultado de um bom vento e de uma pequena ajuda da corrente de Benguela. Ainda temos vento de SW, o que significa que ainda não estamos com os alízios (trade winds) que são de SE e que nos hão-de levar a Sta Helena e a Salvador. Depois de uma noite nublada e que ainda deu uns pingos o tempo melhorou e esteve um belo dia de sol, não muito quente é certo mas bem agradável . Os nossos parceiros do Eowyn estão aqui a 200 metros na popa, depois de os termos alcançado durante a noite, acabámos por ficar juntos. Não sei quem anda a marcar quem, mas esta situação agrada-me. Ou seja e em resumo, isto está a correr bem com as rotinas a instalarem-se a pouco e pouco e com o barco a andar bem - a afinação do aparelho e a genoa nova estão a mostrar serviço - o Brasil está já ali. Cuidem-se que nós também.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Dayli Log - Atl S 01

Eram 12 horas locais quando foi dada a partida para o troço Hout Bay/Sta Helena/Salvador. A nossa saída não foi fantástica, um novo parceiro, uma nova genoa - que tem um excelente aspecto mas um comportamento diferente - e uma partida muito técnica dentro de uma baía com vento na proa obrigando a bordos sucessivos fez-nos perder algum tempo mas nada de preocupante quando temos pela frente uma maratona de 3600 milhas. Já em mar aberto caímos num tremendo banco de nevoeiro que para além de não se nada, a temperatura baixou bruscamente e ficou tudo molhado e até os óculos se embaciavam. Assim como é que me hei-de livrar desta minha constipação? Mas depois as coisas normalizaram e com a ajuda de um vento de través na casa dos 15 nós e da corrente de Benguela já fizemos mais de 65 milhas em pouco mais de 10 horas, estando ainda numa fase de readaptação e procurando rotinas que hão-de aparecer um dia destes. Entretanto o Tózé fez, para o jantar, umas perninhas de frango estufadas com arroz que estavam um espectáculo. Do Atlântico Sul a caminho de Sta. Helena Thor VI over and out.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dayli Log - RSA Final

Chegámos a Hout Bay de acordo com o que tinhamos planeado (06 Jan.) mas foi  preciso andar a "correr atrás deles" senão o barco não ficava pronto. E tivemos de sair de Cape Town um pouco à socapa pois os papeis que nos queriam exigir eram demais para a nossa paciência e nós só vínhamos para Hout Bay onde as autoridades estavam preparadas para nos darem as "clearances" necessárias para sairmos do país. E assim foi (e correu bem), apesar de aqui termos sido (toda a frota) confrontados com uma inspecção ao barco. À saída! Isto é uma verdadeira palhaçada, que nem eles sabem para que serve. Mas pronto, albardou-se o burro à vontade do dono, o barco está reabastecido quase até ao tecto pois espera-nos a maior estadia no mar desde que esta "brincadeira" começou. Vão ser 1700 milhas até Sta Helena e mais 1900 até Salvador com um "stop and go" em Sta Helena que não pode ser superior a 72 horas (ao contrário do que eu tinha percebido, que seriam 72 horas mandatórias). Assim vamos levar entre 24 a 26 dias para chegar a Salvador, o que é uma grande tirada por isso reabastecemos de tudo, quase até ao tecto. As previsões de tempo apresentam-se boas e com bom vento, provavelmente, para muito parasailor. A partida é amanhã Sábado, 08 Jan. 2011e nós estamos prontos (e eu com uma valente constipação resultante das mudanças brusca de temperatura e de algum descuido com o sol) mas não há nada que nos pare. Estamos há muito tempo sem navegar e está na hora de ir embora. Beijinhos e abraços. Cuidem-se (tá bem Miguel?)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dayli Log - Ano Novo ...

... vida velha. Pois é acabaram-se as festas e já estou de regresso à África do Sul à cidade do Cabo, depois de uma viagem normal ou seja sem grandes alterações apesar dos atrasos mas como todos os voos se atrasaram, acabei por apanhar os voos necessários. A mesma sorte não teve o meu novo parceiro o Tózé Osório, que com o atraso do voo Lisboa/Londres acabou por perder a ligação para Cape Town e teve de ficar mais um dia em Londres tendo chegado a 04.Jan. Má sorte. Eu cheguei com as "baterias carregadas" apesar de não ter sido fácil deixar as minhas pessoas. Tenho que agradecer a todos os que me quiseram "mimar" em especial os tertulianos - e o Ruy Ribeiro em particular - que tiveram a gentileza de adiar o jantar mensal para que eu pudesse estar presente e assim estar um bocadinho com tantos amigos. São estas coisas que me dão ânimo para prosseguir. A todos os meus agradecimentos. Entretanto por aqui as coisas não correram tão bem como eu desejaria. O barco não sofreu nada com as fortes ventanias que se fizeram sentir, apesar de um dos cabos de amarração se ter partido, mas há uma série de trabalhos que já deviam estar feitos e afinal só foram feitos agora, o que nos vai obrigar a ir para Hout Bay só a 06Jan. Também aqui pela África do Sul esta época é de férias e de Verão e portanto desde o início da semana do Natal que ninguém faz nada. Hout Bay é uma marina a cerca de 15 milhas a SW daqui e é onde está instalado o WARC. Há 2 anos foi aqui no Royal Cape Yacht Club, mas desta vez não chegaram a acordo quanto a apoios e/ou contrapartidas e a base de apoio mudou-se para Hout Bay. O Royal Cape Yacht Club e a Heineken patrocinam fortemente a regata Cape Town/Rio de Janeiro - há dois anos esta regata era daqui para Salvador e a frota do ARC participou - e dar-nos-iam todos os apoios se nós fossemos para o Rio. Como isso não aconteceu, o WARC teve de procurar outra base de apoio e foi para Hout Bay que tem uma marina pequena mas agradável mas onde o problema dos ventos é muito grave e perigoso - a semana passada teve uma rajada de 90 nós e ventos de 58/60 nós em permanência - e onde é impensável deixar o barco sem assistência.  Assim vamos para Hout Bay amanhã 06Jan porque há o briefing aos "skippers" à tarde, o despacho da alfandega na Sexta Feira e a partida no Sábado às 12:00 locais (menos 2 em Lisboa). Que me perdoem a falta de notícias mas por aqui a net ainda é uma coisa quase do outro mundo.
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